Conteúdos
Este plano de aula apresenta ideias e caminhos para que o/a professor/a construa com seus alunos um percurso único, no que diz respeito à alfabetização. Por meio de um processo em que o aluno aprende a reconhecer suas leituras do mundo, o/a professor/a o orientará também pela leitura das palavras.
● Ler o mundo…;
● …para depois ler as palavras;
● A pedagogia de Paulo Freire na rotina da sala de aula; e
● Projeto “Minha escola… Minha vida…”.
Objetivos
● Construir um processo de alfabetização baseado na leitura que se tem do mundo; e
● Colocar em prática um ou mais projetos que digam respeito a colocar-se no centro do processo de alfabetização.
Veja também
Paulo Freire e a história da Educação Popular no Brasil
Especial Paulo Freire 100 anos
Palavras-chave:
Língua Portuguesa. Alfabetização. Paulo Freire.
Série/ano:
1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental.
Previsão para aplicação:
8 aulas (30 min./aula).
Sugestão de aplicação para o ensino remoto:
As sugestões a seguir estão organizadas em tópicos, com uma breve explicação de cada recurso.
● Jitsi Meet: É um sistema de código aberto e gratuito, com o objetivo de permitir a criação e implementação de soluções seguras para videoconferências via Internet, com áudio, discagem, gravação e transmissão simultânea. Possui capacidade para até 200 pessoas, não há necessidade de criar uma conta, você poderá acessar por meio do seu navegador ou fazer o download do aplicativo usando um celular.
Trabalhando com essa ferramenta, é possível:
– Compartilhar sua área de trabalho, apresentações e arquivos;
– Convidar usuários para uma videoconferência, por meio de um URL simples e personalizado;
– Editar documentos simultaneamente, usando Etherpad (editor de texto on-line de código aberto);
– Trocar mensagens, por meio do bate-papo integrado;
– Visualizar automaticamente o orador ativo ou escolher manualmente o participante que deseja ver na tela; e
– Reproduzir um vídeo do YouTube para todos os participantes.
● Gravação de videoaula usando o Power Point: O PPT, já tão utilizado por nós professores para preparamos nossas aulas, também permite a gravação de uma narração para os slides, que tanto nos auxiliam na explanação dos conteúdos. É possível habilitar a função de vídeo enquanto grava, de forma que os alunos verão o professor em uma janelinha no canto direito da apresentação. Essa ferramenta é bem simples e eficaz (veja o guia).
● Envio de podcast aos alunos: podcast nada mais é do que um áudio gravado (como os gravados no WhatsApp, por exemplo). Podem ser utilizados para narrar uma história, para corrigir atividades, revisar ou aprofundar os conteúdos. Para tanto, sugerimos o aplicativo Anchor, que pode ser baixado em seu celular, muito simples de utilizar.
● Plataforma Google Classroom: O Classroom permite que você crie uma sala de aula virtual. Esta ação irá gerar um código que será compartilhado com os alunos, para que acessem a sala. Neste ambiente virtual, o/a professor/a poderá criar postagens de avisos, textos, slides do PPT, conteúdos, links de vídeos, roteiros de estudos, atividades etc. É uma forma bem simples e eficaz de manter a comunicação com os alunos e postar as aulas gravadas, usando os recursos anteriormente mencionados. Confira outros recursos oferecidos pela Google, como a construção de formulários (Google Forms) para serem realizados pelos alunos.
Sugerimos aulas com até 30 minutos de duração. Além disso, nem toda aula precisa gerar uma atividade avaliativa, para não sobrecarregar os alunos. As aulas virtuais também podem ser úteis para correção de exercícios e plantões de dúvidas.
Para organizar o seu trabalho e saber mais:
● Adaptação do método freireano para a alfabetização infantil
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Como adaptar a metodologia de Paulo Freire para a alfabetização infantil?
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Método Paulo Freire de alfabetização
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Como aplicar a pedagogia da autonomia no seu plano de aula?
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, explicada em capítulos (Conhecimentos Pedagógicos)
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Primeiras Palavras – Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Cap. 1.3 – Ensinar Exige Respeito aos Saberes dos Educandos – Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Capítulo 2 – Ensinar Não é Transferir Conhecimento – Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Capítulo 2.3 – Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando – Pedagogia da Autonomia
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Capítulo 3.6 (Parte 1) – Ensinar Exige Saber Escutar – Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Capítulo 3.6 (Parte 2) – Ensinar Exige Saber Escutar – Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Capítulo 3.8 – Ensinar Exige Disponibilidade Para o Diálogo – Pedagogia da Autonomia
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Paulo Freire e seu método revolucionário de alfabetização
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● Alfabetização em Angicos – A Pedagogia de Paulo Freire – Sala de Notícias Canal Futura
Acesso em: 3 de julho de 2021.
