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Agir na busca de soluções à crise climática é urgente e a escola é o lugar em que as futuras gerações podem transformar atitudes em prol do desenvolvimento sustentável de todos. É esse o objetivo da chamada educação climática.“Essa busca por um novo modelo de desenvolvimento, que procure um novo equilíbrio, uma nova harmonia entre os processos sociais, econômicos, culturais, políticos e ambientais, dialoga muito com essa ideia do desenvolvimento sustentável. E, claro, a educação climática, considerando que ela é parte dessa discussão, é tópico fundamental da formação das pessoas em todos os níveis de escolaridade”, explica o diretor educacional da Reconectta e do Movimento Escolas pelo Clima, Edson Grandisoli.

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Para ele, o tema deve vir integrado a todo o currículo da escola: “O ideal é que a temática não fique restrita somente a uma ou duas disciplinas — ciências e geografia —, mas que professores, por exemplo, de história, filosofia, artes e língua estrangeira também participem com suas expertises nessa discussão”.
A educação climática visa a transmissão de um aprendizado que extrapole o ambiente escolar e que possa ser levado para dentro da comunidade. “O papel da educação dentro de uma comunidade é muito grande. E especialmente quando os movimentos, as ações e as ideias chegam na casa deles, aos pais deles, aos parentes, às pessoas da comunidade pelos jovens”, analisa Grandisoli.

Aqui e agora

Ao utilizar mais o termo “crise” do que “mudança”, quando o tema é o clima, a ideia é fazer com que todos da comunidade escolar percebam que as atitudes precisam ser alteradas no momento presente. “Um dos grandes desafios, quando a gente fala de sistemas complexos ou quando a gente fala da crise climática, é a questão da temporalidade. Então parece que é tudo muito para o futuro”, afirma o coordenador geral do Movimento Escolas pelo Clima, Douglas Giglioti.

Especialista em neurociência e psicologia aplicada, ele vê na convivência com a pandemia uma maneira de as pessoas perceberem o quanto é urgente tratar de mudanças nas atitudes que envolvem o meio ambiente.
“A crise do coronavírus é algo que as pessoas estão sentindo na pele e que foi causada por um desequilíbrio socioambiental. Então, a gente consegue ‘tangibilizar’ uma das amostras do grande problema que é a mudança climática por um problema intenso que está ocorrendo hoje e que a gente não quer que ocorra nos próximos anos. A gente consegue materializar um pouco, para hoje, alguns dos efeitos da nossa forma de consumo, de produção e de vida”, conclui Giglioti.

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Transcrição do Áudio

Música: Morning Birds, de Quincas Moreira, fica de fundo

Edson Grandisoli:
Essa busca por um novo modelo de desenvolvimento, que procure um novo equilíbrio, uma nova harmonia entre os processos sociais, econômicos, culturais, políticos e ambientais – dialoga muito com essa ideia do desenvolvimento sustentável. E, claro, a educação climática, considerando que ela é parte dessa discussão, é tópico fundamental da formação das pessoas em todos os níveis de escolaridade.
Meu nome é Edson Grandisoli, eu sou diretor educacional da Reconectta e também do Movimento Escolas pelo Clima.

Douglas Giglioti:
Então a gente está formando os futuros líderes dessas empresas e futuros políticos que estarão em cargos de poder, de decisão. A gente está transformando o modo de pensar de quem faz as principais leis e sistemas de como a gente funciona.
Olá, eu sou o Douglas Giglioti, especialista em neurociência e psicologia aplicada, sócio-fundador da Reconectta, trabalho como diretor e sou o coordenador geral do Movimento Escolas pelo Clima.

Vinheta: Instituto Claro – Educação

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, de fundo

Marcelo Abud:
A crise do meio ambiente impacta no bem-estar e nas perspectivas de desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, a Educação Climática apresenta à comunidade escolar formas de pensar e agir na busca de soluções que diminuam a ação destruidora da humanidade.

Edson Grandisoli:
Quando a gente fala em educação climática a gente está falando de um processo educacional que é mais focado, mais direcionado para a busca de soluções de adaptação e mitigação, especificamente, para as mudanças climáticas. A partir do momento que a gente começa a trabalhar com temas e com termos como, por exemplo, emergência e crise climática, a gente traz uma urgência, uma necessidade de ação imediata com relação a todos os desafios que já estão sendo causados pelas mudanças climáticas.

Marcelo Abud:
O educador indica em que disciplinas a crise climática é mais presente.

Edson Grandisoli:
Tradicionalmente temáticas socioambientais elas sãos trabalhadas na educação básica por duas disciplinas principais: ciências e geografia. Mas toda temática sistêmica e complexa exige a participação de diferentes disciplinas, diferentes linguagens, que envolvem diferentes formas de pensamento. O ideal – e, é claro, tudo depende da possibilidade – é que a temática não fique restrita somente a uma ou duas disciplinas, mas que professores, por exemplo, de história, filosofia, professores de artes, professores de língua estrangeira também participem com seus expertises nessa discussão.

