Um evento escolar é a reunião de pessoas na escola em um período pré-determinado e a partir de objetivos específicos. “As possibilidades são diversas e abrangem de competições esportivas às gincanas recreativas e práticas de lazer”, explica a doutora em Estudos do Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Priscila Soares.Como a organização ocorre no ambiente escolar e tendo o evento potencial interdisciplinar, o ideal é o envolvimento de professores de diversas disciplinas na sua organização.

Contudo, é comum que o professor de educação física assuma o gerenciamento do evento devido à proximidade com esportes e recreações. Nesse caso, ele atua alinhado à gestão e à Associação de Pais e Mestres. “A educação física é a disciplina que trabalha de forma integrada práticas corporais e reflexões críticas sociais. Eventos dessa área focam a vivência e experiências dos alunos”, completa Soares.

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Autor do livro “Planejamento de eventos esportivos e recreativos”, Dilson José de Quadros Martins explica que eventos escolares podem ser considerados ações promocionais da escola e em benefício da sua comunidade: “Ajudam a fortalecer os sentimentos de pertencimento entre ambas”.

A seguir, confira 11 dicas para professores e gestores sobre o planejamento de olimpíada, evento esportivo ou recreativo, de pequeno ou médio porte, na escola.

Ter projeto é essencial

Segundo Martins, um erro clássico é não elaborar um projeto para o evento em questão. “É comum uma lista de tarefa dividida entre as pessoas, mas não um projeto com os objetivos e previsões de todas as ações, iniciativas e situações que podem interferir nessa reunião”, alerta.

Perguntas ajudam a planejar

Algumas perguntas auxiliam a planejar o evento. “Por que criar esse evento? Quais as justificativas para ele? Quais seus objetivos e que benefícios gerará para a comunidade escolar?”, lista Martins.

O professor ou gestor também pode se perguntar qual será o produto final. Quais os requisitos para realizar esse evento? Quem será a equipe de gestores? Quem são os interessados nele? O que é necessário para sua execução? Quais as restrições que o inviabilizam? Quando será realizado? Quais serão os custos? Qual será o cronograma de execução por etapas? “Também é importante avaliar riscos como: se os pais ou convidados não comparecerem, se os produtos necessários não forem entregues etc.”, exemplifica o docente.

Objetivos devem ir além da competição

Para Soares, um erro comum é o professor focar apenas na competição e performance dos alunos: “Isto é, confundir alunos com atletas. Socialização, estímulo à cooperação, conhecimento de si e do outro, fortalecimento do grupo e da equipe, entre outros valores e atitudes, podem compor os objetivos do evento”. “Se apenas os alunos bons participam, o esporte pode segregar. A participação coletiva é bem-vinda”, reforça a coordenadora do curso de Educação Física da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG-Ituiutaba), Letícia Rodrigues Teixeira e Silva.

Alinhe os objetivos à realidade escolar

“Por exemplo, a tradição escolar na nossa cidade é o handball. Assim, pode fazer mais sentido para a comunidade um evento desse esporte do que de futebol”, ilustra Silva.

Defina o tipo de evento

Martins explica que o planejamento será diferente dependendo do tipo de evento. “Este pode ser permanente, no caso de atividades anuais que já integram o calendário da escola”, diferencia. Há ainda os eventos esporádicos e os de oportunidade, que são as datas comemorativas, como o Dia da Família e Páscoa. “Por sua vez, há eventos únicos: como a inauguração de uma quadra de esportes”, exemplifica.

Defina o público

A comunidade escolar integra pessoas que estão interessadas no que a escola faz e se beneficiam das suas atividades. “Elas influenciam e são influenciadas pela escola”, descreve Martins. Segundo ele, eventos esportivos acabam interessando mais aos alunos. “Já eventos recreativos aumentam o grupo de interessados e também a logística e a infraestrutura para receber um maior número de pessoas”, acrescenta.

Envolva os alunos

São eles os responsáveis por trazer os familiares e restante da comunidade à escola. “É preciso envolvê-los não apenas na participação do evento, mas na elaboração, planejamento, divulgação e cooperação, em uma organização compartilhada”, destaca Soares. Os estudantes podem ser preparados e inseridos no evento ao longo dos meses anteriores por meio de atividades pedagógicas.

“Devem ser vistos como sujeitos pensantes e atuantes. Não se coloca, por exemplo, um aluno de sete anos no financeiro. Mas você pode questionar a forma como eles gostariam de colaborar na organização”, aponta Silva. “O mais importante é a socialização e a coparticipação, permitindo que os alunos pensem, reinventem os jogos e as outras práticas, definam as regras das atividades das quais participarão, entre outros”, complementa.

Gestão democrática

Geralmente, a gestão é responsável pelas orientações e o professor de educação física atua ajudando a executar as ações programadas para que o evento aconteça. Silva, porém, lembra da importância de fomentar uma gestão democrática na elaboração do torneio ou gincana. “Quanto mais compartilhado e dividido, mais interessante é para a escola pública”, opina.

Discuta os recursos

O evento pode ser realizado com verba da própria escola, via secretaria da educação ou ser financiado pela própria comunidade escolar. Nesse caso, a diretoria da escola ajudará a definir de onde podem vir os recursos.

Tempo é desafio

Dentro da realidade da escola pública, projetos que exigem a participação de muitos professores e funcionários têm como desafio a gestão do tempo. “A atuação em conjunto exige reuniões e que o evento seja uma prioridade para todos, mas deve ser planejado de modo que os docentes não sejam sobrecarregados ou precisem levar trabalho para casa”, adverte Silva.

Antecipe os problemas

Segundo Martins, é fundamental antecipar possíveis problemas, principalmente relacionados à segurança.“Coisas simples, como um estacionamento que divide espaço com os pedestres ou uma arquibancada com pregos soltos, podem trazer problemas de segurança física”, alerta. Vale, ainda, averiguar a necessidade de acionar outros equipamentos do município para que o evento escolar aconteça, como os órgãos de segurança pública e o posto de saúde do bairro. “Ajuda a garantir condições mínimas para manter a dignidade das pessoas recebidas”, conclui Silva.

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