● O método Paulo Freire
Acesso em: 3 de julho de 2021.
Proposta de trabalho:
Nesta proposta de trabalho, guiaremos o aluno para, de acordo com sua leitura do mundo, fazer um trabalho significativo e único pela leitura das palavras.
Tendo em vista essa perspectiva, a ideia é que o/a professor/a incorpore algumas práticas à rotina de sua sala de aula, bem como que eleja ao menos um projeto para desenvolver com a turma, utilizando amplamente o método proposto por Paulo Freire para a alfabetização.
Devido à idade das crianças, para melhor socialização e aprendizado de todos, sugerimos, para todas as aulas deste plano, o agendamento de encontros on-line síncronos, por meio da plataforma Jitsi Meet.
1ª Etapa: Ler o mundo...
De acordo com os pensamentos e o método de alfabetização de Paulo Freire, antes de ler as palavras é necessário que se leia o mundo. Essa leitura do mundo serve como instrumento para tornar a alfabetização significativa, de forma que o aluno se aproprie e seja o protagonista de seu próprio processo de alfabetização.
Podemos transportar para as salas de aula dos 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental o método aplicado por Paulo Freire na alfabetização de jovens e adultos, em que ele iniciava o seu trabalho levantando informações sobre a visão de mundo de seus estudantes.
Para isso, sugerimos a utilização dos chamados círculos de cultura (que podem ser realizados de forma remota, por meio da plataforma on-line Jitsi Meet, com o agendamento de uma aula síncrona com os alunos), que são uma maneira de incentivar a participação e a troca de ideias entre os estudantes, com a mediação do/a professor/a. Para saber mais sobre os círculos de cultura, consulte este material (acesso em 5 de julho de 2021).
É importante que esses momentos de conversa (com grande ênfase para a escuta, por parte do/a professor/a) sejam guiados de forma a obter como produto informações relevantes, no que diz respeito à visão de mundo dos alunos, de forma individual e coletiva.
Um outro caminho possível é propor uma sequência de atividades com os estudantes, que terão esse mesmo objetivo de levantar questões acerca de sua leitura do mundo. Para tanto, seguem abaixo dois caminhos possíveis:
a) Projeto Curiosidade
A proposta seria que cada criança pensasse sobre algo de que gosta muito (pode ser um lugar, um brinquedo, uma comida etc.) e preparasse uma aula para a turma sobre esse assunto. A ideia é que os alunos não antecipem o tema de que tratarão para os colegas, de forma que uma expectativa seja criada acerca da curiosidade que cada criança contará para a turma.
Pode ser preparado um cartaz (que pode ser virtual, no caso de encontros on-line, a ser elaborado com o uso do Canva ou do Power Point), a ser utilizado como apoio durante a apresentação (que, naturalmente, pode contar com a ajuda da professora, caso necessário) em que a criança deve escrever algumas das palavras-chave da sua aula. Podem ser escolhidas até cinco palavras.
Para essa etapa, agende uma ou duas aulas síncronas on-line na plataforma Jitsi Meet, incentive e acolha as crianças para que abram suas câmeras e microfones durante as apresentações.
b) Visita virtual à casa dos alunos
Cada criança pode enviar a você por e-mail fotos ou vídeos da sua casa e da sua família, sendo que a cada dia acontecerá a “visita” da turma a apenas um aluno.
Nesse processo, a criança pode falar sobre quem mora com ela, desde quando moram nessa casa, o que ela mais gosta na casa, qual sua brincadeira preferida etc.
Esse compartilhamento de informações pode acontecer em formato expositivo ou em uma roda de conversa (que pode ser on-line), em que os colegas também podem fazer perguntas para o aluno que está sendo “visitado” naquele dia. Ao longo desse momento, podem ser anotadas palavras-chave, para serem utilizadas no momento posterior.
Para esta etapa, sugerimos o agendamento de uma ou duas aulas síncronas on-line na plataforma Jitsi Meet, incentive e acolha as crianças para que abram suas câmeras e microfones durante as apresentações.
Muitas outras possibilidades podem ser aplicadas pelo/a professor/a. Use sua criatividade e busque sempre levar em consideração as características específicas de seus alunos, tendo em mente que o mais importante é que o percurso a ser seguido seja significativo para eles.
