“Adoleta”, “Nós Quatro”, “Babalu”, “Batom” são alguns dos jogos de mão bastante conhecidos nos recreios das escolas brasileiras.

“Os jogos de mão são brincadeiras que envolvem música, dança, rima e parlenda [versos recitados]. Fazem parte da cultura infantil: as crianças brincam sozinhas, entre elas, sem ninguém ensinando. Os jogos são transmitidos oralmente de uma criança para outra em redutos livres, como recreios, nas ruas, igrejas, entre outros”, resume a doutora em educação e mestre em educação musical Fernanda de Souza.

“Eles não exigem materiais, apenas corpo, voz e alguém que queira brincar junto”, acrescenta.

Souza iniciou uma pesquisa com jogos de mão nas escolas públicas do Paraná, em 2017, ao assistir casualmente crianças brincando em uma instituição em que lecionava.

“Meu mestrado é em musicalidade e, apesar de os jogos de mão parecerem simples à primeira vista, possuem uma sofisticação rítmica e melódica. Como quando eu faço uma coisa com o pé, outra com a mão, canto em outro número de compassos. Uma coisa que para um músico, como um violinista, é difícil de resolver, as crianças replicam com naturalidade e recriam muitas dessas possibilidades”, enfatiza.

Em sua pesquisa, a arte-educadora mapeou e registrou dezenas de jogos de mão além de cem movimentos que apareciam nas brincadeiras. A investigação originou o livro “Mão no pé, mão na mão, mão na testa, mão no chão: processos criativos e de aprendizagem musical presentes nos jogos de mãos infantis”, além do documentário “A escola de ensino fenomenal”.

“As vezes os professores diziam que não seria possível a pesquisa na sua escola porque os alunos não brincavam disso. Mas bastava perguntar ou estimular as crianças que os jogos de mão apareciam. Elas relatavam que haviam aprendido com primos ou com outros colegas”, compartilha Souza.

“Apesar de ter um recorte de gênero mais feminino, os meninos também participavam quando percebiam que havia um interesse dos adultos nisso, uma valorização daquela atividade”, completa.

Potencial pedagógico

Souza também gravou vídeos em parceria com o canal Parabolé, ensinando cada jogo de mão encontrado na pesquisa.

“Uma curiosidade é que o mesmo jogo pode ter versões e adaptações dependendo da região, da escola ou do grupo que está brincando. Por isso, ao registrá-lo, precisei fazer escolhas sobre cada movimento. O interessante é que hoje vejo nas escolas crianças brincando a partir da sequência que escolhi, ou seja, de alguma forma elas tiveram contato com o material”, comenta.

Souza explica que muitos são os potenciais pedagógicos dos jogos de mão. “No caso dos professores de língua portuguesa, é possível trabalhar métricas e rimas. Professores de arte podem explorar a musicalidade, o ritmo e movimentos”, revela.

Para a educadora, os professores também podem se beneficiar dos processos de ensino e aprendizagem que ocorrem entre as próprias crianças ao observá-las brincando nos recreios.

“Às vezes, em aula, é tão difícil o engajamento de um trabalho em grupo. E nos recreios vemos as crianças ensinando e aprendendo algo complexo sozinhas. Para o professor, há muita riqueza em observar essa capacidade que elas têm de ensinar e aprender umas com as outras”, garante.

“Olhar para isso faz com que a prática pedagógica seja enriquecida, significativa, por que vai ao encontro de como a criança gosta de aprender”, completa Souza.

Jogos de mão para conhecer

Souza explica que há jogos de mão com diferentes níveis de dificuldade. “Dos mais simples aos mais sofisticados, com jogos ou uma ação que ocorre no meio da brincadeira”.

Além dos jogos de mão mais conhecidos, ela indica para os professores e alunos criarem outros a partir das dezenas de movimentos mapeados e ilustrados no livro.

Sobre os jogos de mão que podem ser usados com as crianças, confira 16 opções que integram a pesquisa da educadora.

Nós todos

Babalu

Adoleta

Batom

Parara Parati

Fui à China

Ana Banana

Popeye

Maria Helena

Pepino

Lagarta Pintada

Timtim Castelo

Meio-dia

Suco gelado

Fui à escola

Copo de leite

Veja mais:

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Crédito da imagem: FG Trade – Getty Images

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