Publicado em
30 de junho de 2015
“Uma coisa é quando a gente lê a respeito de uma
personagem histórica, outra coisa é quando você vê essa
figura concretizada no corpo do ator.”
Bete Dorgam, atriz que encarna a educadora Nísia Floresta
Três momentos no Retrovisor: Paulo Markun e Bete Dorgam ensaiam; a atriz no camarim;
entrevista durante a gravação do programa (Crédito: divulgação)
O público que vai ao Teatro Eva Herz, na Avenida Paulista, em São Paulo, duas vezes por mês, convive por mais de uma hora com personalidades importantes da história do Brasil, interpretadas por atores para gravação do programa Retrovisor. Paulo Markun é o idealizador do projeto exibido pelo Canal Brasil. Segundo ele, o estilo do talk show é inspirado no Inside Actors Studio (criado em 1994 e apresentado por James Lipton), “que é um programa muito bem-sucedido, feito com atores de Hollywood falando sobre suas vidas, diante de uma plateia, com perguntas do público”. Aqui o entrevistado é uma figura histórica.
Com mais de quatro décadas de jornalismo, além de ser conhecido por ter comandado programas como o Roda Viva (TV Cultura), Markun se dedica, há muitos anos, às biografias e aos livros de não-ficção históricos. Ele considera que esta experiência contribui para o resultado do Retrovisor e ressalta: “já publiquei 15 livros nessa área e acabei trabalhando mais nisso do que nos fatos do dia a dia”.
A segunda temporada entra no ar ainda este ano. Enquanto isso, quem está em São Paulo, pode acompanhar as “entrevistas” (que acontecem até outubro) com Joaquim Nabuco, Maria Quitéria, Delmiro Gouveia, Floriano Peixoto, Plácido de Castro, José Bonifácio e Francisco José do Nascimento. Na página do Retrovisor do Facebook, o público acessa a agenda de gravações, que acontecem sempre às quintas-feiras, a cada quinze dias, com entrada franca. Os participantes recebem ainda um certificado que possibilita aos estudantes integrar o evento às “atividades extracurriculares” exigidas por faculdades.
No áudio, você acompanha os bastidores do programa com as impressões do idealizador do projeto, da entrevistada e do público presente à gravação. No dia em que nossa reportagem esteve no teatro, a educadora, escritora e jornalista Nísia Floresta Brasileira Augusta foi “incorporada” pela atriz Bete Dorgam, professora da Escola de Arte Dramática da USP e da Escola Superior de Artes Célia Helena. A atriz destacou a participação do público. “Foram perguntas muito provocativas. Naquele momento, eu tive realmente que pensar como essa mulher responderia, tentar ouvir esses questionamentos a partir da escuta da Nísia. Foi um desafio muito interessante.”
A historiadora Marcia Camargos é a responsável pela definição da personagem e pelo foco da entrevista. A partir das informações que recebeu por meio de um dossiê da personagem, Dorgam reconheceu a importância de Nísia, a primeira educadora brasileira, que tinha como proposta educar mulheres para que elas se tornassem cidadãs ativas e livres. Por ser diretora teatral, a entrevistada fez questão de destacar o trabalho como primorosa produção. “O figurino e a caracterização foram absolutamente determinantes. Na imagem, que a gente tem dela, está com essa roupa.”
“A caracterização foi minuciosamente feita com todo amor e com todo carinho. Tudo isso foi me dando uma imagem dessa mulher e essa imagem foi chegando ao meu corpo.” (Crédito: divulgação)
LINKS
– Acompanhe os bastidores do programa e a agenda das próximas gravações pelo Facebook do Retrovisor
– Assista a entrevista do livro recentemente lançado por Paulo Markun sobre a ditadura no Brasil
– Para agendar grupos para participarem das gravações, entre em contato pelo email revancheproducoes@gmail.com
CRÉDITO: a música desta reportagem é a mesma utilizada como trilha sonora do programa Retrovisor: “Serenata D.957”, de Schubert, com The Royal Schubert Orchestra.
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