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Você sabia que os primeiros registros de calopsitas em território brasileiro se dão por volta dos anos 1970, sobretudo devido ao fato de a espécie ser considerada muito dócil e fácil de ser domesticada? E que, consequentemente, a fauna brasileira não é composta unicamente de animais naturais de nosso território? É com curiosidades assim que João Luiz Pedrosa propõe que se perceba como a geografia tem tudo a ver com nosso dia a dia, algo que aprendeu nos tempos em que atuou como professor da disciplina e compartilha em seu primeiro livro, “Como essa calopsita veio parar no Brasil?”.

“Grande parte do que me motivou a escrever este livro foi tentar fazer com que as coisas que a gente acha que cotidianamente são muito distantes da nossa realidade, são muito próximas”, afirma o ex-BBB e apresentador de programas educativos.

Temas que estão na pauta do dia tornam a obra útil para valorizar a ciência e a educação. Um exemplo é que, apesar do consensual fato da Terra ser redonda, é preciso trazer argumentos que derrubem as teses de negacionistas. “É muito de colocar esse dedo na ferida, mesmo, de combater informações que não são verdadeiras, de negacionismo, movimentos anti-vacina”, conclui João Luiz.

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Confira o primeiro capítulo do livro

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Transcrição do Áudio

Música: “Trap Picasso” (Verified Picasso)

João Luiz Pedrosa:
Oi, gente, tudo bem com vocês? Aqui quem está falando é João Luiz, e eu estou aqui pra poder conversar com vocês, eu e Piticas (calopsita cantando), pra falar com vocês sobre o lançamento do meu primeiro livro, chamado “Como essa calopsita veio parar no Brasil?”.
Nesse livro eu estou contando um pouquinho pra vocês sobre como que as calopsitas, que são animais originalmente australianos, podem ser encontrados no Brasil.

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Música instrumental, de Reynaldo Bessa, fica de fundo

Marcelo Abud:
Os primeiros registros da presença de calopsitas em território brasileiro se dão por volta dos anos de 1970. Pois é: a fauna brasileira não é composta unicamente de animais naturais de nosso território. Isso é assunto para a biogeografia!
São curiosidades assim que estão no livro do ex-BBB e professor João Luiz Pedrosa. E, é claro, nossa primeira pergunta é como a calopsita, Marieta Piticas, veio parar no Brasil?

João Luiz Pedrosa:
Ah, não tem como eu te dizer como essa calopsita veio parar no Brasil assim em tão pouco tempo (ri), mas tem muita coisa que pode explicar (ela está agora se alimentando, então, acredito que ela não vai querer participar aqui junto com a gente). O primeiro capítulo, que é o que leva o título do livro, ele fala de muita coisa, né? A gente fala de biogeografia: de toda essa relação que existe entre a gente e animais que são domésticos e os animais que não são domésticos; espécies que são naturalmente brasileiras, espécies que não são naturalmente brasileiras, mas que se adaptaram muito bem dentro do nosso território. Tem muita coisa aí dentro desse capítulo que vai explicar como que essa calopsita veio parar no Brasil.

Som de página de livro sendo virada

Música de Reynaldo Bessa fica de fundo

Marcelo Abud:
“É interessante imaginar uma calopsita viajante. Posso até visualizar o enredo do filme: o passaporte carimbado e, nas malas, apenas a coragem e independência de um bicho que nasce e cresce solto. Sofrendo com a crise da meia-idade, nossa intrépida excursionista decide mudar de país.
Mas, infelizmente, não é bem assim que as coisas funcionam no mundo animal. E se isso, por si só, não representa um balde de água fria, tem mais: embora tenham saído da Austrália para fazer morada no Brasil, nosso país não foi a primeira parada dessa ave (…) Por algum motivo, talvez pela cor das penas e a semelhança da ave com o papagaio, os ingleses levaram consigo alguns exemplares da espécie para a América, mais especificamente para a região da América do Norte, também colonizada por eles. De lá, a calopsita foi trazida para o Brasil”.

Som de página de livro sendo virada

Marcelo Abud:
Este é um trecho do capítulo de abertura do livro. Nele, é possível perceber o tom que o jovem professor de geografia trouxe da experiência da sala de aula para o livro. Mas como será que era esse João, antes de se tornar conhecido no Big Brother Brasil?

