Todo mundo já ouviu falar no “aborrescente”, termo utilizado para caracterizar a fase em que a criança passa para a adolescência e começa a ser taxada de impulsiva, insegura, irresponsável, questionadora, teimosa, entre outros adjetivos ligados a imaturidade. Porém, em uma pesquisa divulgada recentemente, desenvolvida por psiquiatras das Universidades de Northwestern, em Chicago (EUA), e British Columbia, em Vancouver (Canadá), mostra que, na verdade, essa pode ser uma fase tranquila e produtiva.

Segundo a pesquisa, divulgada pela revista IstoÉ, 80% dos adolescentes passam pela fase sem maiores percalços. “Criou-se um mito antigamente por conta das características desta faixa etária: postura reivindicatória, experimentador, curioso, questionadores, entre outras. Este comportamento foi entendido como “problema” nas gerações passadas, que estavam mais acostumados com o conformismo”, explica o doutor Benito Lourenço, médico hebiatra e chefe da unidade de adolescente do Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP.

O hebiatra – médico dedicado à adolescência – conta também que é necessário enxergar e reconhecer os pontos positivos desta etapa. “Claro que existem os adolescentes da ‘pá virada’, como também existem os adultos, e até os idosos da ‘pá-virada’. Mas temos muitos meninos e meninas nesta fase que fazem coisas bacanas, que estão envolvidos em grêmios estudantis, projetos sociais, entre outras atividades”, completa Benito Lourenço.

Curtindo os últimos anos da adolescência, Brenda Marques, 18 anos, acha que ser chato, teimoso, ou legal e responsável depende da personalidade de cada um. “Sempre tive que ajudar em casa desde cedo, então tenho uma cabeça mais madura. Meus amigos até me chamam de chata, porque prefiro ir a parques, ou ficar em casa lendo livros, a sair de casa. Acho que vai da criação de cada um!”, comenta Brenda.

Para Otávio Silva, 15 anos, essa fama de “aborrescente” é coisa de filme. “Conheço muitos adolescentes que tem ideia para trocar e compreendem seus pais. Não podemos dizer que todos entram em crise nessa época”, explica o jovem.

Especialistas ressaltam que nesta fase é importante que o adolescente se sinta protagonista do seu processo de autonomia, dono de suas atitudes e saber que existem as consequências. E quanto mais a faixa etária aumenta, as proibições e imposições devem dar lugar às conversas e negociações. “Os filhos devem ter direito a fazer suas próprias escolhas, para terem chances de tentativas de acertos e erros. Nessa época a vida é intensificada pela internet, saídas de final de semana e namoros. Essa caminhada é um processo natural”, conta Cristiano Wiik, psicólogo e coordenador do 3º Ensino Médio do Colégio São Luís, de São Paulo.

Para os adolescentes, no final das contas, o problema e a crise acabam sendo gerados pelos próprios adultos. “É uma fase um pouco confusa, porque estamos entre sair do estilo criança, sem muitas responsabilidades, e nossos pais já nos cobram como adulto”, lamenta Ruan Ribeiro Pereira, de 14 anos.

Confira o 1º episódio de Confissões de um X, Y e Z,
que aborda os conflitos das Gerações


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