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Vídeos curtos em que mães e merendeiras aparecem preparando lanches têm chamado atenção em redes sociais, como o Instagram e o Tik Tok. Duas dessas produtoras de conteúdo, ouvidas pelo Instituto Claro, apontam o amor com que se dedicam à merenda como o responsável pelo sucesso dos canais que mantêm.

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Cibelle Mattos, a Tia da Merenda (crédito:: reprodução)

“Eu faço com tanto amor, com tanta vontade, eu tenho prazer no que eu faço, que eu não precisei que ninguém me ensinasse como era para ser feito, eu cheguei lá e fiz. E, graças a Deus, me dei muito bem”, afirma Cibelle Mattos, merendeira de escola pública no Mato Grosso conhecida como a “Tia da Merenda” no Tik Tok.

A visão de que, além de comida não industrializada, é preciso de carinho para a preparação de um bom lanche é compartilhada por Graceli Chiquetti, conhecida como “Mãe de celíaca” por causa dos vídeos que produz. “Quando a gente prepara o nosso alimento, a gente acaba assim escolhendo melhor os ingredientes, coloca a nossa energia, nosso carinho, nosso amor. Então, sempre vai ser uma coisa melhor do que você comprar uma coisa que vem embalada, que vem da indústria, que a gente não sabe o que tem ali, né?”.

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Graceli Chiquetti, a “Mãe de Celíaca (crédito: reprodução)

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Transcrição do Áudio

Música: Introdução de “O Futuro que me Alcance”, de Reynaldo Bessa, fica de fundo

Cibelle Mattos:

Antes de eu entrar na escola, eu trabalhava numa lanchonete da minha família, na qual eu preparava já o alimento. A escola foi algo único assim pra mim. Eu faço com tanto amor, com tanta vontade, eu tenho prazer do que eu faço, que eu não precisei que ninguém me ensinasse como era pra ser feito, eu cheguei lá e fiz. E, graças a Deus, me dei muito bem.

Meu nome é Cibelle. Eu trabalho numa escola pública, no Mato Grosso… tanto no Tik Tok, quanto na escola, na rua onde as crianças me encontram, eu sou a “Tia da Merenda”.

Graceli Chiquetti:

Quando a gente prepara o nosso alimento, a gente acaba assim escolhendo melhor os ingredientes, coloca a nossa energia, nosso carinho, nosso amor. Então, sempre vai ser uma coisa melhor do que tu tá comprando uma coisa que vem embalada, que vem da indústria, que a gente não sabe o que tem ali, né?

Meu nome é Graceli Chiquetti, sou mãe da Isabella, de 9 anos, que é celíaca. Tenho uma outra filha, de 22 anos, a Heloísa. Tenho perfil no Tik Tok e no Instagram, com o mesmo nome, que é @maedeceliaca, onde eu compartilho toda a alimentação que eu preparo pra Isabella, pra nossa família, né?

Vinheta: Instituto Claro – Educação

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:

A preparação da merenda escolar tem despertado a atenção de muitas pessoas nas redes sociais. Aqui, você vai conhecer duas produtoras de conteúdo que fazem da dedicação o principal ingrediente para o preparo de alimentos saudáveis e saborosos. Mãe de celíaca, Graceli diz que toda a família segue a mesma dieta.

Graceli Chiquetti:

Por amor a ela, se quer comer uma pizza, a gente tem que fazer a massa, tem que fazer o molho. E a história das lancheiras, o celíaco, isso é muito natural, porque aonde a gente vai, a gente tem que levar a nossa marmitinha, a gente tem que levar a nossa lancheira.

Mesmo a Isabella indo na casa da minha mãe, comer um arroz que naturalmente não tem glúten, mas aquela panela é contaminada; se você tiver um pão com glúten na cozinha de um celíaco, tu vai pegar a margarina, vai passar no pão e vai colocar aquela faca naquela margarina novamente, vai contaminar aquela margarina. Esses detalhes que as pessoas não entendem.

Marcelo Abud:

Graceli explica porque, além de apresentar opções de comidas adaptadas às necessidades de crianças celíacas, dá dicas de como tornar o lanche mais atraente.

Graceli Chiquetti:

E eu descobri quando ela tinha um aninho e pouco, né? Ela era bebê. Comecei a ver Isabella a sentir vontade de comer as coisas que o amiguinho estava comendo. Então, ela olhava com o olharzinho triste ou me pedia, e eu sempre tinha que dizer não. Então, eu comecei a encantar ela, fazer coisas mais diferenciadas… e essa coisa de fazer uma lancheira mais enfeitada… pra ela não sentir vontade de nem olhar pra lancheira do amiguinho, pra ela não sentir vontade de comprar na cantina, porque lá não tem nada apto pra ela, na cantina da escola.

