Guimarães Rosa em Corpo de Baile: Manuelzão e Miguilim
Alaor Barbosa considera a obra como a mais importante do escritor, que melhor retratou o sertão de Minas
AutorMarcelo Abud
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Publicado em23 de dezembro de 2014
“A linguagem e a vida são uma coisa só.
Quem não fizer do idioma o espelho de sua personalidade não vive.”
(Guimarães Rosa, em entrevista a Gunther Lorenz,
Janeiro de 1965)
Nessa edição do Livro Aberto, o autor da biografia “Sinfonia Minas Gerais: a vida e a literatura de João Guimarães Rosa”, Alaor Barbosa, e o ator Fernando Silveira dão vida a histórias e estórias do escritor de “Corpo de Baile”. Lançado na mesma época de “Grande Sertão: Veredas”, em meados da década de 1950, inicialmente “Corpo de Baile” incluía sete novelas (chamadas pelo autor de poemas ou de romances e contos) em único volume. Posteriormente, essas narrativas foram divididas em diferentes edições. Aqui, vamos nos ater ao livro que reúne as novelas envolvendo Manuelzão e Miguilim.
De acordo com descrição do próprio Guimarães Rosa, em orelha de “Grande Sertão”, “Corpo de Baile” é composto de “narrações sertanejas, de temática universal, com extraordinária pulsação de vida, enredos inéditos, empolgantes, e novas revelações sobre a realidade social de nossos trabalhadores da gleba”. “Campo geral” e “Uma estória de amor” são as protagonizadas, respectivamente, pelo garoto de oito anos Miguilim e pelo capataz Manuelzão. As duas novelas complementam-se como histórias de um começo e de um fim de vida.
No áudio, você acompanha detalhes sobre o processo de criação de Guimarães Rosa, que utilizou anotações em uma caderneta e relatos do pai para reconstituir o universo da região dos gerais, no Nordeste mineiro, fica sabendo que os personagens rosianos são baseados em pessoas que ele conheceu, sobretudo em viagem feita em maio de 1952 aos “campos gerais”, emociona-se e diverte-se com as interpretações do ator Fernando Silveira dos personagens Miguilim e Manuelzão.
Créditos: as músicas utilizadas nesta edição, em ordem de entrada, são: “Qui nem Jiló” (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), “O Grande Sertão” (Pena Branca e Xavantinho), “Um Miguilim” (Edson Penha e Xavier Bartaburu), com Nhambuzim e Renato Braz, “Sangue de Nordestinho” (Luiz Guimarães), tocada por Luiz Gonzaga, “A Vida do Viajante” (Luiz Gonzaga and Hervê Cordovil), Gonzagão e Gonzaguinha, “O amor tem maneiras de parecer que morreu” (Guimarães Rosa e Renato Teixeira).