Durante a infância, o escritor André Vianco vivenciou uma experiência marcante para a sua formação: conhecer o cartunista e escritor Ziraldo. Hoje, o autor da saga “Os sete” tem a oportunidade de estar do outro lado da bancada: ele é um dos convidados do Viagem Literária programa do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo (SisEB) que leva escritores a cidades pequenas para conversar sobre literatura com crianças e adolescentes. “O programa mostra ao estudante que o escritor é exatamente igual a ele, de carne e osso. Que não é necessário ser extraordinário para escrever histórias”, destaca o autor.

“O objetivo é incentivar a difusão da produção literária, promover diálogos e dinamizar a programação cultural das bibliotecas municipais. Dar protagonismo a estas unidades que têm uma forte presença no interior e litoral. E também contribuir para transformá-las em centros de convivência para toda comunidade”, explica Pierre André Ruprecht, diretor Executivo da SP Leituras.

O projeto está sintonizado com o conceito de Biblioteca Viva – modelo inspirado em países latino-americanos onde a disponibilização de internet gratuita e de uma intensa programação cultural ajudam a estimular o acesso à leitura. “Cria-se uma proximidade do jovem com a biblioteca que é inestimável. Há uma fidelização deste público e uma aproximação com a leitura, e suas várias vertentes, gêneros e formatos”, assinala Ruprecht. Segundo ainda o diretor, o Viagem Literária gera um “efeito residual” nos municípios participantes. “Estima-se que muitas oficinas acontecerão até o final do ano nessas cidades, independente da programação do projeto”, revela.

O programa é dividido em quatro módulos, que acontecem de maio a setembro: contação de histórias, literatura infantojuvenil, literatura adulta e escrita criativa. Apenas em 2017, foram programados 360 eventos em 90 cidades – sempre em bibliotecas municipais. Em sua décima edição, o Viagem Literária já atingiu um público de 285 mil pessoas.

Muito a dizer
Autor do livro “Armadilha Para Lobisomem”, Luiz Roberto Guedes participa do “Viagens Literárias” desde 2010. “É uma experiência pedagógica e educativa. Percebo que o que chega não é tanto o autor, mas a literatura e o livro. Isso gera uma troca interessante com as crianças, que são muito participativas”, revela.

Durante o bate-papo, o escritor conta que os jovens leitores sugerem outros desfechos para as histórias, novos personagens e comentam trechos dos livros. “Eles mostram que têm algo a dizer e que sabem fazem perguntas. É uma experiência valiosa para todo o autor”, decreta. “Os jovens que participam possuem até 15 anos, ou seja, é um momento importante para se engajar no mundo e perceber que a nossa vida e nossa historia estão estruturadas por meio de narrativas escritas”, complementa André Vianco.

Para ele, o projeta ainda resgata o valor da biblioteca. “Muitas estão em áreas rurais ou em comunidades com pouco acesso a bens culturais. Sabemos que a leitura concorre com outros dispositivos, mas a biblioteca ainda é um espaço poderoso”, opina.

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