Leonardo Valle

Seja no campo pessoal ou profissional, todo mundo já se deparou com uma decisão ou problema de difícil resolução. Falar com um colega ou amigo sobre tal dificuldade é uma forma de reduzir o sofrimento e de pensar em novas estratégias de ação. Contudo, para muitos, o ato de pedir ajuda nem sempre é visto como uma possibilidade.

“Hoje em dia, as pessoas querem parecer fortes, poderosas e que dão conta de resolver tudo sozinhas. Por isso, acabam tendo mais dificuldade em se mostrarem ‘frágeis’ ou de transparecer que precisam de ajuda. Há o medo de se sentirem expostas e vulneráveis”, aponta a psicóloga do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos (SP), Marina Arnoni.

Segundo a psicóloga, outro fator que atrapalha o meio de campo é uma cultura que reforça a importância da independência desde criança. “Isso fortalece a ilusão de que não precisamos do outro e aumenta a dificuldade na hora em que precisamos de ajuda, pois não sabemos como deve ser feito”, destaca.

Poder da vulnerabilidade

Mostrar-se vulnerável, no entanto, apresenta diversos benefícios para uma vida emocional plena. “Pedir ajuda pode ser o primeiro passo para lidar com pensamentos e condições estressoras”, informa o professor do curso de psicologia da Universidade São Francisco (USF), Cristian Zanon. “À medida que a pessoa consegue ver que nem mesmo indivíduos bem-sucedidos estão imunes a períodos de dificuldades, e reconhece as suas dificuldades como genuínas e dignas de alguém ‘normal’, abre-se espaço para pensar estratégias de como superar a situação”, orienta.

O ato de pedir ajuda também permite que se abdique da ilusão de ser perfeito, estimula a confiança em terceiros e ainda proporciona um sentimento de amparo. “A confiança contribui para o estabelecimento de relações mais próximas e promove o amadurecimento pessoal”, descreve. “O sujeito que pede ajuda também se sente parte de um grupo de pessoas. Essas sensações de pertencimento são extremamente positivas”, opina.

Para completar, sofrimento e angústia podem ser o estopim para transtornos psicológicos, como depressão e a tendência ao suicídio. Contra esses vilões, o pedido de ajuda proporciona suporte emocional e a sensação de não se estar sozinho.

Como fazer?

O primeiro passo para pedir ajuda é procurar alguém adequado e de confiança para ouvir suas questões. “Evite compartilhar seus problemas em contextos que podem gerar vulnerabilidade”, reforça o psicólogo.

Na sequência, estimule o interlocutor a pensar como ele agiria se estivesse passando por uma situação semelhante à sua. “O ideal é a pessoa expor suas questões com calma e tentar se certificar que elas estão sendo compreendidas adequadamente. Se a mensagem correta não foi entendida, basta reexplicar até que seja”, indica Sanon.

Por fim, vale lembrar que nem sempre um amigo ou familiar terá condições de auxiliar na resolução de problemas complexos. Nessa hora, pode entrar em cena a figura do psicólogo. “Profissionais qualificados são treinados para fazer um acolhimento adequado. Além disso, o objetivo da terapia é fortalecer o paciente para que ele possa lidar adequadamente com suas questões no presente e no futuro”, finaliza.

 

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