A amplitude do território virtual torna os caminhos para o internauta encontrar sites e blogs do seu interesse – bem como de perfis e comunidades que discutam, em redes sociais, assuntos pelos quais ele procura – igualmente amplos. O mais básico desses caminhos, a consulta rápida em sites de busca, aparentemente demanda esforço irrisório. Basta uma palavra ou uma expressão na caixa de texto e, em segundos, o usuário já tem à disposição uma enorme lista de referências.

Os assíduos da rede, entretanto, sabem que não é bem assim. Montar uma lista de sites, blogs ou comunidades à qual valha a pena ser fiel é tarefa que exige tempo e atenção. Se a procura for por um tema específico, o desafio se torna mais difícil, pois as opções já diminuem drasticamente. E, quando a busca por esses temas específicos se concentra em sites ou blogs pessoais, aqueles sem qualquer ligação com empresas ou instituições, uma parcela reduzida dos autores demonstra fôlego e disciplina para manter o seu ambiente virtual atualizado. Tendo à frente esses desafios, o portal do Instituto Claro pesquisou por alguns dias. Os alvos foram os blogs de professores que discutem a tecnologia atrelada aos processos de aprendizagem.

Siga os autores dos blogs selecionados no Twitter

A seguir, estão indicações daqueles que melhor cumpriram pré-requisitos como: apresentação de conteúdos interessantes e abordados de forma inédita; textos que refletem uma postura crítica do autor, mas que, ao mesmo tempo, não excedem o limite do opinativo; uso de ferramentas como vídeos, podcasts, além de boas imagens ou ilustrações; lista de links que permite aos visitantes conhecer outros blogs interessantes sobre a mesma temática; rica nuvem de tags; atualização frequente. Muitos blogs ficaram de fora desta reportagem por, às vezes, deixarem a educação em segundo plano e avançarem para a área da política ou para o plano pessoal. Ou ainda por pecarem em detalhes que fazem toda a diferença, como, por exemplo, não expor a data das postagens, tornando, assim, impossível a avaliação da frequência das atualizações. Também não são citados os endereços demasiadamente “poluídos”, nos quais o excesso de elementos em um mesmo post – como vídeo, texto, foto e animação – termina comprometendo o visual e a leitura da página

Para alunos, estudantes e interessados pelo uso da tecnologia na educação
É mérito de poucos conseguir ter um blog que atinja públicos diversos, como faz o Informática Educacional e Meio Ambiente, produzido pela educadora Miriam Salles. A professora de ciências biológicas especializada em Educação a distância mantém um excelente espaço na web. Antenada, trata assuntos atuais e, quando leva ao site temas que já parecem ultrapassados de tão desgastados pela mídia, prima pela abordagem. Foi o que fez com a discussão sobre o possível uso dos recursos de Educação a distância no período de surto da Gripe Suína. O blog é abrangente e capaz de atingir diferentes públicos pois, além de oferecer textos críticos, análises e reflexões, sugere ferramentas divertidas e uma lista de tags onde se encontra de tudo um pouco (ou muito, dependendo do tema). Se você se gosta da ideia, por exemplo, de utilizar histórias em quadrinhos nas aulas, encontrará por lá diversas historinhas e, ainda, ferramentas para construir a sua própria HQ.

Num formato mais enxuto, mas não menos caprichado, o blog Educação, Tecnologia e Algo Mais, um dos quatro que a professora Gládis Leal dos Santos mantém, também investe nas postagens multimídias e traz, com frequência, vídeos para complementar as informações textuais. Formada em Letras, com especialização em Língua Portuguesa, a educadora, que atualmente estuda o uso de mídias em Educação e ministra oficinas práticas nessa área, faz questão de compartilhar a dinâmica e a metodologia utilizadas junto aos seus alunos. Professora da rede pública de Joinville (SC), ela também relata as experiências que faz no ensino fundamental com algumas ferramentas disponíveis na web. Para conferir um dos textos interessantes nessa linha, leia o post Escrita Colaborativa. As indicações de leitura são outros conteúdos que vale muito a pena conferir. Com um tamanho adequado para blogs, as indicações, assim como todas as outras postagens, fornecem informação útil a quem navega pela página.