João Luiz Pedrosa:
Eu sempre estive no papel enquanto professor, né, eu não tenho como te dizer qual era a experiência de ter aula comigo enquanto aluno, mas o que eu fazia muito pra atrair os meus alunos e estudantes, principalmente, para o ensino de geografia, por todas as escolas por onde eu trabalhei, eu acho que era de certa forma sempre tentar aproximar com que o conteúdo da geografia ficasse cada vez mais próximo da realidade dessas pessoas.
Então, não adiantava eu chegar lá e dar uma recomendação de algum filme, de alguma série ou falar de alguma música, ou falar de algum acontecimento, fatos, dar exemplos que são muito distantes da vida das pessoas, porque isso mesmo de certa forma não acaba aproximando, né?
Uma coisa que eu fazia muito era tentar aproximar para a realidade. E isso não é uma coisa difícil, eu acho que isso é bem simples, na real, assim. É só você conhecer quem são seus alunos, conhecer quais são suas necessidades, suas realidades, que a gente consegue fazer um trabalho bem legal e eu acho que ia muito por essa linha, sabe?

Marcelo Abud:
Esta maneira de utilizar a curiosidade e despertar estudantes para assuntos do cotidiano também é a forma que João Luiz usa no livro para combater o negacionismo e os movimentos anti-vacinas.

João Luiz Pedrosa:
Exatamente, no livro eu faço muito esse exercício, que é esse exercício de aproximar da realidade. Grande parte do que me motivou a escrever esse livro foi muito desse sentido também: de que as coisas que a gente acha que cotidianamente são muito distantes da nossa realidade, são muito próximas, né? Então, eu acabo comparando, fazendo muitas comparações de coisas dentro dos capítulos. Eu falo sobre o consumo de lixo, por exemplo, falando pra gente fazer um exercício sobre ver a quantidade de lixo que a gente produz diariamente; e isso tanto de uma forma lúdica (sim, em alguns capítulos), mas a gente também traz realidades muito evidentes, assim.

Som de página de livro sendo virada

Música de Reynaldo Bessa fica de fundo

Marcelo Abud:
“Caso você não saiba, a concepção da Terra como sendo plana não é algo novo. É um conceito contra-científico que, de tempos em tempos, surge para refutar todas as descobertas que foram feitas desde a Grécia Antiga”.

Som de página de livro sendo virada

João Luiz Pedrosa:
Acho que é muito de colocar esse dedo na ferida, mesmo, de combater informações que não são verdadeiras, de negacionismo, de movimentos anti-vacina. Porque a geografia, ela é uma ciência que está sempre relacionada a muitas outras ciências. A gente está sempre se relacionando com outras áreas do conhecimento, e eu acho que eu consegui fazer isso de uma forma bem legal, assim, de mostrar as possibilidades de a gente referenciar coisas a partir da geografia, de outras áreas, e de fazer esse processo de divulgação científica.

Marcelo Abud:
No capítulo “A África não é um país”, João busca desconstruir o senso comum de que é uma região que se restringe a estereótipos, como fome, pobreza, doença, safari e animais.

João Luiz Pedrosa:
Esse capítulo, “A África não é um país”, eu acho que ele vem muito dessa necessidade mesmo de que a gente, às vezes, acha que o continente africano é unificado de um jeito, tem uma única característica, que se você pedir às pessoas pra escrever alguma coisa sobre o continente africano, essas palavras vão ser sempre relacionadas a algum tipo de estereótipo já construído por muito tempo. Então, assim, o meu intuito, dentro desse capítulo, é de dizer exatamente isso: olha, a África não é um país, a África é um continente super diverso; e dentro desse continente tem vários países com necessidades e realidades diferentes, com apegos culturais, socioeconômicos – fundamentais, pra gente entender toda a complexidade do continente africano. E não de trazer ele de uma única forma só.

Som de página de livro sendo virada

Música de Reynaldo Bessa fica de fundo

Marcelo Abud:
No livro, João propõe o seguinte exercício: “Basta pegar imagens de grandes centros de países africanos, como Luanda, a capital angolana, Lagos, na Nigéria, Cidade do Cabo, na África do Sul, ou Addis Ababa, na Etiópia, e colocar na frente de alguém sem dizer onde fica essa cidade. Pergunte ‘Onde você acha que é?’ e posso garantir que pouquíssimas pessoas acertarão a cidade, o país ou até mesmo o continente”.

Som de página de livro sendo virada

João Luiz Pedrosa:
E a gente discute também no livro… o próprio capítulo que a gente fala sobre África, eu acho que, às vezes, a gente, mesmo as pessoas sabendo ‘ah, a África não é um país. Beleza! África é um continente’ – mas, qual é a complexidade do continente africano? Será que todo mundo sabe disso? Eu não sei se todo mundo sabe.

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:
Por que a educação e a ciência são tão importantes? Como sabemos que a Terra é redonda? É mesmo possível saber quando vai chover? Essas são algumas das outras perguntas que estão no livro de estreia de João Luiz Pedrosa, que pretende mostrar que a geografia tem tudo a ver com nosso dia a dia.
Com apoio de produção de Daniel Grecco, Marcelo Abud para o Livro Aberto do Instituto Claro.

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