Reconhecido por seu ativismo ambiental, Al Gore deixou sua causa um pouco de lado nesta terça-feira para falar sobre o futuro da internet e os desafios da rede. O ex-vice presidente dos Estados Unidos esteve na quarta edição da Campus Party Brasil, onde foi recebido pelo pai do WWW, Tim Berners-Lee.

Cristiano Sant’Anna/Divulgação

Al Gore e Tim Berners-Lee no encontro na Campus Party

No principal palco do evento, os dois tocaram uma conversa no melhor estilo “velhos amigos” e compartilharam com o público suas críticas ao controle da web e aos sistemas educacionais que reprimem a criatividade e a liberdade de criação. Para eles, esses processo não estimulam o uso das tecnologias e ainda têm muito a evoluir.

Ambos concordaram que o uso da internet, cada vez mais consciente e voltado para a busca de caminhos e soluções para as questões relevantes do mundo, passa, necessariamente, pela educação. “As escolas ainda não incorporaram realmente esta cultura e estão presas a um modelo que não parece muito interessante aos jovens e não os estimula”, afirmou Al Gore.

Tim Berners-Lee aproveitou o gancho para reforçar o que ele sempre defendeu: “A internet e suas ferramentas estão aí para distribuir conhecimento, facilitar a conexão entre as pessoas. Por isso, o papel dela é tão importante na sociedade e não pode ser deixada de lado pelas instituições de ensino”.

Mas um grande desafio se impõe, como bem ressaltou Tim Berners-Lee: a inclusão digital. O pesquisador, que atualmente dirige a World Wide Web Consortium, organização que supervisiona o desenvolvimento continuado da web, gastou cerca de dez minutos da conversa com Al Gore –que durou pouco mais de uma hora– para destacar que todos os dias ele se pergunta como diminuir o “gap” tecnológico em um planeta onde apenas 20% da população acessa a internet. Para ele, a importância da inclusão desses 80% da população é fundamental para o desenvolvimento social. “A democracia tem muito a ganhar com a utilização dos meios digitais, colocando a informação como o passo principal para essa evolução”, pontuou Berners-Lee.

Controle da web

Cristiano Sant’Anna/Divulgação

Tim Berners-Lee defende uso livre da internet

O público da Campus Party, formado em sua maioria por jovens, não arredou o pé do local até que os convidados saíssem de cena após uma animada “hola”, que refletiu o clima descontraído do debate. Porém, mesmo leve, a conversa abordou a polêmica questão de controle da web, tão em alta após os episódios do Wikileaks.

Tim Berners-Lee e Al Gore se colocaram contra o controle. O pai da web foi taxativo: “Quando alguém tentar impedir que vocês acessem conteúdo, protestem. Sim, que seja em paz, mas protestem. Que seja no Twitter, nos blogs, mas não admitam. Queremos olhar para o futuro e termos a perspectiva de uma internet ainda melhor”. Em um discurso mais alinhado à aspiração e menos focado no direito das pessoas, Al Gore, como se desse um conselho, disse: “A forma como se usa as ferramentas digitais é extremamente importante. Sigam seus corações e mantenham os sonhos das pessoas vivos, não deixem que a rede seja controlada.”

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