Conteúdos

Este plano de aula de educação física aborda os aspectos conceituais, técnicos e táticos da lógica interna do futsal, relacionando conhecimentos acerca do esporte, em base a conceitos e procedimentos específicos.

Aspectos conceituais, técnicos e táticos da lógica interna do futsal.

Objetivos

Espera-se que os e as estudantes sejam capazes de relacionar conhecimentos acerca do futsal, tendo como bases conceitos e procedimentos específicos sobre esse esporte.

Ensine também:

Basquete: origem, conceitos e regras

Atletismo: introdução à corrida e à marcha

Palavras-chave:

Esporte Escolar. Futsal. Esportes de invasão.

Previsão para aplicação:

3 aulas (30 min./aula)
Aplicação remota e/ou presencial (respeitando as medidas de segurança e o distanciamento social durante a pandemia).

Materiais necessários:

● Bolas de futsal ou de outros tipos;
● Cones ou objetos que façam uma função similar, como garrafas pet;
● Fitas ou giz para demarcação; e
● Coletes.

Sugestão de aplicação para o ensino remoto:

As sugestões a seguir estão organizadas em tópicos, com uma breve explicação de cada recurso.

● Jitsi Meet: É um sistema de código aberto e gratuito, com o objetivo de permitir a criação e implementação de soluções seguras para videoconferências via Internet, com áudio, discagem, gravação e transmissão simultânea. Possui capacidade para até 200 pessoas, não há necessidade de criar uma conta, você poderá acessar por meio do seu navegador ou fazer o download do aplicativo usando um celular .
Trabalhando com essa ferramenta, é possível:
– Compartilhar sua área de trabalho, apresentações e arquivos;
– Convidar usuários para uma videoconferência, por meio de um URL simples e personalizado;
– Editar documentos simultaneamente, usando Etherpad (editor de texto on-line de código aberto);
– Trocar mensagens, por meio do bate-papo integrado;
– Visualizar automaticamente o orador ativo ou escolher manualmente o participante que deseja ver na tela; e
– Reproduzir um vídeo do YouTube para todos os participantes.

● Gravação de videoaula usando o Power Point: O PPT, já tão utilizado por nós professores para preparamos nossas aulas, também permite a gravação de uma narração para os slides, que tanto nos auxiliam na explanação dos conteúdos. É possível habilitar a função de vídeo enquanto grava, de forma que os alunos verão o professor em uma janelinha no canto direito da apresentação. Essa ferramenta é bem simples e eficaz (veja o guia).

● Envio de Podcast aos alunos: Podcast nada mais é do que um áudio gravado (como os gravados no WhatsApp, por exemplo). Podem ser utilizados para narrar uma história, para corrigir atividades, revisar ou aprofundar os conteúdos. Para tanto, sugiro o aplicativo Anchor, que pode ser baixado em seu celular, muito simples de utilizar.

● Plataforma Google Classroom: O Classroom permite que você crie uma sala de aula virtual. Esta ação irá gerar um código que será compartilhado com os alunos, para que acessem a sala. Neste ambiente virtual, o/a professor/a poderá criar postagens de avisos, textos, slides do PPT, conteúdos, links de vídeos, roteiros de estudos, atividades etc. É uma forma bem simples e eficaz de manter a comunicação com os alunos e postar as aulas gravadas, usando os recursos anteriormente mencionados. Confira outros recursos oferecidos pela Google, como a construção de formulários (Google Forms) para serem realizados pelos alunos.

Sugerimos aulas com até 30 minutos de duração. Além disso, nem toda aula precisa gerar uma atividade avaliativa, para não sobrecarregar os alunos. As aulas virtuais também podem ser úteis para correção de exercícios e plantões de dúvidas.

Proposta de trabalho:

Serão apresentados conhecimentos e propostas atividades a respeito do futsal, tendo como foco a aprendizagem e o aprimoramento técnico/tático, assim como a relação solidária entre os/as estudantes participantes. Esperamos que este plano seja útil e colabore com a prática docente.

Para os conteúdos trazidos na etapa 1, sugiro o agendamento de uma aula on-line síncrona com os alunos, com o uso da plataforma Jitsi Meet, organizando os conteúdos em slides e compartilhando-os com os alunos por meio do recurso do compartilhamento de tela do seu computador, disponível na plataforma sugerida. Estimule a participação dos alunos pelo chat da plataforma, em uma aula expositiva dialogada. Caso a aula síncrona não seja possível, sugiro a gravação de um vídeo com a narração dos slides, utilizando o Power Point, ou até mesmo um Podcast, que pode ser compartilhado com os alunos por meio da plataforma Google Sala de Aula, assim como os slides utilizados por você durante a aula síncrona.

