Desde fevereiro de 2013 o MEC (Ministério da Educação) está divulgando que vai incluir livros digitais no Programa Nacional do Livro Didático voltado ao Ensino Médio no país até 2015. 
 
Essa determinação altera a perspectiva e a tradição do modelo de produção de livros didáticos das editoras, principalmente para as Redes Públicas de Ensino. O meio ambiente agradece e os jovens também! Essa não é uma ótima e preeminente notícia?!
 
A transformação metodológica que as escolas irão passar, principalmente as escolas públicas, para se adequarem à utilização desse recurso para ampliar a oferta de Ensino de qualidade em todo país para os jovens será muito significativa. Na rede particular, a maioria das escolas, já adotam lousas digitais, uso recorrente de laboratórios de informática e de tablets, como recursos didáticos.
 
A Educação é um projeto para o povo de uma nação e a sua qualidade não deve se render às hegemonias sócias e por isso realizar um upgrade na práxis pedagógica das escolas públicas será muito positivo, principalmente no que se refere à utilização da tecnologia, da informação e da comunicação no processo de ensino e aprendizagem.
Os jovens vivem a época da revolução tecnológica, para eles a compreensão e a construção de significantes e de significados passam pela multimídia e se torna confuso tentar apresentar uma visão da construção de conhecimento da humanidade e de valores humanos num sistema analógico.
 
Essa possibilidade que o MEC propõe vem colaborar para tentarmos novas estratégias para enfrentarmos às inquietações antigas no campo da educação. Uma delas que observamos, mesmo que superficialmente, é que de forma geral, a escola pública possui modelo de prédio, de sala de aula e de biblioteca que nos remetem historicamente às escolas da década de 40.
 
Alguns prédios escolares possuem arquitetura tão notáveis que foram tombados como Patrimônios Históricos, mas isso não significa que não podem ser revigorados com espaços que atendam às demandas atuais e essa é mais uma força geradora de transformação, inclusive, da organização temporal e espacial das escolas.
 
Outro item alarmante, para além do Brasil, se refere ao índice de analfabetismo funcional mundial, tema que tem tomado a atenção das políticas públicas no processo de letramento para todas as faixas etárias no mundo.
 
A utilização de ferramentas tecnológicas como subsídio pedagógico tem como colaborar e muito para a apropriação da linguagem literária e verbal em Planos de Ensino.
 
Outra questão nos remete à grade curricular que tanto merece um debate profundo sobre flexibilização e implementação de projetos transdisciplinares, que tem sido subjugado ao cotidiano escolar que adotou um padrão empresarial que possui um calendário rígido que acaba por secundarizar o que seria prioritário para o que chamamos de sucesso escolar.
 
O enfrentamento destas questões para contemplar a implementação do uso de novos recursos tecnológicos poderá gerar a necessidade de debate autônomo e democrático no interior das Unidades Escolares para que o Projeto Político Pedagógico ganhe força para estabelecimento de melhores dinâmicas no dia a dia escolar.
 
Não podemos deixar de lado as resistências que podem afetar educadores para a mudança necessária de paradigmas metodológicos. Outra dificuldade que se soma à possível resistência docente é que o MEC anunciou em 2012 a entrega de 600 mil tablets aos professores do Ensino Médio e esta entrega não foi concluída.
 
Outro aspecto diz respeito aos laboratórios de Informática que para algumas escolas não foram apropriados pela comunidade escolar como espaço de sala de aula, por razões diversas, administrativas, burocráticas, técnicas e inserir as plataformas móveis, será superar esta dificuldade.
 
Para o professor oferecer formação continuada que o encoraje em criar atividades com conteúdos interativos e trabalhar em a coautoria com suas (eus) alunas (os), exercitando a autonomia e a intertextualidade passa a ser imprescindível.
 
Diante deste cenário o que vislumbramos nesta proposta é que a escola pode passar a ser uma expressão da vida que se deixa manifestar dinâmica e simultaneamente e com pluralidade de sentidos como qualquer outra dimensão da experiência social humana.

O Instituto Claro abre espaço para seus colunistas expressarem livremente suas opiniões. O conteúdo de seus artigos não necessariamente reflete o posicionamento do Instituto Claro sobre os assuntos tratados.

Autor Simone Marconatto

Simone é graduada em Biologia e Pedagogia. Pós-graduada em Sexualidade Humana, Fundamentos Teóricos e Práticos em Educação e Tecnologia e Educação, e mestre em Novas Tecnologias Aplicadas à Educação, pela UNICAMP.

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