Iniciamos esta coluna sobre Educomunicação e suas práticas celebrando15 anos da realização e publicação dos resultados da pesquisa temática "A interrelação Comunicação e Educação no Âmbito da Cultura Latinoamericana" (O Perfil dos Pesquisadores e Especialistas na Área), pela equipe do Núcleo de Comunicação e Educação, da Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, sob coordenação do Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares, em 1999, que confirmou o surgimento desse novo campo de estudo. Na verdade, comemoramos 15 anos da emergência dessa nova proposta paradigmática enquanto campo, mas essas práticas já vinham se desenvolvendo há mais tempo. E o conhecimento sobre as mesmas  segue se disseminando e se aprofundando nestes últimos anos.
 
Realizado junto a 176 especialistas em educação mediada por tecnologias, principalmente da América Latina, para que pudéssemos entender minimamente a relação Comunicação e Educação, esse estudo nos mostrou que não estamos falando apenas do mero uso das TIC na Educacão, como muitos imaginavam. A disseminação dessas práticas evoluiu para muito além da educação para a comunicação, conhecida também como media education. Para que a Educação ocorra de maneira mais eficiente por meio do uso de tais ferramentas, é preciso entendermos como trabalhar a Comunicação nesses processos. Como dizia Paulo Freire, Educar é Comunicar!
 
Temos que evitar os deslumbramentos com as tecnologias, no sentido de as entendermos enquanto meios, e entendermos que sem a comunicação pensada e implementada de forma clara e consciente ao longo do processo educacional, qualquer que seja a tecnologia adotada, seguiremos tendo resultados até reduzidos quando comparados com os obtidos em projetos educacionais que se preocupam com os aspectos da comunicação para a educação.
 
Apesar de várias das primeiras atividades terem se iniciado com o rádio, durante os anos de 1980 e 1990, atualmente observamos a adoção dessa abordagem já com o uso das tecnologias digitais, como podemos verificar no recente artigo "Cultura Digital e a Educomunicação como novo paradigma educacional", escrito pelo Dr. Claudemir Viana e por mim, na sexta e última edição da revista FGV Online.
 
Entendemos as práticas educomunicativas como atividades que trabalham o desenvolvimento de competências específicas como a capacidade de colaboração em equipe, trocas dialógicas para o estímulo ao pensamento crítico e resolução de problemas, protagonismo e autonomia do aluno, dentre outras. E ao final das mesmas, devemos sempre considerar práticas de conscientização dos alunos sobre o processo vivenciado e as competências adquiridas. Será sobre isso que falaremos neste espaço, mas caso queiram começar a refletir sobre como planejar as práticas, acessem artigo sobre o projeto Educom.Jt ou a página do NCE que contém várias das sugestões de aulas com abordagem educomunicativa elaboradas para esse projeto, desenvolvido pelos membros do NCE em parceria com o antigo Jornal da Tarde, do grupo O Estado de S.Paulo. Esse projeto propiciou o desenho de uma estrutura básica para o planejamento de aulas com essa abordagem.

O Instituto Claro abre espaço para seus colunistas expressarem livremente suas opiniões. O conteúdo de seus artigos não necessariamente reflete o posicionamento do Instituto Claro sobre os assuntos tratados.

Autor Luci Ferraz

Doutoranda e mestre em comunicação, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Estuda as práticas educomunicativas no ensino formal e não formal e é especialista em Gestão de Organizações de Terceiro Setor

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