A discussão sobre a integração das novas tecnologias à sala de aula foi ampliada na edição 2012 da Interdidática, encontro de tecnologia educacional que reúne anualmente, no único local, workshops, fóruns de discussão e uma grande feira com expositores. No evento que aconteceu entre os dias 17 e 19 de abril, em São Paulo, além dos recursos educacionais disponíveis no mercado e na web para auxiliar educadores nas práticas inovadoras, estiveram em foco as dinâmicas necessárias para integrar as tecnologias às aulas, ao planejamento do educador e para torná-las interessantes ao aluno no contexto educacional.
Para o educador Oscar Becerra, ex-diretor do Departamento de Tecnologia do Ministério da Educação do Peru, existe uma grande diferença entre inovar nos processos educacionais e conseguir que essa inovação seja realmente integrada. Ele foi taxativo em afirmar que um sistema “desligado” da tecnologia, que forma alunos desinteressados por oferecer a eles um contexto tão distante daquele com o qual estão acostumados fora da escola, é o mesmo que não produz bons professores.
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Oscar Becerra demonstra a importância do planejamento tecnológico para a educação escolar
Para o educador, as aulas online são um bom exemplo da tecnologia utilizada a favor da aprendizagem. Na opinião dele, os resultados de pesquisas que relatam ótimo rendimento de alunos que se dispõem a aprender a distância têm a ver com o maior interesse dos alunos da web em sua educação e com seu maior envolvimento no processo educativo.
O educador Alejandro Piscitelli, gerente geral do educ.ar, portal educacional do governo argentino, compartilhou no evento uma palestra mais centrada em experiências práticas e menos conceitual. Falou sobre o seu trabalho com duas classes de alunos carentes de ensino médio: cada aluno ganhou um notebook e passou a receber atenção especial dos professores para trabalhar com aquele recurso a partir de uma abordagem didática. Como todos os estudantes já estavam presentes no Facebook, esta rede também foi incluída nos trabalhos da turma. Eles passaram a discutir disciplinas na rede social e, depois disso, o passo seguinte foi a criação de blogs sobre os conteúdos didáticos.
Para Piscitelli, ficou claro que a experiência fez com que os jovens estivessem mais presentes nas atividades em sala de aula e online. “Até mesmo à noite, era possível encontrá-los discutindo sobre o conteúdo nas redes ou em seus blogs”, conta. Porém, ele salienta que além da tecnologia, a presença e auxílio dos professores foram determinantes para alcançar resultados positivos.
Confira vídeo: educadores falam sobre as discussões da Interdidática
https://youtu.be/dg88J1bxfuc
Como estar na web
O “estar na web”, dispor de ferramentas e de orientação do professor são pontos fundamentais. Mas não menos importante é como marcar presença neste ambiente. Usando quais formatos? Utilizando quais licenças autorais para as publicações? Foi sobre isso que discorreu a pesquisadora de tecnologias educativas Andreia Inamorato, em palestra sobre os recursos educacionais abertos. Ela destacou a importância do conteúdo compartilhado na rede. “O CreativeCommons é, atualmente, a licença aberta mais conhecida e mais utilizada para conteúdo aberto na internet. A vantagem é que está se tornando uma linguagem padrão, mais fácil de identificar em mecanismos de busca, por exemplo”, conta.
Leonardo Neiva
Andreia Inamorato defende o uso de recursos educacionais abertos em sala de aula
Andreia defende que é necessário existir uma abordagem sistêmica entre os processos educacionais e os conteúdos utilizados por eles: “a educação básica e superior precisam conversar entre si e conectar seus métodos de ensino. Os professores precisam ser incentivados pela escola a trocar informações sobre os recursos educacionais abertos”. Para seguir essa ideologia de abertura, a pesquisadora também disponibilizou em seu blog todo o material usado durante a apresentação para ser utilizado pelo público interessado.
Mobile learning e ações educativas
O mobile learning também esteve presente na Interdidática. Martín Restrepo, diretor de tecnologia educacional da Editacuja, apresentou palestra sobre iniciativas que utilizam o recurso em sala de aula. Ele destacou a facilidade de uso e a presença de dispositivos móveis em todas as camadas sociais como vantagens para a sua utilização na aprendizagem. Como exemplo, Restrepo citou a ação de mobile learning realizada no colégio Lourenço Castanho, que também foi tema de reportagem no portal.
Durante a palestra, Martín apresentou o MEL – Mobile EducationLab, iniciativa da Editacuja que visa criar um laboratório virtual para o desenvolvimento de projetos educativos por parte dos professores. Ele também lançou um desafio para os educadores presentes: experimentar os aplicativos disponibilizados pelo site e planejar uma ação com os alunos a partir deles. “Já faz algum tempo que estamos nos tornando criadores e agora podemos gerar nossos próprios conteúdos e aplicativos”, concluiu.
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