Seb Gyngell é um garoto inglês de apenas dois anos, engraçado, bonito e que sabe imitar o incrível Hulk. Algo lhe parece familiar? Se sim, não deve ser impressão. Recentemente, ele foi notícia porque seu pai vendeu para empresas de telefonia de celular um vídeo com a performance do filho se exibindo como o monstro Hulk. O filminho foi comprado, a 0,5 libra o download, por clientes dessas empresas em diversos países.

A atitude do pai de Seb pode até ser condenada por alguns, mas prova que o compartilhamento de conteúdo produzido a partir dos telefones móveis é mais uma revolução “aberta ao público”. E, se pode servir para o entretenimento, pode também fazer parte de outros cenários, como o educacional. Aliás, as iniciativas nessa área já se multiplicam no exterior, conforme destacou o doutor em filosofia pela Universidade de Paris IV/Sorbonne e engenheiro de sistemas e computação pela UERJ Rogério da Costa, durante palestra no Congresso de Tecnologia Educacional Aplicada à Sala de Aula.

No evento realizado no dia 3 de junho, em Brasília, Rogério da Costa abordou uma nova fronteira da aprendizagem, na qual os dispositivos móveis já podem ser usados a favor da inteligência coletiva. Se numa primeira reflexão não fica muito claro como isso pode acontecer, basta pensar no Twitter, já popular no Brasil. No microblog, professores de matemática, por exemplo, podem seguir colegas de profissão, trocar dicas de ferramentas, links de artigos interessantes que estejam disponíveis na web e ainda indicar vídeos de aulas postados no YouTube. Todas essas informações podem ser enviadas ao Twitter por uma mensagem de celular.

Mas, segundo o palestrante, que atualmente dirige o Laboratório de Inteligência Coletiva (LInC), o potencial dos celulares vai muito além da interação entre professores por se tratar de uma ferramenta que tem perfeita aceitação dos alunos. “Os jovens gostam dos celulares, eles só precisam ser orientados a utilizá-los como ferramenta de estudo”, diz Rogério da Costa, que cita algumas possibilidades de uso pelos docentes: “O aluno pode trocar mensagens (SMS), consultar o dicionário, criar e consultar glossários, resolver questionários, ouvir as aulas em vídeo e áudio (podcasts) e fazer fotografias e filmes. Mas, para isso funcionar, o professor tem de dominar os softwares.”

Rogério da Costa ressaltou que, embora a grande maioria dos professores tenha celular, ainda não existe uma preocupação geral de colocá-lo na sala de aula: “O professor tem de procurar tornar esse instrumento um aliado, pois ele faz parte da nossa vida, assim como o computador e a internet”.

A integração dos celulares ao cotidiano de um número crescente de pessoas é uma realidade mundial. Apenas no Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em abril deste ano o total de celulares no país chegou a 153 milhões. Número significativo se levarmos em conta a estimativa populacional brasileira, de 191,3 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, por enquanto, os aparelhos ainda criam mais polêmica do que conhecimento nas salas de aula brasileiras, já que professores e diretores pedagógicos têm de enfrentar o uso que os alunos fazem sem qualquer finalidade pedagógica.

O conflito gera ações que colidem com a expansão do uso das novas tecnologias na educação. No Pará, uma lei estadual foi sancionada em junho deste ano proibindo o uso de aparelhos celulares e eletrônicos como MP3, MP4 e palms dentro das salas de aulas. São Paulo, Rio de Janeiro, Rondônia, Ceará e Rio Grande do Sul já haviam adotado medidas semelhantes. Enquanto isso, Rogério da Costa destaca: “Na Inglaterra, há atualmente mais de 50 iniciativas voltadas para o desenvolvimento de metodologias e aplicações de mobile learning. No Brasil, são poucas as experiências, dispondo apenas de alguns estudos desenvolvidos por universidades e fundações”.

 

Conheça alguns projetos destacados pelo palestrante (em inglês):
Mobile Learning Network (MoLeNET)

MOBIlearn

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