Em 2008 a estudante de medicina Taciana Borges fazia uma pesquisa na internet quando se deparou com a divulgação de um curso que lhe chamou a atenção. Até aí nada diferente se o curso não fosse dado a distância. “Interessei-me na hora, apesar de não conhecer ninguém que já tivesse feito”, conta. Gostou tanto da primeira experiência que se encontra no terceiro curso com a mesma metodologia. Como tem que se preparar para uma prova no final do ano e a residência lhe toma muito tempo, assiste todas as segundas-feiras à noite, durante três horas, um curso preparatório dado pela Medcel. Totalmente virtual, quando perde alguma aula, ela tem direito a uma reprise. Taciana é mais uma brasileira a entrar para uma turma que só vem crescendo no País: a da educação a distância.

 

De acordo com o Ministério da Educação, resultados do Censo da Educação Superior de 2006 mostraram, por exemplo, que em três anos a oferta de cursos de graduação a distância aumentou 571%. A pesquisa mostra que, entre 2005 e 2006, a fatia dos estudantes que aderiu à EAD saltou de 2,6% para 4,4%. A Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) calcula que, em 2007, mais de dois milhões de brasileiros utilizaram a educação a distância.

 

Esta modalidade de ensino é mais antiga do que se pode imaginar. Por meio das novas tecnologias, na verdade, apenas foi reinventada. No lugar das apostilas, dos áudios e dos vídeos, veio a internet com todos os softwares. Com o mercado aquecido, instituições de ensino investem em educação a distância.

 

O Senac-SP faz parte deste time. Desde 2000 utiliza plataformas digitais de aprendizagem e mantém uma equipe multidisciplinar para desenvolver cursos online. “Hoje temos mais de 50 profissionais trabalhando exclusivamente para o ensino a distância”, relata Regina Helena Ribeiro, coordenadora do Núcleo de Tecnologias Aplicadas à Educação da escola. As áreas de Saúde, Educação, Moda, Administração e Negócios, Artes, Comércio Exterior e Tecnologia já são todas contempladas por cursos livres, de extensão universitária ou de especialização (pós-graduação latu sensu). São ao todo 25 títulos, com o total de 780 vagas.

 

De carona nessa onda, o Grupo Ibmec Educacional, que reúne as faculdades Ibmec no Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal, lançou este ano, com um investimento de R$ 3,5 milhões, o Ibmec Online. Inicialmente serão oferecidos cursos de pós-graduação com duração de 20 ou 18 meses, bem como cursos livres, de 30 horas cada. Todos os cursos serão ministrados por tutores recrutados entre ex-alunos do mestrado do próprio Ibmec. “Este é um diferencial importante e que garante a excelência e a qualidade dos nossos cursos”, diz Carlos Longo, diretor de EAD da Veris.

 

Érico Mineiro, de Belo Horizonte, é aluno do curso de pós-graduação a distância em Artes Visuais do Senac-MG. Em fase de conclusão, ele confessa ter gostado e ter muita afinidade com este modelo de ensino. “Há flexibilidade para montar nossos horários, mas, ao mesmo tempo, a exigência com prazos e tarefas é grande”, explica. Ele destaca também o alto nível de atenção que o estudante recebe. “A coordenação é atenta às participações e ausências, assim, depois de algum tempo ‘offline’, o aluno recebe um aviso solicitando o seu retorno”, conta.

 

 

Mas, como se pode perceber, o aluno do ensino a distância deve ter algumas características específicas, como ser disciplinado. “É preciso também ter vontade de participar e colaborar”, lembra a professora Paula Carolei. Docente do Senac-SP, da Faculdade Sumaré, da Universidade Federal de Juiz de Fora e da Universidade São Camilo, ela ministra em todas estas instituições cursos a distância. “Este tipo de ensino exige dedicação e produção do aluno. O mesmo acontece para o professor”, acredita. “É muito mais trabalhoso dar aula online de forma adequada do que dar aula presencial. No online não há improviso, tudo deve ser planejado e fica registrado”, continua. Paula também defende que a EAD possibilita o professor acompanhar mais o processo do aluno. “Na sala de aula, isso é muito difícil”, diz.

 

Além dos cursos livres, superiores e especializações, a metodologia a distância também pode ser interessante para o ensino médio. Nesse âmbito, a velocidade de aplicação vai a passos mais lentos. Em São Paulo, por exemplo, já é permitido que a rede estadual aplique 20% de sua carga horária a distância. No entanto, lidar com crianças e adolescentes exige mais atenção. “Ainda é preciso discutir um modelo mais adequado para este grupo”, ressalta a professora Paula Carolei. Ela aposta em metodologias mais ousadas, parecidas com games, imersivas e estimulantes. O problema seria encontrar a forma de provocar a reflexão, afinal, para esta faixa etária parar para refletir é complexo, abstrato demais. Fica aí o desafio para quem acredita e aposta no potencial da EAD.

 

https://youtu.be/08rVXi55yjE

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