As oficinas de escritas criativas se popularizaram na última década e trouxeram escritores renomados para perto do público – agora como tutores e mediadores. Ao contrário do que se pensa, tais cursos são indicados para qualquer pessoa que deseja se expressar por meio da escrita.
“A escrita é uma das bases da comunicação moderna, com e-mails e mensagens de texto sendo tão usados”, lembra a escritora e jornalista Milly Lacombe. “Também é possível tomar contato com obras e autores que talvez não ficássemos conhecendo se não fossem as aulas. E entender algumas coisas sobre forma e conteúdo que podem ser úteis até em comunicações banais do dia-a-dia”, opina.
Professores, em especial, podem se beneficiar das atividades. Segundo o coordenador da Pós-Graduação em Escrita Criativa da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Rodrigo Petronio, o motivo é que “não há conhecimento que não seja atravessado e mediado por enunciados”.
“Todos os conhecimentos estão condensados nas imagens, mitos e narrativas. Assim, os profissionais da educação precisariam estar atentos às potencialidades cognitivas da escrita. E não me refiro apenas à literatura, mas a escrever e a narrar”, defende.
Mais do que gêneros textuais 
A professora de Língua Portuguesa, Ariane Alves, viu nas oficinas de escrita criativa uma forma de apurar seu olhar crítico. “Além disso, incorporei as técnicas aprendidas às aulas de produção textual que ministro no Ensino Fundamental e Médio. Principalmente as construções de personagem, diálogo e focos narrativos”, lista.
Segundo ainda Ariane, as oficinas estimulam a reflexão sobre os assuntos que tocam cada participante. “Muitas vezes, nas escolas, ensina-se somente a estrutura própria de cada gênero textual. No entanto, uma das dificuldades dos estudantes é encontrar os temas necessários às suas produções”, reforça.
Os adolescentes, aliás, também podem vivenciar nas oficinas experiências enriquecedoras. “As aulas os ajudam a entender o poder da palavra”, resume a criadora da escola itinerante Go Writer’s, Cris Lisbôa.
Troca de experiências
Cada oficina possui um processo de ensino e aprendizagem diferenciado. A escritora Ivana Arruda Leite, por exemplo, leciona sobre o gênero conto. “Falo sobre a teoria do conto, o que grandes autores escreveram sobre isso e dou muitos exercícios, em classe e para fazer em casa”, esclarece.
Rodrigo Petronio também alia teoria e prática quando ministra oficinas. As aulas incluem a criação do “Caderno do Escritor” (imagens e objetos individuais que sintetizam a narrativa de vida de cada participante) e a leitura de trechos de obras clássicas e contemporâneas.
“O objetivo da leitura é extrair aspectos importantes da criação verbal: narrador, ponto de vista, diálogo, frase, detalhe, personagem, tipologia, tempo, espaço, etc.”, descreve.
Tanto Rodrigo quanto Ivana investem ainda na “leitura cruzada”, na qual os textos são lidos e criticados por todos os participantes. “Cada um pode trazer conteúdos subjetivos sobre os textos alheios e, ao mesmo tempo, exercitar sua capacidade de análise e de crítica sobre aspectos que funcionam ou não em um texto”, finaliza.

Alunos durante as oficinas da Go Writer’s, ministradas por Cris Lisbôa.
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