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O garoto Téo e a borboleta Eulália estão de volta no terceiro livro da série de história em quadrinhos criada por Caetano Cury. Com o nome de “Quentinho no Coração”, o artista volta a manifestar em seus traços a sensibilidade que marca o trabalho ‘Téo & o Mini Mundo’, iniciado em formato de webtirinhas distribuídas nas redes sociais há 10 anos. Com lirismo e profundidade, o livro propõe uma viagem para o mini mundo, em que o leitor é convidado a visitar a si mesmo e seus pensamentos, inclusive diante de temas sensíveis.

“Eu gosto de jogar uma luz de uma forma que ela vai iluminar e não ofuscar, não cegar. Tento falar de coisas duras e que podem causar divisão através de metáforas, que é uma forma mais sutil de provocar um pensamento, mesmo que, talvez, inconsciente”, divide o autor.

O menino e o mundo

“Téo & o Mini Mundo” nasceu a partir da ideia de criar um menino que observa os detalhes da vida por meio das lentes de um microscópio, onde tudo pode acontecer. Nas tirinhas, amor, humor e autoconhecimento são retratados pelas aquarelas em um processo artesanal do quadrinista.

quadrinho teo e o mini mundo quentinho no coração
Quadrinho de ‘Téo e o Mini Mundo – Quentinho no coração’ (crédito: divulgação)

“O Téo tem uma amiga, companheira, que é a borboleta Eulália, uma espécie de voz da consciência dele. Então eles conversam sobre todas as questões emocionais que o Téo tá vivendo, em diálogos que são desenvolvidos em cenários rurais, que remetem às minhas origens, Guaxupé, Guaranésia, sul de Minas Gerais”.

Ao lado dos personagens principais Téo e Eulália, há uma dezena de outros criados para transmitir mensagens produzidas em 2020, 2021 e 2022 em 90 pequenas narrativas distribuídas em 120 páginas.

Veja mais:

“Téo & o Mini Mundo”: uma mensagem de fim de ano com empatia e esperança

Tirinhas trazem reflexão e demonstram importância da filosofia no dia a dia

Transcrição do Áudio

Música: Introdução instrumental de “Tão longe de tudo e perto daquilo que quero”, de Reynaldo Bessa, fica de fundo

Caetano Cury:
Eu tento falar de coisas complexas e que podem doer de um jeito que não seja muito agressivo, por exemplo, em vez de eu pegar um personagem político e desenhar esse personagem explicitamente, – as pessoas que gostam dessa figura, vão imediatamente rechaçar essa tirinha e as pessoas que não gostam vão imediatamente acolher -, então a gente vai criar uma divisão aí, se eu ficar desenhando explicitamente as pessoas. Não é minha intenção, embora eu admito pessoas que fazem esse tipo de trabalho, né, desenhando ali os políticos, eu acho que isso é essencial, fundamental, sensacional, mas não é o meu estilo de trabalho assim. Eu gosto de jogar uma luz de uma forma que ela vai iluminar e não ofuscar, não cegar. Tento falar de coisas duras e que podem causar divisão através de metáforas, que é uma forma mais sutil de provocar um pensamento ali, mesmo que, talvez, inconsciente.

Meu nome é Caetano Cury. Eu faço histórias em quadrinho. Tenho uma série de livros chamada ‘Téo & o Mini Mundo’, hoje eu me identifico como quadrinista, e sou muito feliz por isso.

Vinheta: Livro Aberto – Obras e autores que fazem história

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:
Uma década após a publicação das primeiras webtirinhas, o garoto Téo e a borboleta Eulália estão de volta no terceiro livro da série ‘Téo & o Mini Mundo’. Em ‘Quentinho no coração’, Caetano Cury volta a manifestar em seus traços sensibilidade para tratar de temas profundos.

Caetano Cury:
Téo é um menino que olha o mini mundo que existe na lâmina do microscópio dele, então tem um universo inteiro ali no microscópio. Tem uma pegada bem filosófica, que é o que eu tava sentindo 10 anos atrás, em 2012, quando eu criei o ‘Téo & o Mini Mundo’, eu tinha necessidade de falar sobre questões existenciais, né, refletir sobre a vida, sobre quem nós somos, sobre o rumo que a gente tá tomando.

Música: “Borboleta” (Marisa Monte / Juvenal De Holanda Vasconcelos / Carlos Roberto Cavalcanti De Albuquerque), com Marisa Monte
Eu sou uma borboleta pequenina e feiticeira
Ando no meio das flores procurando quem me queira

Caetano Cury:
O Téo tem uma amiga, companheira, que é a borboleta Eulália, uma espécie de voz da consciência dele, ela é muito racional e o Téo é mais emocional, então o Téo tem medos, ele tem desejos, ele tem angústias e a Eulália é uma espécie de reflexão sobre os medos, as angústias, enfim. Então eles conversam, né, sobre todas as questões emocionais que o Téo tá vivendo, em diálogos que são desenvolvidos em cenários rurais, que remetem às minhas origens, Guaxupé, Guaranésia, sul de Minas Gerais.

Som de página de livro sendo virada

Música: Introdução instrumental de “Tão longe de tudo e perto daquilo que quero”, de Reynaldo Bessa, fica de fundo

Audiodescrição de uma das tirinhas do novo livro:
Caetano Cury:
O terceiro livro se chama ‘Quentinho no coração’ porque tem uma tirinha que está na página 41. O Téo tá em pé, a Eulália voando, o Téo com os braços pra trás na primeira cena, na segunda cena ele encolhe os braços, na terceira e última cena ele vira o cotovelo pro alto e a Eulália pousa no cotovelo dele e ele se aproxima, na primeira cena ela tá um pouco distante. Tem o seguinte texto: ‘Você é pura contradição, me dá frio na barriga e quentinho no coração’ e nesse momento a Eulália vai se aproximando e pousa no braço do Téo.

