A média das escolas com mais de dez alunos que prestarão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no próximo fim de semana, deverá sofrer influencia maior do nível socioeconômico dos alunos do que da qualidade do ensino dessas escolas. A conclusão é da pesquisa “Limite e Possibilidades do Enem como Indicador de Qualidade Escolar”, do doutorando da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Rodrigo Travitzki.

Após analisar dados do Enem 2009 e 2010, Travitzki ressalta que a renda familiar, a escolaridade dos pais e fatores socioeconômicos explicam 80% das médias das escolas. Já os outros 20% podem ser creditados ao mérito da própria escola.

Assim, segundo o pesquisador, o ranking atual que classifica as melhores instituições de ensino no Enem serve mais para escolas elitizadas do que para o governo e a sociedade. “Isso porque elas trazem bons resultados. Podemos pensar que uma boa escola é essa com ótimos números. Dentro dessa visão, basta pensar em ter alunos que façam bem teste. Então o ranking do Enem é um bom indicador, nesse sentido.”

No entanto, dependendo de como a qualidade escolar é encarada, o Enem pode não ser um bom indicador, principalmente para as escolas que atendem famílias mais pobres. “Agora, outra forma de pensar o conceito de qualidade escolar é olhar para aquela que conseguiu evoluir o aluno. Ver o resultado inicial e o resultado final. De onde ela partiu e onde chegou. Isso seria melhor para avaliar os resultados da escola”, explica.

Os resultados da pesquisa indicam que não necessariamente uma escola que se encontra em uma posição ruim no atual ranking está no caminho errado com relação ao aprendizado. “De forma geral, o que posso dizer é que o papel da escola é limitado, a escola não pode tudo. Se queremos melhorar o resultado em testes dos alunos temos que pensar no Brasil como um todo, não adianta jogar toda responsabilidade na escola”, pontua.

Outro ranking
Travitzki analisou o questionário do Enem que os alunos respondem com informações sobre seu perfil. Com base nisso, propõe outro ranking de escolas no exame. “Um que consiga identificar a escola que partindo de condições desfavoráveis fez um bom trabalho. Já posso adiantar, pelos resultados das minhas pesquisas, que as diferenças entre escolas privadas e públicas ficam muito menores depois de isolar o fator socioeconômico”, revela.

“Já que boa parte das escolas tem a questão socioeconômica, não podemos culpa-las pelos resultados da educação. Temos que pensar na educação informal também, e principalmente na desigualdade social. Há muito trabalho a ser feito”, conclui.

A divulgação do novo ranking proposto deverá ocorrer em março de 2013, quando está prevista a defesa da tese. Outra informações podem ser encontradas no site do pesquisador em rizomas.net
 

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