Esta história começa no campo, na fazenda do Sr. Antonio Heleno, em Juiz de Fora (MG). Em 2015, ele passou a refletir sobre a inexistência de tecnologias que analisassem a qualidade do leite e facilitassem o trabalho do produtor rural. Para realizar essa tarefa, ele precisava ir a um laboratório e pagar pela análise do leite que é produzido na fazenda que administra. Nesse processo, perdia um dia de produção e ainda pagava um alto preço pelo serviço laboratorial.
Pensando nisso, seu sobrinho, Deivid Campos (27), estudante de engenharia na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), levou a questão a dois de seus colegas de curso, Ítalo Alvarenga (26) e Gabriel Correa (23), e, juntos, tiveram uma ideia para solucionar o problema: a SmartMilk IoT.
Trata-se de uma plataforma que analisa a qualidade do leite por meio de um sensor. Os dados obtidos nessa avaliação são enviados para um aplicativo e podem ser visualizados em tempo real pelo gestor da fazenda, para que ele entenda onde seu produto está perdendo qualidade. “Foi com o tio do Deivid que identificamos um problema com potencial. A SmartMilk IoT surge com a queixa do nosso próprio público”, conta Alvarenga.
Uma vez identificado o foco do projeto, os jovens começaram a trabalhar no planejamento, que envolveu a problematização da ideia, fases de pesquisas laboratoriais, desenvolvimento de hardware, criação do aplicativo e validações.
Correa lembra que um dos grandes desafios foi desenvolver o sensor que faz a contagem de células somáticas (CCS) e a contagem bacteriana total (CBT), dois dos aspectos mais importantes na avaliação do leite. “Essa etapa foi primordial, mas muito difícil. Assim que conseguimos passar por essa fase, avançamos na nossa ideia. Foi um longo processo de aprendizado”, conta.
Para Deivid, o projeto não foi criado apenas para auxiliar o trabalho do tio, mas para facilitar a vida dos administradores de fazendas produtoras de leite de forma geral. “Nós abraçamos a causa porque queremos democratizar a tecnologia no campo. Com a facilidade de acesso a esses dados, os produtores rurais podem identificar os pontos que mais precisam de atenção em sua cadeia de produção”, afirma.
Participação no programa Campus Mobile
Foram aproximadamente quatro anos de dedicação ao projeto até que eles decidiram se inscrever no Campus Mobile. A participação foi inspirada por um grupo de amigos da universidade, finalistas da 5ª edição do programa. “Eu quis inscrever o projeto só quando o hardware e o software estivessem mais desenvolvidos”, revela Alvarenga. “Participar da competição foi crucial para nós. Foi na semana presencial que transformamos nossa ideia em um negócio que poderia trazer benefícios para a sociedade”, comenta.
De acordo com eles, a maior vantagem de participarem de uma competição com tantas mentes criando projetos é o networking.
Vencedores da 7ª edição do Campus Mobile, na categoria Smart Farms, os estudantes revelam que, após tanta dedicação, estão muito felizes com o projeto. “A sensação é de dever cumprido. Só nós sabemos o quanto batalhamos para que a ideia saísse do papel e para que tudo desse certo”, pontua Gabriel.

A iniciativa vai além da inovação. Um dos objetivos do grupo é reduzir o desperdício de leite nas fazendas e melhorar a qualidade do produto desde a produção até o consumidor final.
Os planos para o futuro dos três idealizadores da SmartMilk IoT incluem o término da graduação e oficializar a abertura de uma startup. O aplicativo está na fase final de testes e deve ser lançado para dispositivos Android no final de setembro de 2019. De acordo com os novos empreendedores, existe interesse no lançamento da plataforma para dispositivos iOS, mas ainda sem uma previsão de data.
Para saber mais, acesse o site da SmartMilk IoT.
https://youtu.be/m0BSumjOwDw