“Não é preciso desligar o cérebro para se divertir”, acredita o escritor de literatura infantojuvenil, Toni Brandão. De acordo com ele, existe a possibilidade de aprender e estudar de maneira leve, utilizando o entretenimento. Há 20 anos, ele trabalha com projetos que combinam técnicas digitais e conteúdo reflexivo, como livros online. Brandão esteve em debate na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, nesta quinta-feira (28/9).
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Para o escritor, uma grande questão da educação hoje é passar a contar histórias com as quais os jovens se identifiquem, gerando mais interesse pela literatura. “Quando eles chegam ao ensino médio, parece que sentem como se tivessem que esquecer todo o prazer que tinham com a leitura até ali, pois são impostos alguns livros geralmente mais duros de ler”, analisou ele se referindo aos clássicos da literatura solicitados para prestar o vestibular.
Apesar de hoje ser um dos seus autores favoritos, ele lembrou que não foi fácil ler Machado de Assis na época que estava na escola, “porque você está em outro momento de vida e ter isso obrigado ali vai acabar matando a literatura”.  Em um de seus projetos, Brandão transformou os clássicos “O Cortiço”, “Memórias de um Sargento de Milícias” e “Dom Casmurro” em games. “Tem uma parcela que não gosta de ler mesmo, mas tem outro tanto que gosta e passaria a ler por se identificar”, completou.
Brandão fala de novas formas de trabalhar “O Cortiço”, clássico da literatura
Segundo a jornalista multimídia, Mona Dorf, o peso do livro na vida das pessoas não é mais o mesmo do que há dez anos: “temos muitos estímulos hoje em dia, vindos da internet, TV e celular”, que competem com a leitura tradicional. Além disso, há um processo de sintetizar as ideias cada vez maior, para Brandão. “Não estou dizendo que isso é bom ou ruim, mas está acontecendo. Tudo é rápido e as pessoas não se detêm muito tempo em alguma coisa. Como o processo é irreversível, se não trabalhar com isso, dentro de sala de aula ou fora, vai perder o leitor.”
Forma e conteúdo
Nesse sentido, o autor infantojuvenil alerta que é possível contar uma história de várias maneiras, podendo haver uma leitura não linear. Também, ele diz procurar fazer com que os leitores se reconheçam a partir da linguagem. “A hashtag tem aparecido no cinema, por exemplo, no filme ‘A Culpa é das Estrelas’. Se não puder acrescentar gírias e outras coisas, a língua não se presta a fazer o jovem se comunicar.”
O conteúdo abordado também é importante. O jovem se reconhece em temas como competitividade, separação dos pais e romance. “No CEU [Centro Educacional Unificado, estruturas nas periferias da cidade de São Paulo] ou em um bairro tradicional, as angústias deles são semelhantes. Claro que um tem mais acesso que o outro, mas o lado humano é o mesmo.”
Apesar de ser leitor de jornal de papel, e gostar do cheiro dos livros, na contraposição da leitura de um e-book, Brandão ressalta que é preciso “deixar a molecada um pouco em paz”. “Deixar acharem o jeito deles. Se as tecnologias são um benefício para esse novo público, é necessário que as coisas se transformem.”
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