Ajudar o estudante a entender e a discutir políticas públicas pode ser uma alternativa eficiente contra o movimento contemporâneo de disseminação das fake news, segundo a diretora do Centro de Experiências e Inovação de Políticas Educacionais, da Faculdade Getúlio Vargas, Cláudia Costin.

“Notícias falsas tem uma intencionalidade, que pode ser causar prejuízos a um grupo ou a adversários políticos, mobilizar a população para guerras, canalizar ódio ou desviar a atenção de políticas públicas. Em um processo eleitoral, quando estamos discutindo coisas como um e-mail ser falso ou verdadeiro, deixamos de falar sobre saúde e educação, por exemplo”, explicou ela durante o seminário Beyond Fake News – Em Busca de Soluções, organizado pela BBC News Brasil, em 12 de março de 2019. “A educação só é antídoto para fake news quando forma para a cidadania.”

Para ela, uma forma de educar com esse objetivo e ensinar o jovem a entender políticas públicas é aproximá-lo dos problemas da sua realidade cotidiana. “Um exemplo pode ser o lixo na comunidade, que é uma questão sanitária. Ajudar esse aluno a pensar no porquê daquele problema, como resolvê-lo, quais políticas são melhores”, acrescentou.

Pensamento crítico

Aprender a pensar criticamente é outro ponto chave para educar o jovem para esse fenômeno contemporâneo, na opinião de Costin. “A educação midiática ajuda porque fornece ferramentas para o aluno desenvolver essa criticidade”, explicou.

De acordo com a educadora, essa também seria a saída para as acusações de que a escola “doutrina” os estudantes. “É necessário aprender o pensamento crítico e sistemático, ou seja, ver a relação e a interação entre vários fatos. Entender de onde veio aquilo e o que o motivou”, descreveu.

“Um projeto como o Escola Sem Partido não é eficiente para isso. Não é uma questão de absorver a visão crítica do professor, mas desenvolver a própria. Também não é aprender a fazer fact-checking.”

Ela ainda apontou que a criticidade passa pela escola. “A forma como o currículo está dividido, em pensamento e saberes extremamente fragmentados, não colabora. É preciso aprender a pensar matematicamente, historicamente, enfim, a pensar”, pontuou.

Para ela, o pensamento crítico seria o antídoto para que a população jovem não fosse fisgada pelo populismo político no futuro. Outro benefício seria a valorização para o mercado de trabalho. “Em uma época em que a inteligência artificial está substituindo todas as formas de trabalho, inclusive o intelectual, pela máquina, é fundamental formar humanos. Isso significa jovens capazes de pensar criticamente, sistematicamente, e ter empatia”, concluiu.

Crédito da imagem: divulgação

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