2ª Etapa: ...para depois ler as palavras
A chamada “leitura do mundo” é uma importante etapa que faz parte de um processo, devendo ser seguida do efetivo trabalho que diz respeito à leitura de palavras.
Note que não são fases independentes, mas sim integrantes de um trabalho completo e muito complexo. Por exemplo, logo após a realização de um círculo de cultura, a professora pode levantar, com a ajuda dos alunos, algumas das palavras mais relevantes naquela conversa que ocorreu.
Esse levantamento de palavras pode ocorrer por outros caminhos, como os dois projetos sugeridos na etapa anterior, por exemplo.
Uma vez definida essa lista de palavras, elas podem ser, uma a uma, colocadas na lousa (o que pode também ocorrer de forma virtual, por meio da plataforma utilizada para as aulas síncronas), e servir de ponto de partida para o levantamento de hipóteses pelos estudantes. Aqui os caminhos são muitos. Podemos falar sobre a formação de fonemas, sobre as sílabas que integram as palavras e sobre outras palavras que podem ser formadas a partir da reorganização de letras e/ou sílabas.
Essas listas de palavras podem também integrar um painel fixo (que, no ensino remoto, pode ser construído coletivamente com a ferramenta Google Jamboard, por meio do compartilhamento de tela do seu computador), preferencialmente acompanhado de imagens que ajudem as crianças a compreender e lembrar o contexto em que foram trabalhadas (podem ser imagens que reflitam as palavras em si, ou mesmo registros fotográficos dos momentos em que a turma falou sobre essas questões (foto do círculo de cultura, por exemplo). O painel pode ser enviado aos alunos por e-mail ou compartilhado por meio do Google Classroom, para que eles imprimam, podendo também ser divulgado nas redes sociais, sites e blog da escola.
Deixe (e incentive!) que os estudantes pensem sobre, coloquem suas opiniões e se apropriem desse conhecimento que começa a ser construído.
3ª Etapa: A pedagogia de Paulo Freire na rotina da sala de aula
Professor/a, levando em consideração as discussões trazidas no material sugerido neste plano de aula, bem como os seus conhecimentos acerca do método de alfabetização de Paulo Freire, busque maneiras de trazer esses princípios para o dia a dia da sua sala de aula.
Tenha sempre em mente que, nesse momento de alfabetização, é essencial que as palavras façam o papel de transcrever a leitura de mundo das crianças. Assim, é importante incorporar as palavras às rotinas já existentes.
Alguns exemplos possíveis são escrever na lousa (que pode ser uma “lousa virtual”, para as aulas on-line), em momentos de interação com a turma:
● a rotina do dia, no início da manhã;
● como está o clima naquele dia (ensolarado, chuvoso ou nublado, por exemplo);
● o cardápio do dia, no almoço a ser servido na escola; e
● palavras trazidas pelas crianças, espontaneamente ou por intervenção da professora (que pode pedir, por exemplo, que um dia cada um diga o nome de sua fruta preferida, no outro uma palavra que comece com a letra A, e assim por diante).
Essas são algumas ideias, mas é importante que o/a professor/a considere a sua realidade, a rotina e o contexto em que está inserida a sua turma, para então propor ações que engajem as crianças.
4ª Etapa: Projeto “Minha escola... Minha vida...”
No estado de Minas Gerais, mais precisamente no município de Barbacena, algumas professoras desenvolveram um projeto denominado “Minha escola… Minha vida…”.
Para o desenvolvimento desse projeto, que se deu no ano de 2009, as duas turmas do segundo ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal organizaram-se para fazer visitas à casa das crianças. Em cada visita, a criança que estava recebendo os colegas teve a oportunidade de apresentar a eles sua casa, contar sobre a família, mostrar seu animal de estimação e o seu brinquedo favorito.
De volta à sala de aula, a professora conduzia uma conversa, para que as crianças relembrassem a visita e aprendessem a escrever os nomes dos familiares do aluno visitado, do animal de estimação, do brinquedo preferido e da rua onde ele mora.
Todo esse processo acontecia seguindo os preceitos de Paulo Freire. Vejamos um exemplo:
Trata-se de um exemplo de sucesso, e um tanto inspirador, da alfabetização de crianças inspirada em Paulo Freire.
Plano de aula elaborado pela Professora Daniela Leite Nunes.
Adaptação para o ensino remoto elaborada pela Prof.ª Dr.ª Nathalie Lousan.
Este plano de aula é parte do especial ‘Paulo Freire 100 anos’. Acesse todos os conteúdos!
Atualizado em 02/09/2021, às 09h30