Ilustração para o livro “Será o Benedito!” feito por Odilon Morais,
quem estará na Flipinha

No ano em que completa sete décadas de sua morte, o escritor Mário de Andrade é o grande homenageado da edição de 2015 da Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP). Para o curador da feira este ano, o jornalista e editor Paulo Werneck, o legado de Mário de Andrade não ficou restrito somente a literatura, há também trabalhos seus como musicólogo e folclorista. “Hoje, falar em patrimônio material está em voga, mas era algo que o Mário de Andrade já abordava desde a década de 30. Seu legado não ficou restrito à literatura, mas também abrangeu a música, a história do Brasil, as artes plásticas, entre outros”, destaca. Confira a entrevista completa concedida ao NET Educação.
NET Educação – Por que a escolha do Mário de Andrade como homenageado da FLIP deste ano?
Paulo Werneck – O Mário de Andrade era um nome esperado desde a primeira edição da FLIP. Ele sempre foi cotado por ser uma figura central da própria feira, que é uma espécie de semana de arte moderna que ocorre anualmente. Por esse motivo, acho que o Mário estaria bastante à vontade em Paraty hoje. A própria cidade deve muito a ele, já que questão da preservação do patrimônio histórico também passou pelo Mário de Andrade.
NET Educação – Acredita ser um momento especial para celebrar a obra de Mário de Andrade?
Werneck – Sim. Além da homenagem, os 70 anos de morte do escritor é um período importante, pois a obra se torna domínio público. Sem contar que foram achados documentos e áudios recentemente que ajudam a explicar a figura do Mário de Andrade.
NET Educação – Qual foi a contribuição do escritor para a cultura brasileira em geral?
Werneck – Foi uma contribuição enorme. O Mário seria um dos intelectuais brasileiros mais importantes da nossa história, contribuindo para o próprio conceito de cultura. Hoje, falar em patrimônio material está em voga, mas era algo que o Mário de Andrade já abordava desde a década de 30.  Seu legado não ficou restrito à literatura, mas também abrangeu a música, a história do Brasil, as artes plásticas, entre outros.
NET Educação – Qual a contribuição do Mário de Andrade para o ensino e para a sala de aula?
Werneck – Antes de mais nada, ele foi um professor. O Mário se formou em Música e não em Direito, como era comum entre os autores da época. Ganhava a vida lecionando música e adentrou na literatura de forma autodidata. Ele também atuou como professor de jovens escritores que o procuravam, como o Fernando Sabino e o Carlos Drummond de Andrade.
NET Educação – Seu legado para a geração de autores mais novos foi significativo?
Werneck – O Drummond, por exemplo, enviou-lhe pelo correio o caderninho de poemas que seria o seu primeiro livro. O Mário de Andrade leu atentamente, criticando e canetando de forma feroz – como um professor deve fazer. Chegou até a propor novos versos. Foi uma atitude generosa dele, que os próprios escritores não esperavam. Ele também ajudou o Drummond a olhar para o Brasil. O Drummond dizia que era um francês morando no interior de Minas. O Mário rebatia: você não é francês, é brasileiro.
NET Educação – Por que Macunaíma ainda é um livro tão importante para a literatura nacional?
Werneck – Assim como Raízes do Brasil, do Sérgio Buarque de Holanda, e Formação Econômica do Brasil, do Celso Furtado, ajudam a explicar nosso país, Macunaíma faz o mesmo, só que pela literatura. É um marco: um romance de vanguarda europeu cuja matéria-prima é indígena. Além disso, a figura do Macunaíma se popularizou como poucas personagens na nossa literatura. Ele se tornou realmente um herói e uma referência.
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