Para a parte prática/lúdica das etapas 2 e 3, sugiro que no ensino remoto os conteúdos sejam levados aos alunos como “estudos de caso”, favorecendo o aprendizado ativo e a reflexão. Os casos podem ser escritos em um Google Documento e compartilhados com os alunos por meio do Google Sala de Aula. É importante reservar uma aula, após o prazo dado aos alunos para a realização da tarefa, para sua correção e discussão. Os alunos podem, ainda, jogar ou desenvolver jogos on-line novos para trabalhar as competências e habilidades presentes nas atividades. Outra ideia é desafiar os alunos a realizar um dos jogos propostos com seus familiares, gravar um vídeo e compartilhar com a turma. Caso as aulas ocorram de forma presencial, é necessário respeitar as regras de distanciamento social, observar o uso adequado de máscaras e garantir a higienização dos materiais utilizados pelos alunos, bem como suas mãos.

1ª Etapa: Futebol também se aprende

O Brasil é um país que possui uma relação estreita com os jogos de bola nos pés: futebol, futsal e todas as brincadeiras que requerem esse tipo de habilidade, como rebatida, linha e controle, dentre outras que variam de nome e forma de jogar, dependendo de onde se pratica. O futsal se destaca como o esporte com o maior número de atletas federados no País. O início desse sonho de se tornar jogador de futebol começa muitas vezes bastante cedo, deixando o mercado profissional extremamente competitivo, de forma que, para formar talentos de destaque, são necessárias muitas horas e variedades de prática, exposição precoce, apoio familiar, persistência quase incansável e boas oportunidades.

Sim, diferente do que pode parecer, é muito difícil se tornar um/a jogador/a de futebol ou futsal de alto nível. Nessa aposta, frequentemente a vida de muitos meninos e meninas é completamente direcionada para obter essa conquista, que vem junto com o sonho de ascensão social e mudança de vida. Sem um plano B, muitas carreiras são encerradas precocemente e com poucas possibilidades de reinserção no mercado de trabalho com boas oportunidades de emprego, uma vez que os estudos são, por vezes, deixados de lado.
Ainda que o país seja considerado um celeiro de formação de jogadores de futebol, que exporta atletas para o mundo todo, os métodos de ensino e treinamento do futebol e futsal mais amplamente difundidos muitas vezes geram mais impedimentos do que facilitam a aprendizagem. O que se tem de mais avançado no ensino dos esportes coletivos são propostas de ensino pela compreensão tática, a fim de proporcionar maior autonomia aos/às praticantes.

Propostas de ensino dos esportes enfatizando processos incidentais, com ênfase nos jogos, em “simplesmente” jogar em constelações com número de participantes reduzido, visar o desenvolvimento de capacidades táticas e de conhecimento tático do jogo, bem como, paralelamente, objetivar a melhoria da coordenação como base para aprendizado da técnica ainda não são suficientemente aplicadas no Brasil. Essa defasagem na área do ensino-aprendizado dos esportes no país apresenta possíveis consequências negativas para a formação de jogadores de futsal. (SANTANA; RIBEIRO; FRANÇA, 2014, p. 13)

O futsal é um jogo de bola nos pés, com uma lógica interna de invasão em que, em um campo de jogo comum, ataque e defesa disputam a posse da bola com o objetivo de fazer gols e de evitar que os gols da equipe adversária aconteçam. A aprendizagem e o desenvolvimento dos conhecimentos técnico e tático dependem da interação entre todos os elementos necessários para a realização de uma partida de futsal (bola, alvo, delimitação de espaço, companheiros/as de time e adversários/as), bem como do apoio do/a professor/a, para auxiliar na percepção e aplicação desses conhecimentos (tomada de decisão), razão pela qual é essencial para a iniciação e o treinamento.
Outros elementos igualmente importantes e que estão presentes em um jogo de bola nos pés são: imprevisibilidade, aleatoriedade, reconhecimento de contextos ofensivos, defensivos e os momentos de transição entre um e outro, situações de bola parada e, especialmente, a capacidade de “leitura de jogo”, para que seja possível identificar todos essas situações, que podem acontecer simultaneamente.

A “técnica” se incorpora como um meio para concretizar a intenção tática. Nos “contextos” propostos, os processos cognitivos confluem para permitir uma adequada “leitura” do jogo; as respostas serão “escritas” pelos jogadores considerando as pressões ambientais a defrontar na ação, o que lhes permitirá um maior “vocabulário”, isto é, um amplo repertório tático-técnico. (SANTANA; RIBEIRO; FRANÇA, 2014, p. 14)

Assim, com apoio da literatura especializada, serão apresentados na sequência alguns exemplos de contextos de jogo que viabilizam a aprendizagem por meio de situações estimulantes, que visam a autonomia dos/as praticantes.

