Atividades lúdicas ajudam a ensinar alunos de diferentes etapas sobre consumo consciente, conceito que se relaciona com temas transversais do currículo, como educação ambiental e educação financeira.
“Consumo consciente é consumir levando em consideração os impactos socioambientais provocados por tal fato. O consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade do planeta. Procura consumir menos e reutilizar ao máximo os produtos antes de jogar fora. Assim, contribui para reduzir a quantidade de recursos extraídos da natureza e de produtos a serem descartados que poluem o meio ambiente”, explica a coordenadora do Laboratório de Design e Inovação Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Labdis/UFRJ), Beany Guimarães Monteiro.
As dinâmicas ajudam os alunos a refletirem sobre o processo de adquirir e usar produtos e serviços visando reduzir os impactos negativos no meio ambiente e na sociedade. “O lúdico nos ensina a sair do problema como questão pessoal sem nos alienarmos em relação ao nosso papel no todo”, completa a docente.
Confira abaixo seis atividades lúdicas que ajudam a discutir consumo consciente com os alunos. Você confere mais informações na cartilha “Consumo – Material do Professor” desenvolvido pelo Labdis. As atividades podem ser aplicadas e adaptadas para crianças e jovens entre nove e 16 anos.
1) Conservação de patrimônio: antes e depois
O objetivo dessa atividade indicada pelo Labdis é refletir sobre como comportamentos influenciam na vida útil de locais e objetos, destacando a importância da conservação do patrimônio escolar. Escolha locais da escola, de preferência aqueles reformados. Peça para os alunos fazerem uma previsão pessimista e otimista sobre como esses locais estarão entre um e dez anos. Peça para eles fotografarem os ambientes escolhidos. Imprima as fotos e, pensando em como os locais estarão no futuro, os convide a modificar as imagens com colagens e desenhos. Ao final, cada grupo apresentará sua montagem e explicará o cenário criado. Para reflexão, faça perguntas como: os grupos concordam entre si sobre o futuro do patrimônio escolar? Os resultados foram mais positivos ou negativos e por quê? O que poderia ser feito para melhorar cenários negativos?
“É importante estimular a percepção sobre a economia de consumo e explicar a dinâmica do consumo a partir de um questionamento pessoal e coletivo, para entendermos o impacto disso no meio ambiente e a importância de consumirmos apenas o necessário para a redução da nossa pegada ecológica”, lembra Monteiro. “A partir daí, podemos relacionar consumo com a importância da conservação dos produtos para que eles durem mais e para que nós consumamos menos”, adiciona a professora.
2) Recuperando livros usados
Nessa dinâmica recomendada pelo Labdis, os alunos vão à biblioteca identificar livros que estão malconservados ou podem trazê-los de casa. Proponha que os alunos, em grupo, encapem e reformem livros antigos para ajudar a conservá-los. Para essa atividade, serão necessários plástico incolor para encapar, fita isolante e tesouras.
3) Customização de roupas
Atividade criada pelo Labdis que visa conscientizar sobre a influência da mídia no consumo e a relação do consumismo com a degradação ambiental. Inicie fazendo um debate com as crianças sobre o quanto elas gostam de se vestir e de comprar roupas e acessórios novos. Questione com que frequência elas compram itens novos. Na sequência, mostre exemplos de roupas velhas que foram modificadas ou personalizadas. Em seguida, proponha que cada aluno traga de casa uma camisa velha, e distribua tesouras, cola, tinta para tecido, stencils e outros materiais, como fitas, decalques, recortes de tecido, flores de pano etc. Os alunos podem usar os materiais para personalizar as peças antigas e depois apresentam e discutem as suas criações. As peças também podem ser fotografas e publicadas nas redes sociais.
4) Gincana de arrecadação de óleo de cozinha
Nesta proposta do Labdis, inicie problematizando os danos do óleo de cozinha para o meio ambiente e como podemos guardar o óleo que a comunidade joga fora. Ouça as ideias dos alunos, proponha que eles façam objetos para armazenamento desse óleo, ou que eles criem um espaço na cozinha para isso. Divida a classe em grupos ou proponha uma gincana entre turmas. O desafio é eles trazerem o óleo de suas casas durante determinado período de tempo. Eles também podem solicitar o óleo para parentes e amigos. O grupo que mais arrecadar ganha. Pode-se criar um “posto de coleta” permanente e realizar uma oficina de sabão feito a partir de óleo usado.
5) Influência da publicidade
Nessa atividade formulada pelo Labdis, peça que os alunos recortem anúncios de revistas e jornais e classifiquem de acordo com o público: mulheres, homens, sem gênero, crianças e jovens. Peça que os alunos discutam, em grupo, quais as características de cada produto e como pretendem convencer possíveis consumidores a comprá-los. Na sequência, solicite que eles façam uma lista de produtos em conjunto no quadro do que já eles compraram ou gostariam de comprar e classifiquem em produtos de necessidade básica e supérfluos. Perguntas: Você acha que os anúncios publicitários trazem informações importantes sobre os produtos? Você sente se deixar influenciar pela publicidade no momento de comprar? Você lembra de algum anúncio que chamou a sua atenção? Por quê? Você já comprou alguma coisa só por causa do anúncio? O que você aprendeu com a atividade?
6) Comparando o consumo de energia por região
No artigo “Explorando o consumo de energia: uma sequência didática para o ensino médio” (2024), o professor Vinícius Alves solicita que cada grupo de cinco alunos escolha duas cidades brasileiras de diferentes regiões do país para comparar o consumo médio de energia elétrica, disponível em sites governamentais ou de companhias de energia elétrica.
Cada grupo deverá criar uma tabela comparativa que inclua as seguintes informações: nome das cidades, consumo médio mensal de energia elétrica em kWh, destacando também a taxa referente à iluminação pública, e a fonte da informação. Após elaborar a tabela, cada grupo deve analisar as diferenças no consumo médio de energia elétrica entre as cidades escolhidas, identificando possíveis causas para essas variações, como clima, perfil socioeconômico da população e políticas públicas de incentivo à eficiência energética.
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Crédito da imagem: Dusan Stankovic – Getty Images