Democratizar a arte contemporânea, quebrar barreiras da cultura e aproximar arte e sociedade são os principais objetivos do Jardim Mirian Arte Clube (JAMAC), ponto de cultura localizado na Zona Sul de São Paulo. O NET Educação entrevistou a artista plástica Mônica Nador, e também coordenadora do espaço, sobre os desafios de envolver a comunidade e as obras.

NET Educação – Você fala muito sobre a importância das artes plásticas para além do circuito comercial. Como descobriu este movimento?
Mônica Nador: Durante minha pesquisa de mestrado sobre Paredes Pinturas, na ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo), de 1995 a 2000, acabei me aproximando da história dos museus, locais nascidos para guardar arte que já tinham tido “vida” na sociedade. Quando me deparei com tamanho significado, resolvi expandir os horizontes.

NET Educação – O Brasil ainda é um país carente no quesito arte e cultura?
Mônica Nador: Não diria carente. O processo de arte e cultura aqui é que foi diferente. Por exemplo, tivemos escravidão e repressão. Faltava um movimento de fazer arte do Brasil para o Brasil. Hoje temos isso de maneira mais abrangente, ou seja, não vemos apenas o artesanato, mas outras demonstrações de arte sendo consideradas, como o samba e a capoeira.

NET Educação – Como e quando surgiu a ideia do JAMAC? Por que o Jardim Miriam?
Mônica Nador: Conheci o bairro do Jardim Miriam por meio de um trabalho em uma ONG da Milu Villela e senti a necessidade de criar um coletivo cultural na região, que fosse feito da comunidade para a comunidade. Foi quando fundamos o JAMAC, em 2004.
Nosso objetivo é estimular o exercício da cidadania, por meio da linguagem da arte, cinema digital e da animação, visando sempre à construção coletiva.
Hoje estamos em um novo processo, firmamos uma parceria com Secretaria de Cultura do Município para gerar renda com estamparia. A ideia é tornar o JAMAC autossuficiente, como empresa, mas uma empresa para a comunidade.

NET Educação – Existe alguma mobilização junto às escolas da região?
Mônica Nador: Sim, sempre convidamos os professores e alunos para participar das nossas oficinas. Também fazemos palestras em escolas da região. É importante este envolvimento, temos professores que sempre participam do “Café Filosófico” – encontros e discussões inseridas dentro das atividades do JAMAC.

NET Educação – De que maneira acredita que o conceito de democratização da arte pode chegar à sala de aula?
Mônica Nador: Acredito na proposta de educação, parecida com educação indígena, vamos vivendo e incluindo as pessoas nos afazeres do dia a dia e incorporando no processo de trabalho, e assim vão sendo educadas.

Nossa proposta é oferecer uma alternativa artística e cultural, visando o envolvimento dos jovens e adultos da periferia, construindo uma beleza que possa ser compartilhada.

Educativo Bienal
Outro exemplo de democratização das artes é o Educativo Bienal, que busca a ampliação de seu território no sentido de alcançar os públicos mais variados e acolher todos, por meio de encontros de formação de educadores e professores.
Para a 30º edição da Bienal deste ano, que tem como tema A iminência das poéticas, já estão acontecendo os encontros de formação. Acesse aqui e saiba como participar!

O JAMAC já esteve presente na 27ª edição da Bienal expondo trabalhos do grupo e de outros artistas do bairro. Acesse aqui conheça outras iniciativas do ponto de cultura do Jardim Miriam (SP)!


Oficina de estencil, feita por alunos do JAMAC

 

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