2ª Etapa: Resolvendo problemas relacionados à técnica

Considerando a técnica como meio para efetuar a intenção tática, por muito tempo se acreditou que realizar movimentos isolados, em situações com pouca ou nenhuma interferência (por exemplo, tocar a bola de uma pessoa para a outra sem quaisquer imprevisibilidades), era suficiente para treinar a técnica, até que ela pudesse ser aprimorada e aplicada em um contexto de jogo. Uma forma de superar essas limitações é criar cenários menos complexos do que um jogo de futsal completo, por exemplo tendo uma bola para cada pessoa ou limitando o espaço de aproximação entre um/a jogador/a e outro/a, principalmente quando se tem na turma jogadores/as pouco experientes, que ainda possuem pouca ou nenhuma intimidade com a bola nos pés.
Exemplo de atividades em que se trabalha diferentes habilidades com os pés em um nível de complexidade tática reduzida. Objetivos técnicos e táticos: deslocamento para interceptar o trajeto da bola, realizar um passe/chute com direcionamento e objetivo.

Fute-tênis:
Monte algumas “quadras de tênis” reduzidas, demarcadas por fitas ou linhas desenhadas no chão, em que a rede será representada por alguns cones que as/os jogadoras/es não poderão derrubar. Ajuste a quantidade de quadras de acordo com os materiais e espaços disponíveis. Considere também a quantidade de estudantes, sendo que jogarão de uma a duas pessoas em cada lado da miniquadra, se a quantidade de estudantes for alta poderá haver um rodízio de funções entre os grupos dispostos nas quadras, incluindo a função de arbitragem e mediação do jogo enquanto um/uma estudante aguarda a vez de jogar. O objetivo do jogo é fazer o ponto na quadra adversária, devendo ser considerado que o chute precisa ser rasteiro e, para marcar o ponto, a bola deverá passar a linha que delimita o final da miniquadra.
Sugestão de variações: a) podem ser colocados cones diferentes espalhados na quadra que, se forem derrubados, levam à marcação de um ponto bônus quando a bola cruzar a linha de fundo; e b) a quantidade de toques na bola pode ser limitada fazendo com que, entre defender a bola e tentar pontuar, as pessoas tenham no máximo três toques, por exemplo.

Mãe da rua:
Cada pessoa deve ter a sua bola, exceto um jogador, que será a “mãe da rua” e deverá ficar num espaço ampliado, por exemplo, no centro de uma quadra. As pessoas com posse de bola deverão passar de um espaço demarcado para outro, por exemplo, da linha lateral de uma quadra de vôlei ou do futsal (dependendo da quantidade de participantes) para a outra. A pessoa sem a posse da bola deverá impedir, tentando tomar a bola. Quando conseguir, a pessoa que teve a bola roubada deverá se juntar para ajudar a pegar as demais pessoas. O jogo encerra quando sobrarem apenas uma ou duas pessoas para atravessar.

Sugestões de variações: a) quem estiver com a posse da bola poderá dar um toque para uma pessoa posicionada como curinga no meio da “rua”, e receber a bola longe da marcação. Nesse caso, para validar o ponto a bola deverá ser dominada (se não houver bola para todas as pessoas, esta opção dá maior possibilidade de realizar a atividade, pois quando alguém conseguir atravessar com uma bola essa pessoa pode tocar a bola de volta para o ponto inicial, a fim de que outra pessoa possa realizar a atividade); e b) pode ser acrescentado um chute à meta, após conseguir atravessar a rua sem ser pego/a. Para isso, devem ser deslocadas duas pessoas para os gols.

3ª Etapa: Resolvendo problemas relacionados à tática

As situações de jogo descritas a seguir possuem maior complexidade tática e se aproximam de situações reduzidas de um jogo de futsal. Todas são situações em que se exige o aprimoramento da comunicação durante as ações de jogo. As noções de tática, ou as estratégias utilizadas para jogar uma partida de futsal, compreendem uma série de informações que devem ser observadas pelos/as praticantes, para que possam tomar as melhores decisões durante um jogo, buscando a melhor forma de utilizar os espaços e acionar o máximo de recursos que o coletivo pode oferecer. Procure direcionar a atenção/percepção dos/as estudantes às formas mais adequadas de ocupar os espaços, tendo em vista uma participação cooperativa e solidária entre os/as jogadores/as.

Solidariedade entre os/as jogadores/as: quando se tem em uma mesma turma pessoas com experiências muito diferentes em relação ao jogo de bola nos pés, é preciso conversar sobre a solidariedade que as pessoas mais experientes podem oferecer àquelas que estão começando a aprender.