Música: “Sol de Primavera” (Beto Guedes / Ronaldo Bastos), com Catedral
Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar

Edson Grandisoli:
Como todos os outros grandes temas relacionados a questões sociais e questões ambientais, eles devem ser trabalhados em absolutamente todos os níveis da educação básica, pela amplitude, pela importância do tema, pode ser trabalhado de uma forma transversal.

Marcelo Abud:
Giglioti traz situações em que essa aplicação no ambiente escolar acontece na prática.

Douglas Giglioti:
Por exemplo, temos escolas em que reduziu mais de 90% dos resíduos enviados para aterros. E muitas vezes as pessoas não fazem a conexão da redução da destinação incorreta ou da produção da geração de resíduos com a questão da emissão de gases do efeito estufa, que, inclusive, na cidade de São Paulo, é a segunda maior fonte de emissão de gases do efeito estufa. A gente tem exemplos de escolas que conseguiram fazer essa redução tanto na questão de geração de resíduos e na correta adequação; a questão de plantio, criar mecanismos de sequestros de carbono: bosques com floresta nativa, até hortas agroecológicas, com diversidade e tudo o mais; e questões de consumo de recursos como água – que não entraria diretamente – mas energia, que aí sim, né, dentro da matriz energética, entra diretamente no aspecto de pegada de carbono.

Edson Grandisoli:
Ah, o papel da educação dentro de uma comunidade é muito grande. E especialmente quando os movimentos, as ações e as ideias chegam na casa deles, aos pais deles, aos parentes, às pessoas da comunidade pelos jovens. Então existem já muitas pesquisas que têm mostrado que é muito importante para as escolas criarem alternativas, criarem estratégias pra que as mensagens que são trabalhadas na escola – que têm cunho mais comunitário, mais regional, mais global – cheguem à casa desses alunos de alguma forma.

Douglas Giglioti:
Quando a gente fala de transformação cultural, para além dessa questão de atitudes individuais, quando a gente abre essa discussão para de fato uma transformação sistêmica, sempre vai passar por influência de políticas públicas e influência de modelo de consumo.

Edson Grandisoli:
Então se a gente faz uma boa coleta seletiva, por exemplo, na escola, a tendência é que o estudante chegue em casa e cobre os pais pela mesma coleta seletiva, né? Então essa influência ela é direta e ela é muito importante.

Música: “Aqui e Agora” (Dan Karuna)
Agora é tarde demais pra voltar atrás
Ainda é cedo demais pra sofrer pelo que pode acontecer
Aqui e agora é o que eu quero viver

Marcelo Abud:
A pandemia que estamos atravessando é uma forma de trazer a discussão da crise climática para o aqui e agora.

Douglas Gilgioti:
Um dos grandes desafios, quando a gente fala de sistemas complexos ou quando a gente fala da crise climática, é a questão da temporalidade. Então parece que é tudo muito para o futuro. E a crise do coronavírus é algo que as pessoas estão sentindo na pele e que foi causada por um desequilíbrio socioambiental. Então a gente consegue ‘tangibilizar’ uma das amostras do grande problema que é a mudança climática por um problema intenso que está ocorrendo hoje e que a gente não quer que ocorra nos próximos anos. Então a gente consegue materializar um pouco, pra hoje, alguns dos efeitos da nossa forma de consumo, de produção e de vida, né?

Edson Grandisoli:
A gente está vivendo no momento, né – importante destacar isso – três grandes crises: a crise da saúde, né, por conta da pandemia da Covid-19; a segunda crise é fruto justamente da voracidade que o ser humano tem atacado os ambientes naturais atrás de recursos – e isso tem levado a uma crise da biodiversidade, nós temos perdido rapidamente a biodiversidade do planeta; e a terceira grande crise é a crise climática. E é impossível trabalhar com essas três crises de maneira isolada. Porque a perda de florestas, por exemplo, ou a forma que nós exploramos os recursos naturais em ambientes naturais pode trazer ao contato do ser humano vírus que antes não existiam, como foi o caso da Covid. E quando a gente fala da questão da mudança climática, a mudança da temperatura média do planeta leva ao deslocamento de espécies, que também pode causar problemas de saúde e perda de biodiversidade. De alguma forma todos os grandes desafios eles têm ligações.

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, de fundo

Marcelo Abud:
A proposta da educação climática é mostrar aos jovens como é possível e urgente, junto com suas comunidades, reagir à crise climática. Para os responsáveis pelo Movimento Escolas pelo Clima, assim como o problema é global, a escola também deve agir para integrar a temática em todo o currículo.
Com apoio de produção de Daniel Grecco, Marcelo Abud para o Instituto Claro.

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