As práticas de escrita criativa ajudam a aprofundar a relação dos alunos com as palavras e estimulam a criação nos processos literários. Sua presença nas aulas – que geralmente se apoiam na construção de gêneros como contos e crônicas – também são uma oportunidade para exercitar a reflexão, o pensamento crítico e novas formas de comunicação. Confira, a seguir, sete dicas de escritores e professores para inserir a modalidade na escola.
1. Não é preciso uma ideia para escrever
Para o coordenador da Pós-Graduação em Escrita Criativa da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Rodrigo Petronio, não é a ideia que leva à escrita – mas o oposto. “Escrever é que nos revela as ideias que nos habitam. Quanto mais escrevemos, mais se torna claro o que queremos escrever e os modos de atingir esses resultados”, orienta.
2. Leia com atenção e prazer
Releia um texto ou livro que você aprecie com a caneta na mão, anotando tudo o que lhe instiga. “A quantidade e a qualidade das leituras são importantes. Procure sempre aquilo que tenha a ver com uma inquietação, um problema, uma questão pessoal. A leitura é essencial a qualquer escritor, entretanto, ler por ler não conduz a nenhum lugar”, sugere Petronio.
3. Estímulos são importantes
Para introduzir a escrita criativa em crônica no 2º do Ensino Médio, a escritora e professora do Colégio Oswald de Andrade (SP), Janaína Arruda da Silva, instigou os alunos a pensarem em um fato cotidiano. “A partir de uma ação simples – por exemplo, como escovar os dentes – uma reflexão sobre relacionamentos pode ser desencadeada. Então, o objetivo não era falar sobre a ação em si, mas sobre questionamentos a que um instante pode nos levar”, explica. Em atividades de microcontos, os alunos também foram estimulados a partir de imagens e músicas. O resultado foi a criação de uma revista eletrônica chamada Diário do Invisível.
4. Personagem como inspiração
Começar pelo personagem pode ser uma forma criativa de se iniciar um processo literário. Nesse caso, Janaína Arruda sugere aos alunos listarem características sociais e emocionais para o protagonista do conto. “Em um segundo momento, pensamos em um conflito para ele e a escrita se inicia”, assinala.
5. Cuidado com a redundância
Esse costuma ser um erro comum dos alunos ao escreverem crônicas, segundo Janaína. “O final da crônica se dá, geralmente, quando termina a reflexão. A dificuldade em terminar o texto pode fazer com que o aluno prolongue uma ideia que já se encerrou”, reforça.
6. Fuja dos clichês
Para a escritora Ivana Arruda Leite, abusar de clichês pode minar a qualidade de um conto ou crônica. “Fuja dos lugares comuns, dos chavões e das frases feitas. A originalidade é importante na construção do texto”, indica.
7. Lição de moral, não
Para Ivana, outro erro comum dos alunos é construir o texto com o intuito de passar uma “lição de moral” ou servir de autoajuda. “A crônica, por exemplo, é um relato breve, leve e feito para você comentar experiências do cotidiano. Sua visão de mundo e crenças precisam se adequar a esse formato”, complementa.