A pedagoga e mestre em Educação Jordana Stella Botelho Dalla Vecchia criou com seus alunos do 3º ano do Ensino Fundamental na cidade de Curitiba (PR) uma coleção de museu com objetos trazidos por cada um deles. Nesse processo, encontrou a oportunidade para aprofundar com os estudantes o papel do historiador e como os objetos auxiliam na observação de contextos de outros tempos. Com o projeto, pôde discutir ainda pautas do passado e do presente, como as imigrações e os regimes autoritários, a partir da ditadura militar brasileira.

“Foi rico refletir sobre o que é uma fonte, um documento histórico e quais os tipos de documentos existentes: iconográficos, escritos, oficiais, materiais e orais”, elenca. “Essas fotos, relatos, objetos e escritos nos ajudam a contar a história das pessoas, a falar das mudanças, das semelhanças e diferenças com o tempo presente”, reforça.

Em um segundo momento, os alunos trouxeram documentos históricos de suas famílias. A partir disso, diversos conteúdos foram desdobrados. “Por exemplo, passaportes levaram a uma conversa sobre imigração. O boletim escolar de uma avó mostrou aos alunos o que os professores avaliavam na década de 40 e as diferenças e semelhanças com a escola de hoje”, exemplifica Jordana.

A educadora relata ainda a situação curiosa em que uma trouxe um documento que revelava ter sido seu pai um preso político. Envergonhada, a estudante ela não queria mostrar o documento à classe. “Expliquei a ela o contexto da época, que grandes artistas passaram por uma situação semelhante e propus dar uma aula à turma sobre ditadura militar antes dela apresentar o documento”, conta a pedagoga. “Ao final, os alunos puderam perceber mais concretamente que a história é construída por todos nós e por aqueles que vieram antes de nós”, afirma.

Quem constrói a História?
A criação de um museu em sala de aula também foi o recurso escolhido pela professora de História e mestre em Arqueologia, Adriana Negreiros Campos, de Santos (SP). Quando lecionava para o 5º ano do Ensino Fundamental na rede municipal, a professora, percebeu que os alunos tinham dificuldades de entender a disciplina como uma construção humana, resultado de escolhas realizadas pelos indivíduos e suas sociedades ao longo do tempo. Contra isso, ela convidou os alunos a criarem um museu em sala de aula com objetos que contassem suas histórias.

O primeiro passo foi apresentar objetos etnográficos e arqueológicos, como machado, pente e cesta indígenas, fita de gravador, telefone, réplica de lamparina grega e cerâmica. “Os alunos exploraram os materiais a partir dos questionamentos: que objeto é esse? Quando foi construído? Por quem foi construído? Para que foi construído? Para que ele foi utilizado? Qual a sua utilidade hoje?”, relembra.

O passo seguinte foi solicitar que os alunos trouxessem objetos pessoais. “Assim, trabalhamos conceitos como: as fontes históricas, fato histórico, sujeito histórico e o uso dos diferentes documentos como fontes de informação sobre determinado contexto”, relembra.

“Objetos são fontes de conhecimento, de comunicação e portadores de narrativas sobre o passado e o presente. Carregam valores, contam histórias e podem estimular reflexões sobre o mundo em que vivemos”, justifica. “Outro aspecto importante foi apresentar o museu como um espaço de educação e não um lugar de coisas velhas”, complementa.

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