De que modo eles/as podem fazer isso:
a) não roubando a bola dos pés de quem está aprendendo a dominar e conduzir a bola;
b) realizando uma marcação um pouco mais distante, dando espaço e tempo para o/a aprendiz tomar sua decisão do que fazer;
c) orientando os/as aprendizes sobre as situações de jogo, ajudando-o/a a perceber os elementos do jogo, em que momento pode correr ou desacelerar, como ajudar a marcação ou como apoiar o ataque;
d) tendo paciência e falando com respeito com as pessoas (para todo mundo); e incentivando o/a colega a aprender.
Essas atitudes auxiliam também o aprendizado da pessoa experiente, pois quando essa pessoa tem que elaborar mentalmente algo que já sabe, para ensinar à outra pessoa, ela acaba reforçando o próprio aprendizado.

Pegou defendeu – largou atacou:
Jogo com golzinhos feitos com cones, em que se joga 3×3. Os/as jogadores/as da equipe que está defendendo devem segurar algum objeto o tempo todo (colete, mini cone, tartaruga etc), de tal modo que, em toda troca de posse de bola entre as equipes, a equipe que conquistou a bola deve soltar o objeto e a adversária deve pegá-lo, para só então exercer a marcação. Nessa dinâmica, espera-se tanto que os/as jogadores/as identifiquem concretamente as fases defensiva e ofensiva adequando-se elas, como que aproveitem o momento da transição defensiva-ofensiva, de forma a se beneficiar do tempo necessário para a outra equipe tomar a posse dos objetos deixados no chão pelo adversário.
Objetivos táticos adicionais: a) identificar as fases defensiva e ofensiva do jogo; b) tirar vantagem tática da transição defensiva-ofensiva; e c) reorganizar-se defensivamente da transição ofensiva-defensiva.

Jogo dos cantos:
Os/as jogadores/as serão distribuídos/as em dois grupos e receberão uma numeração, sendo que haverá sempre dois jogadores com o mesmo número, um de cada equipe. Cada grupo ficará posicionado em um canto da quadra (por exemplo, nos escanteios de um mesmo lado) e, quando o/a professor/a chamar um número, os/as respectivos/as jogadores/as deverão correr para disputar a bola (1×1), que será lançada pelo/a professor/a de forma aleatória, e tentar finalizar ao gol. Após a finalização, o/a professor/a chamará outro número, de forma que uma nova dupla irá realizar a mesma tarefa, enquanto os/as jogadores/as que finalizaram a última jogada voltam ao final da fila. Mantenha o gol sempre do mesmo lado e vá trocando o/a goleiro/a eventualmente.
Sugestões de variações: a) chame os números formando duplas (2×2) (por exemplo: números 1 jogam contra números 2!); b) forme quatro grupos, um em cada canto da quadra, e chame os números de forma que os/as jogadores/as que estão do mesmo lado da quadra jogarão juntos/as contra os dois do mesmo número que estão do outro lado (2×2); e c) chame para formar quartetos (4×4) (por exemplo: números 3 jogam contra números 2!).

Passe ao ataque:
O jogo acontece em 4×2, a favor do time que ataca, tendo apenas um gol disponível para a finalização. O jogo se inicia 2×2 no centro da quadra, enquanto os/as outros/as dois/duas atacantes devem se posicionar próximo à marcação do escanteio. Esses/as atacantes só jogam se receberem um passe, os/as liberando para se movimentar e ajudar a equipe a atacar e fazer o gol. Após a finalização, os/as jogadores/as saem para a entrada de um novo grupo e assim segue, sucessivamente.
Sugestão de variação: pode-se jogar 4×3, caso esteja muito fácil para o ataque realizar a tarefa. Se houver muitas pessoas disponíveis para jogar, realize dois jogos, um em cada lado da quadra, e peça a ajuda de outros/as estudantes na organização.

REFERÊNCIAS

DARIDO, S. C.; SOUZA JÚNIOR, O. M. Para ensinar Educação Física: possibilidades de intervenção na escola. 7ª ed. Campinas: Papirus, 2014.
GONZÁLEZ, F. J.; BRACHT, V. Metodologia do ensino dos esportes coletivos. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2012.
SANTANA, Wilton Carlos; RIBEIRO, Danilo Augusto; FRANÇA, Vinícius dos Santos. 70 contextos de exercitação prática para o treinamento do futsal. 1ª ed. Londrina: Companhia Esportiva, 2014.

Plano de aula elaborado pela professora Milena de Bem Zavanella Freitas.
Adaptação para o ensino remoto elaborada pela prof.ª Dr.ª Nathalie Lousan.
Coordenação Pedagógica: prof.ª Dr.ª Aline Monge

 

Atualizado em 06/01/2022, às 17h33

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