A rosa dos ventos é um símbolo presente em bússolas, mapas e aplicativos de navegação e serve para orientação espacial. Ela indica os pontos cardeais — norte (N), sul (S), leste (L) e oeste (O) — e os pontos colaterais — nordeste (NE), sudeste (SE), sudoeste (SO) e noroeste (NO).
Associar a rosa dos ventos a futsal e hip hop é uma maneira de integrar os conhecimentos da educação física com os conteúdos da geografia de forma interdisciplinar.
“No campo da geografia, a rosa dos ventos ajuda a desenvolver as noções de orientação e localização espacial em diferentes territórios. Já na educação física, associar os pontos cardeais com a movimentação corporal melhora a percepção de espaço, atenção aos comandos, tomada de decisões e a capacidade de se localizar em diferentes direções dentro de quadra”, explica a professora das duas disciplinas Giovana Fernandes da Silva Rodrigues.
1) Rosa dos ventos no futsal
Rodrigues propôs a alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental atividades em quadra que relacionavam direções geográficas com movimentos no futsal. A experiência aconteceu na Escola Estadual Professora Dóris Mendes Trindade, em Aquidauana (MS).
Antes de iniciar, ela verificou o conhecimento dos alunos sobre rosa dos ventos, pontos cardeais e colaterais e se eles conseguiam se localizar em diferentes ambientes.
“Também realizei mapeamento da quadra, indicando onde ficava o norte, para que eles pudessem se ambientar”. Na sequência, desenvolveu quatro atividades:
Ruas e avenidas
Inicia-se escolhendo dois alunos para serem pegador e fugitivo. O restante da turma se posiciona em fileiras de cinco pessoas, formando “ruas” (no sentido norte-sul) e “avenidas” (no sentido leste-oeste). Os alunos posicionados devem iniciar a atividade virados para o norte e obedecer aos comandos de direção. Por exemplo, ao ouvir “leste”, devem virar para esse ponto cardeal. Enquanto isso, o pegador tenta agarrar o fugitivo dentro desse labirinto. Quando a turma estiver adaptada à dinâmica, introduz-se a bola e inicia-se o jogo de futsal. O fugitivo, agora, deve escapar do pegador conduzindo a bola, enquanto o pegador tenta roubá-la.
Comandos individuais
Espalhe os alunos pela quadra, cada um com uma bola, e distantes entre eles. O professor dará comandos a serem executados, como:
- Conduzir a bola com o peito do pé direito até o ponto nordeste da quadra.
- Caminhar com o pé direito, pisando firmemente, até o lado sul da quadra.
- Conduzir a bola em toques curtos até o ponto oeste.
- Levar a bola até o ponto norte da quadra.
- Driblar em direção ao leste e finalizar o movimento com um chute ao gol.
- Todos devem conduzir a bola até o ponto sudoeste da quadra.
- Mudar a direção da condução para o ponto colateral mais próximo (por exemplo: do norte para o nordeste).
- Correr conduzindo a bola até o oeste, usando toques curtos com o peito do pé.
Comandos em grupo
Divida a turma em seis grupos, cada um posicionado em um ponto cardeal ou colateral da quadra e usando coletes de cores diferentes. Comece com o fundamento do passe, emitindo comandos como:
- O grupo posicionado no sudeste troca passes com o grupo do sudoeste, por exemplo.
- O grupo do noroeste troca passes com o grupo do oeste.
Depois, introduza o drible em duplas. Uma fileira de um dos grupos (por exemplo, o noroeste) fica com a bola e a outra (sudeste) sem a bola. Os alunos com a bola devem driblar enquanto os sem bola fazem a marcação individual.
Ataque contra defesa
Nesta atividade, os alunos praticam fundamentos ofensivos e defensivos por meio de situações de jogo com vantagem e desvantagem numérica. Organize seis grupos posicionados em diferentes pontos cardeais e colaterais da quadra, identificados por coletes, e posicione um goleiro no gol. O professor dá o comando e define quem ataca e quem defende. Exemplos de combinações:
- Três alunos do grupo leste atacam contra dois do grupo norte que defendem. A jogada segue até a finalização no gol ou até que um dos defensores consiga tomar a bola.
- Dois alunos do grupo norte atacam, enquanto um do grupo sudeste realiza a defesa.
2) Rosa dos ventos no hip hop
Mestra em geografia e professora da rede municipal de Manaus (AM), Juliana Alves Dias associou pontos cardeais e colaterais a três passos de hip hop nos planos vertical (relacionado à verticalidade do corpo do aluno) e horizontal (o chão da sala de aula). A experiência foi realizada com estudantes do sexto ano do ensino fundamental.
“No primeiro passo, trabalhamos apenas os pontos cardeais, como se o aluno tivesse uma rosa dos ventos no chão da sala. Ele era o centro da rosa e eu pedia que dessem um passo para a direita [leste], depois oeste, norte e sul”, relata Dias.

No segundo passo, os pontos colaterais foram adicionados. No plano horizontal, os alunos deveriam virar para a orientação e posteriormente pisar com apenas um pé, da seguinte forma: vira para noroeste e posiciona o pé direito na frente; vira para nordeste e posiciona o pé esquerdo na frente; continua voltado para nordeste e com o pé direito pisa atrás (sudoeste).
“Na sequência, eles ficam voltados para norte, e somente com o pé direito pisam no norte, depois leste e sul, volta para posição inicial e agora com o pé esquerdo pisa no norte, oeste e sul. Às vezes era necessário se inclinar para ficar de frente para determinada orientação”, compartilha a professora.
O terceiro passo incorporou o plano vertical. “No plano horizontal, o aluno deveria deslizar com um passo para a direita [leste]. No plano vertical, ele juntava as duas mãos embaixo, ao centro e na direção sul. Em seguida, mantinha as mãos unidas e as movia para o nordeste, depois para o noroeste, ainda com as mãos fechadas. Retornando ao plano central, dava um passo para o oeste. Novamente, juntava as mãos no sul, depois no nordeste, depois no noroeste, e, por fim, voltava ao ponto inicial”, descreve Dias.
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Crédito da imagem: arquivo pessoal