Som de página de livro sendo virada

Caetano Cury:
Eu achei que ‘quentinho no coração’ tinha a ver com o espírito desse livro, assim como no segundo livro chamado ‘O Lugar do outro’ eu peguei uma frase de uma tirinha que o Téo pergunta pra Eulália: ‘Que lugar eu deveria conhecer?’ a Eulália fala: ‘O lugar do outro, talvez’ nesse terceiro livro eu tô seguindo essa lógica de pegar uma frase de uma tirinha e usar como subtítulo, mas não só por causa disso, é porque o espírito desse livro ele é mais quentinho do que os anteriores, ele é mais leve, a gente já tinha saído da fase crítica da pandemia, né, já tinha vacina, além disso eu fiz a maior parte dessas tirinhas românticas, né, inspiradas pela Val, que é minha esposa, inclusive o livro é dedicado a ela, então esse é o eixo do livro e tem outros personagens que vão intercalando com as histórias de Téo e Eulália, personagens que não tem nome, que vão aparecendo uma vez só em tirinhas avulsas.

Som de página de livro sendo virada

Música: Introdução instrumental de “Tão longe de tudo e perto daquilo que quero”, de Reynaldo Bessa, fica de fundo

Audiodescrição de outra tirinha do livro

Caetano Cury:
Tirinha da página 11 do “Téo & o Mini Mundo – Quentinho no Coração”: uma cena de uma senhora sentada numa praça, ela tem o cabelo branco, pele negra, usa um vestido rosa, tá sentada num banco de concreto, tá escrito assim: ‘Sinto tua falta, mas também sinto tua presença por toda parte.’ E com quatro cenas, ela, com os olhos fechados, sente a presença do marido, que dá a entender na tirinha que ele morreu, então, ela está sozinha no banco, mas na terceira cena ela aparece com ele sentado do lado dela quando tá escrito ‘tua presença’. ‘Tua presença’ ele tá sentado do lado dela. ‘Por toda parte’. Na última cena ele está por toda parte, aparece multiplicado várias vezes na praça: andando de bicicleta, sentado no banco, caminhando, sentado na beira de uma árvore… essa é a cena: ‘sinto tua falta, mas também sinto tua presença por toda parte’.

Som de página de livro sendo virada

Caetano Cury:
Não tem um assunto único assim, embora alguns assuntos apareçam com uma frequência maior. Aparecem algumas vezes, reflexões sobre o vazio, vazio existencial, vazio no peito, angústia, incertezas, enfim, que tem vários nomes, mas no fundo acaba sendo uma coisa só, o autoconhecimento, uma reflexão sobre como nós somos formados, né, as marcas que estão em nós, sobre relacionamentos, tem muitas tirinhas sobre amor, sobre estados felizes e infelizes de pessoas que estão enamoradas ou não.

Música: Introdução instrumental de “Tão longe de tudo e perto daquilo que quero”, de Reynaldo Bessa, fica de fundo

Caetano Cury:
Agora vamos aqui para a página 18: o Téo é um menino ruivo, pele branca, com colete verde, calça marrom, embaixo do colete ele tem uma blusa de manga comprida com listras pretas, a Eulália é uma borboleta que tem naipes do baralho, copas, ouro, paus e espada nas suas asas, e o Téo tá sentado com as pernas cruzadas, com as mãos entre as pernas, vira pra Eulália e diz: ‘Você é tudo para mim’ aí a Eulália responde: ‘Eu sou só um grão de areia no universo’. O Téo olha pra baixo, volta a olhar pra Eulália e arremata: ‘Você é um universo no meu grão de areia.’

Som de página de livro sendo virada

Caetano Cury:
E tem uma reflexão muito presente em todos os três livros do ‘Téo & o Mini Mundo’ que é o uso excessivo de celular, são as telas que sugam a nossa alma, sugam o nosso tempo, a nossa criatividade, a nossa energia e mudam o mundo, transformam o mundo por completo, né, então é uma reflexão que eu faço bastante, assim, sobre como a gente é escravizado pelas redes sociais, enfim.

Música: Introdução instrumental de “Tão longe de tudo e perto daquilo que quero”, de Reynaldo Bessa, fica de fundo

Caetano Cury:
E agora eu vou pegar mais uma aqui, página 82: um homem de uns 40 anos, cabelo castanho, pele branca, com camisa amarela, e ele tá olhando uma televisão onde tem um tanque de guerra. Na segunda cena ele pega o celular, na terceira cena põe o celular na orelha, na quarta, quinta, sexta e sétima cenas ele tá sentado num sofá, com chinelo, e o texto de toda a tirinha é: ‘Ontem terminei a guerra. Chega! Liguei para meu irmão que há 15 anos não vejo. Pedi desculpas, ele também. Ninguém percebeu, nem saiu na TV. Mas ontem a humanidade, deu um pequeno passo em direção à paz mundial.’ E na última cena, ele com perna cruzada, com os olhos fechados e uma lágrima escorrendo e um sorriso no rosto.

Música: “A notícia” (Celso Viáfora / Vicente Barreto), com Nilson Chaves
O “New York Times” não deu uma linha
A “BBC” de Londres nenhuma palavra
Mas ontem no Xingu um índio se afogou
E um guarda-marinha
Se atirou nas águas
Pra salvar a sua vida

Mixa com música instrumental de Reynaldo Bessa

Marcelo Abud:
Nas tirinhas do quadrinista Caetano Cury, amor, humor e autoconhecimento são retratados por aquarelas em um processo artesanal. Além dos livros, elas podem ser acompanhadas também no Instagram @teoeominimundo.
Marcelo Abud para o Livro Aberto do Instituto Claro.

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