Foi a passagem do cometa Halley pelo Brasil, em 1986, que despertou o interesse de Junior Silva, o Schwarza, pela astronomia e ciência. Responsável pelo sucesso do canal de vídeos “Poligonautas”, que conta hoje com mais de 117 milhões de visualizações, o rapaz tinha seis anos de idade na ocasião.
“Esse tipo de acontecimento mexe muito com a imaginação de uma criança. Passei a acompanhar notícias sobre o tema. Colecionava revistas e assistia os lançamentos dos ônibus espaciais. No final da minha adolescência, conheci a série ‘Cosmos’, de Carl Sagan, que produziu uma revolução interna em mim”, relembra.
O canal no YouTube surgiu em 2011 abordando, primeiramente, o universo dos games. Certo dia, Schwarza decidiu falar sobre ciências e fez um vídeo trazendo curiosidades sobre o Sol. O feedback foi instantâneo. “Havíamos demorado três anos para bater 100 mil inscritos. Depois disso, consegui 300 mil em um ano. Acredito que ajudei a preencher uma lacuna científica na plataforma “, reflete.
O sucesso da publicação o incentivou a se especializar no assunto. Nos anos seguintes, ele estudou astronomia geral, dinâmica e evolução estelar e reconhecimento do céu na Escola Municipal de Astrofísica Professor Aristóteles Orsini (EMA), além do curso para professores no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). “Queria ter propriedade naquilo que me propus a falar”, justifica.
Mas o que faz esse conteúdo ser tão popular no YouTube? Para ele, o tema envolve outras ciências – como física, engenharia e computação – o que o torna atrativo para diversos tipos de público.
“Para completar, astronomia nos conecta com a nossa origem, tempo e com a percepção do quanto este planeta é frágil perante a vastidão do universo, o que pode gerar uma urgência em preservá-lo”, analisa. “E ela é um autoconhecimento. Parafraseando Carl Sagan, somos a maneira do cosmos conhecer a si mesmo”.
Despertando a criticidade
Por meio do seu canal, Schwarza passou a interagir com professores e alunos. “Docentes de matemática, ciências e história entram em contato. Alguns passam meus vídeos durante suas aulas e os estudantes me mandam imagens disso”, revela.
Já os jovens costumam dizer que o canal influenciou na escolha por uma carreira científica. Para o idealizador do “Poligonautas”, o contato com o tema ajuda a despertar a criticidade nos estudantes.
“Eu acredito que a astronomia nos ‘tira da caixinha’ e instiga a curiosidade. Creio que aprender sobre o método científico e de como a ciência trabalha as incertezas sobre a interpretação dos fenômenos da natureza possa inspirar o amadurecimento de um senso crítico nessa fase de formação”, opina.
Para produzir os vídeos, ele escolhe os assuntos sobre os quais gostaria de assistir se estivesse no lugar da audiência, e fica sintonizado as dúvidas enviadas pelo público.
“Geralmente, eles me mandam questões mais relacionadas às tecnologias usadas para entender o espaço. Por exemplo: ‘Como o telescópio Hubble funciona?’ ou ‘como sabemos a composição de um planeta sem nunca termos estado lá?’. E também tem aquelas questões alimentadas por conspirações, que eu tento desmistificar”, garante.
Schwarza procura agora dialogar com seu público por outras mídias além do YouTube. O primeiro passo foi lançamento do livro “Do átomo ao buraco negro”, que introduz conceitos da astronomia para “fisgar” os leigos. Ele também prepara uma segunda publicação e um documentário.
“A minha ideia é inspirar pessoas a serem mais curiosas em relação à natureza ao nosso redor e resgatar aquela capacidade de se maravilhar com o mundo que tínhamos na infância. Lembrar as pessoas de olhar para o céu e reconectá-las com o cosmos. Mostrar como o espaço pode ser tão fantástico quanto qualquer ficção do cinema e literatura”, finaliza.
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Para inspirar – O Clube de Astronomia
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Crédito da imagem: Maximusnd – iStock
Quem veio só ver o nome verdade de Schwarza da Like ?