Áudio de vídeo do Canal “@maedeceliaca”:

Graceli: Oi, amigos, vou preparar mais uma lancheira da Bella e vou mostrar pra vocês. Fiz esses salgadinhos aqui em forma de coração – ficou lindo – pra ela, hoje de manhã. Aí peguei uma tangerina lá do pomar e coloquei um pouco de castanha do Pará e castanha de caju. E aqui vou fazer um suco natural de laranja. E tá pronta a lancheira da Bella de hoje.

Marcelo Abud:

Ao usar a criatividade, Graceli faz com que, agora, sejam os amigos que queiram uma lancheira igual à da Bella.

Graceli Chiquetti:

E eu consegui virar o jogo. Então, assim, muitas mães falam ‘nossa, eu vou ter que preparar aquilo que tu preparou, porque o Gustavo veio falando da lancheira da Bella’, sabe? De mães ‘vim’ falar que a própria criança, amiguinha da Bella, preparou a lancheirinha dela, tipo que nem eu faço: bota bilhetinho pra ela mesma, porque a mãe não tem tempo de fazer e tal. Hoje a Bella tem orgulho. Muitas vezes, ela vinha falar pra mim ‘ai, mãe, a professora adorou a lancheirinha’ ou ‘quer que a mãe ensine a fazer o chips de batata doce’; ‘ah, mãe, a fulana de tal te segue’. Eu consegui fazer ela olhar de forma mais leve pra doença, sabe?

Marcelo Abud:

Se a mãe de celíaca tem de lidar com a restrição de alimentos ao preparar o lanche da filha, Cibelle Mattos, a tia da merenda das redes sociais, precisa fazer o melhor que consegue, mesmo com a limitação de ingredientes característica às escolas públicas.

Cibelle Mattos:

A escola pública é carente desta questão de alimentos. Eu preciso usar a criatividade pra fazer alimentos nutritivos com o pouco recurso que se tem. É a carne de frango, a carne de boi, porco, e ali se mistura com arroz, com uma salada, com uma verdura, com macarrão. E a gente tenta fazer o máximo com vontade, né?

Porque eu acho que, por mais simples que seja, com vontade, com amor, você pega aquele alimento e vai sair uma refeição maravilhosa. Então, a gente usa a criatividade de uma maneira que consiga trazer bastante nutrientes e satisfazer todos os alunos.

Música: “A Ordem Natural das Coisas” (part. MC Tha) (Damien Alain Faulconnier / Leandro Roque De Oliveira) – Emicida

A merendeira desce, o ônibus sai

Dona Maria já se foi, só depois é que o sol nasce

De madruga que as aranha desce no breu

E amantes ofegantes vão pro mundo de Morfeu

E o sol só vem depois

É o astro rei, okay, mas vem depois

Cibelle Mattos:

A cidade que eu moro é uma cidade pequena, é uma escola pequena, eu sei identificar quais são as crianças que precisam mais do alimento. E, realmente, existem crianças que vão pra escola apenas pra se alimentar. E eu sei, durante a fila, são sempre as mesmas crianças que pedem ‘tia, coloca um pouco mais’, ‘tia, enche o meu prato’. E você vê que aquelas crianças precisam de alimento.

É até difícil falar, porque eu acabei me envolvendo tanto com esse trabalho. Não é só a questão de alimentar o corpo, é nutrir a alma com carinho. Elas chegam, elas querem, às vezes, conversar, e naquela rapidez ali de pegar a comida e sair, a gente já consegue fazer uma comunicação muito rápida de ‘oi, como é que você tá hoje, como é que você não tá?’. E, às vezes, de alguém dizer assim ‘hoje não tá legal’. Aí ‘volta depois’. E eles depois de comerem, voltar pra conversar um pouquinho.

É muito triste, mas assim eu faço questão de alimentar eles de uma forma muito prazerosa.

Graceli Chiquetti:

Quando eu tinha empresa, final de semana, eu ia pra cozinha, fazia muito congelado. Eu sempre preparei a lancheira da Isabella, mesmo trabalhando, tendo a empresa… não é só porque agora eu tô em casa. Então, se a gente quer, a gente consegue.

Cibelle Mattos:

Eu falo que eu faço com amor, né? Mas é porque eu faço o que eu gosto. Não dá pra você fazer nada do que se goste, sem amor. Eu chamo eles de crianças, né, apesar deles já são pré-adolescentes, já são adolescentes, mas pra mim são todos crianças. E eu vejo nos olhos deles a gratidão que eles têm por mim. Eles me elogiam, eles falam que está muito bom, e aquilo pra mim é a força que eu tenho no amanhã fazer melhor. E eu sempre busco isso, fazer sempre o melhor, o melhor e o melhor, com muito prazer.

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:

O interesse em ver o preparo de alimentos nutritivos e saborosos faz com que vídeos de merendas sejam um sucesso nas redes sociais. Uma boa alimentação, por si só, não é garantia de evolução nos estudos, mas sem um lanche adequado, certamente não há espaço para aprendizagem.

Com apoio de produção de Daniel Grecco, Marcelo Abud para o Instituto Claro.

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