A falta tanto de um computador quanto de acesso à internet é cada vez menos impeditivos para ampliar contato com informações e pessoas do mundo todo. A opinião é do especialista em cibercultura e professor do departamento de comunicação da Universidade de Ottawa, no Canadá, Pierre Lévy, que ministrou uma palestra em São Paulo (SP), nesta segunda-feira (17/03).

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Com as tecnologias da informação cada vez mais presentes, ele ressaltou que a possibilidade de acessar a rede de computadores está se tornando progressivamente maior, mesmo para as classes econômicas mais baixas. “Se você é alfabetizado, consegue falar com o mundo todo a baixo custo. A limitação não será mais econômica ou técnica, mas sim cognitiva. Ou seja, está relacionado mais com o ser ou não alfabetizado.”

“Em 1994, havia menos de 1% de pessoas conectadas à internet no mundo. Vinte anos depois temos mais de 35%. Se a taxa de crescimento da população se mantiver, em pouco tempo, seremos 50%. A internet será o principal meio de comunicação e informação”, lembrou.
 
Apesar de acreditar ser quase impossível prever as consequências completas do impacto das tecnologias da informação na sociedade, Lévy pontuou que toda a dinâmica social passará a ser centrada em dados. “O que define uma instituição hoje não é, por exemplo, onde ela está localizada fisicamente, seu endereço, mas sim por meio de dados e metadados, como estrategicamente ela os organiza.”
 
Selecionar as informações
Um caminho futuro que tem ganhado força com o advento das tecnologias da informação é o da ciberdemocracia, segundo Lévy, definida por ele com o próprio conceito de democracia: trazer mais poder para as pessoas. “Hoje em dia, o acesso a computadores tem crescido, mas isso não basta. Uma expectativa é a de que as pessoas passem a se valer dos algoritmos, que é a capacidade de analisar dados, para a construção de ideias de forma coletiva”, apontou.
 
A principal limitação para interpretar e selecionar dados e conteúdos na internet é a falta de alfabetização e de alfabetização digital, voltou a ressaltar ele. “Gerar o pensamento crítico é estimular nas pessoas a capacidade de avaliar diferentes fontes de informação. Dar um passo atrás e tentar entender a visão geral”, disse.
 
A ciberdemocracia real, de acordo com Lévy, culminaria em um ambiente que pudesse ser um espaço para a reflexão coletiva. “Nesse ambiente virtual, haverá informações, evolução de pensamentos, de diversas pessoas, grupos importantes para cada indivíduo e para um todo”, explicou. Isso seria o que ele chamou de ecossistemas de ideias e que geraria uma inteligência coletiva.
 
 
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