A presença feminina sempre foi ativa nos diversos contextos da história nacional: do Brasil escravocrata passando pela luta por direitos trabalhistas e pela guerrilha contra as arbitrariedades da ditadura militar. A trajetória dessas mulheres, contudo, nem sempre é apresentada ou discutida em sala de aula. Para enriquecer a formação do professor e introduzir novas narrativas aos alunos, sugerimos sete obras que retratam o protagonismo feminino em diferentes extratos sociais: mulheres livres, escravas, alforriadas, operárias, intelectuais, entre outras. Confira!

Caetana Diz Não: Histórias de Mulheres da Sociedade Escravista Brasileira

Sandra Lauderdale Graham, Companhia das Letras, 2005
Duas histórias verídicas de mulheres revelam o funcionamento da sociedade e da cultura escravista brasileira do século XIX. Caetana é uma jovem escrava doméstica de uma fazenda de café do vale do Paraíba, cujo proprietário decide que ela deve se casar com outro escravo. O casamento é realizado, mas Caetana se recusa a ‘deitar-se’ com o marido. E a recusa é tão obstinada que seu dono resolve pedir a anulação do casamento não consumado ao tribunal eclesiástico, dando início a um longo processo. Na segunda história, a senhora solteira Inácia Delfina deixa em testamento parte de seus bens para uma família de ex-escravos de sua propriedade. Porém, graças à astúcia do testamenteiro, eles acabam herdando não terras, mas dívidas.

O Avesso da Memória: Cotidiano e Trabalho da Mulher em Minas Gerais no Século XVIII

Luciano Figueiredo, Editora José Olympio, 1993
O livro aborda a vida e a atuação na sociedade de mulheres de diferentes condições: livres, alforriadas e escravas, durante o século 18, em Minas Gerais. O autor usa como base de pesquisa cartas, devassas eclesiásticas e documentos até então inéditos do Acervo Documental da Câmara Municipal de Mariana.

Do Cabaré Ao Lar: A Utopia da Cidade Disciplinar e a Resistência Anarquista – Brasil 1890-1930

Margareth Rago, Editora Paz e Terra, 1985
Margareth Rago traz à cena a militância anarquista brasileira, mas pelo ponto de vista da presença feminina na nascente classe operária brasileira. Apresenta o papel que o discurso anarquista exerceu ao instaurar os primeiros questionamentos das hierarquias entre os gêneros e ao afirmar o direito feminino ao trabalho fora do lar.

Mulheres e Costumes do Brasil

Charles Expilly, Editora Itatiaia, 2000
Escrita em 1863 pelo professor e comerciante francês Charles Expilly, a obra descreve os costumes e a vida cotidiana brasileira do século XIX. Enfatizando a opressão vivenciada pelas mulheres no país, especialmente as escravas.

Mulheres Que Foram À Luta Armada

Luiz Maklouf Carvalho, Editora Globo, 1998
Vencedor do Prêmio Jabuti de Reportagem de 1999, o livro traz, em quase 500 páginas, a história de mulheres militantes da esquerda revolucionária que lutaram contra o regime militar (1964-1984). Os depoimentos abordam o cotidiano dos militantes das organizações guerrilheiras nos anos 60 e 70, além de casos de separação, medo e tortura.

História das Mulheres no Brasil

Mary Del Priore, Editora Contexto, 2004
O livro narra a trajetória das mulheres a partir do Brasil Colonial. Família, sexualidade, violência e literatura aparecem como temas transversais, assim como as vivências que ocorriam nos diferentes extratos sociais.

“Extraordinárias – Mulheres que Revolucionaram o Brasil”

Aryane Cararo e Duda Porto de Souza, Editora Seguinte, 2018
A proposta do livro é apresentar mulheres importantes para a história do Brasil que, geralmente, não são valorizadas. São 40 biografias de personalidades como Maria da Penha, a quilombola Dandara e a escritora Maria Firmina dos Reis.

* Agradecimento: Luana Tolentino, historiadora e mestranda da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

 

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