Agora, se você estiver procurando por informações úteis sobre aprendizagem atrelada à tecnologia não apenas em português, mas também em inglês e espanhol, um espaço com imenso potencial de corresponder às expectativas é o blog do Rafael Parente – #Educação #Arte #Tecnologia #Games #Minhavida. Mestre em Gestão da Educação e doutorando em Educação Internacional e Desenvolvimento pela New York University (NYU), Parente sempre posta textos em português, mas tem o costume de adicionar diversos outros links de textos (ou vídeos) em inglês e/ou em espanhol sobre o assunto abordado. Essa prática é excelente porque, além de facilitar ao visitante o acesso a um conteúdo de qualidade já selecionado, traz um panorama de como parte do mundo está discutindo as questões educacionais relevantes. o blog não é daqueles atualizados diariamente, mas semanalmente é possível encontrar novidades. Presença constante em eventos e congressos de educação, o autor não economiza nas dicas, principalmente sobre ferramentas disponíveis na web.

Diferente dos blogs citados acima, o História Digital, como próprio nome já sugere, volta-se para uma disciplina específica. Mas, para os professores que já se livraram, ao menos um pouco, das amarras do currículo escolar tradicional, a visita vale a pena independentemente de qual seja “sua disciplina”. Isso porque no blog o professor Michel Goulart, também arqueólogo, oferece dicas diversas como, por exemplo, sobre o Enem. Sem falar que os vídeos, alguns com historiadores consagrados, como Bóris Fausto, podem ser interessantes para a formação de qualquer pessoa. Para estudantes, o blog é uma fonte de games, podcasts, vídeos, mapas. Tudo isso é apresentado ao visitante com uma linguagem despojada, livre de formalidades. Entre os downloads possíveis mais interessantes estão os resumos e podcasts que contêm alguns dos principais pontos de discussão das aulas do professor. Podem também ser acessados na própria página, em slide ou áudio.

Uma licença para o boteco
Como foi destacado no início da reportagem, blogs que sobrevoam outros territórios e perdem o foco da educação ficaram de fora desta seleção, que se propõe a ser um mini-guia para professores, alunos e para os entusiasmados pelo uso de recursos tecnológicos nos ambientes de ensino e aprendizagem. Mas o Boteco Escola – Ensaios sobre Uso de Blogs em Educação tem um formato diferente, abrangente, que trata de vários assuntos relacionados à educação com tecnologia, e, por vezes, vai até o mundo dos botecos. Isso mesmo. Dos botecos.

O autor, Jarbas Novelino Barato, é mestre em Tecnologia Educacional pela San Diego State University e doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. As menções ao tema “boteco” são feitas de forma interessante, como, por exemplo, explicando a sua etimologia. “Ele vem do grego apotheke, substantivo que designava os armazéns do porto de Atenas nos tempos da Grécia Clássica. A palavra deu origem a botica, boticário, botequim, butiquim, boteco, enfim. Essa é uma dimensão cultural de boteco. A palavra, ao contrário do que se pode pensar, tem certa origem nobre”, escreveu no blog.

Entretanto, muito mais interessantes para os educadores do que as botequices são as análises aprofundadas que o professor realiza, as traduções que faz de entrevistas publicadas em revistas do exterior com especialistas da área de educação e os relatos de experiências vividas ao longo de sua formação. No post “Dê a chave do laboratório para os professores”, o professor faz uma reflexão sobre a postura de educadores pró-ativos em relação à tecnologia a partir de uma dessas suas experiências.

Não espere encontrar no Boteco Escola vídeos, recursos, tampouco fóruns de discussão, mas as referências feitas no blog, tanto nos posts quanto nas listas fixas que podem ser encontradas ao lado direito da página, são excelentes. Reserve uns minutos, pois as questões levantadas (e bem fundamentadas) são muitas vezes inquietantes e suscitam reflexões.

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

Confira 7 filmes para debater bullying na escola

Produções ajudam a identificar a prática e conscientizam sobre preconceitos que a motivam

Como usar fanfics em sala de aula?

Produção literária colaborativa de fãs estimula leitura e escrita entre jovens

Como utilizar a culinária afrodiaspórica no ensino de química?

Pratos como feijoada, acarajé e moqueca ajudam a abordar diferentes conteúdos da disciplina

Receba NossasNovidades

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.