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Lançado originalmente pelo selo britânico “Frances Lincoln Children’s Books”, o livro “Greta e os Gigantes” chega em fevereiro de 2020 ao Brasil. Para entender sobre as motivações da obra, o Instituto Claro entrevistou, por telefone, a autora da obra Zoë Tucker, que está na Inglaterra.

“O meio ambiente sempre foi uma fonte de interesse para mim. Eu reciclo, eu não gasto coisas sem necessidades, eu adoro fazer minhas próprias roupas, costurar, tricotar, eu tento não consumir em excesso; e eu vivo em uma cidade brilhante, Brighton, na costa sul da Inglaterra”, revela a ilustradora e escritora.

Zoë Tucker conferindo a arte da versão original do livro, que está chegando ao Brasil neste mês (crédito: divulgação)

 

A motivação para escrever sobre a jovem ativista Greta Thunberg veio, ainda segundo ela, em função das inúmeras manifestações que acontecem em várias partes do mundo nos dias de hoje, o que a fez pensar no papel da garota.

“Ela é muito inspiradora. Todos nós podemos aprender algo com a sua coragem e determinação. Às vezes, a gente só precisa de um instante de coragem para fazer alguma diferença”.

Na história, a floresta está sendo destruída. Os animais se unem e pedem ajuda à Greta. “Os ‘gigantes’ simbolizam algumas pessoas, companhias, empresas que estão usando de forma irresponsável os recursos do planeta, ao mesmo tempo em que eles também nos representam numa visão menor, na questão do consumo”, defende a autora.

O livro é produzido com material 100% reciclável e em impressoras sustentáveis em cada país em que está sendo lançado, evitando o transporte de grandes distâncias para sua distribuição.

“Conseguimos reduzir muito todo o processo de agressão e impacto ao planeta. Nós fizemos a campanha do livro pouco antes de ele sair e para cada livro solicitado, plantamos uma árvore”. Parte da venda de cada exemplar da edição brasileira é doada ao Greenpeace Brasil.

“Greta e os Gigantes” tem ilustrações de Zoe Persico (crédito: divulgação/Editora Carochinha)

 

Conhecida por seus discursos impactantes em eventos com os principais líderes mundiais, Greta, aos 16 anos, chamou a atenção do mundo pela sua  luta em defesa do meio ambiente e por uma consciência acerca dos danos  que a sociedade tem causado ao planeta. Ela iniciou um movimento de resistência ao exibir, em frente ao parlamento sueco, uma placa na qual sinalizava seu protesto contra a crise climática.

Por manter essa vigilância todas as sextas-feiras, o movimento solitário da jovem, iniciado em 2018, repercutiu e foi ganhando adeptos ao redor do mundo, inclusive no Brasil, mobilizando pessoas de todas as idades.

Conhecido mundialmente como Fridays For Future, o protesto atualmente recebe o apoio de grandes órgãos mundiais e rendeu à Greta a indicação ao Nobel da Paz em 2019 e novamente agora em 2020.

Link:
Podcast “Jovens ativistas ganham voz na luta pela proteção dos direitos das gerações futuras”

Crédito das imagens principais: divulgação

Transcrição do áudio:

Zoë Tucker:
Por que eu escrevi um livro sobre a Greta? Bom, eu estava pensando como manifestações e protestos se tornaram comuns no mundo de hoje. Sempre há alguém protestando. É algo que te deixa animada, mas ao mesmo tempo preocupada.

Meu nome é Zoë Tucker. Sou diretora de arte, ilustradora e escritora de livros infantis.

Som de página de livro sendo virada

Vinheta: “Livro Aberto – Obras e autores que fazem história”

Música instrumental, de Reynaldo Bessa, de fundo

Marcelo Abud:
Autora de “Greta e os Gigantes”, a britânica Zoë Tucker atuou como ilustradora de obras infantis por vinte anos até começar a escrever suas próprias histórias.

Zoë Tucker:
A parte favorita dos meus projetos são as etapas iniciais, quando nós trabalhamos com storyboard, decidindo como os personagens interagem na narrativa. Acredito que tudo isso me influenciou e me inspirou para minha própria escrita, meu trabalho. Quando eu não estou trabalhando como ilustradora, dedico-me aos meus próprios textos nos finais de semana, geralmente, à noite. Estou escrevendo mesmo há dois anos. Nunca pensei que um dia escreveria um livro de minha autoria. Mas essa foi a forma de me encontrar.

Marcelo Abud:
A presença constante de notícias sobre protestos nos jornais foi a motivação para a autora transformar Greta em uma personagem para crianças.

Zoë Tucker:
Ela é uma mulher-protesto. Isso é de muita coragem e determinação. Ela simplesmente iniciou isso sozinha. No começo, ninguém a notou, mas devagar as pessoas foram se unindo a Greta. Agora, praticamente depois de dois anos, o mundo está se aliando a ela. É uma jovem muito inspiradora. Todos nós podemos aprender algo com a sua coragem e determinação. Às vezes, a gente só precisa de um instante de coragem para fazer alguma diferença.

Música: “Minha vida” (‎Lennon-McCartney), versão de Rita Lee para a música “In my life”, dos Beatles
“Tem lugares que me lembram / Minha vida / Por onde andei / As histórias / Os caminhos / O destino que eu mudei”

Zoë Tucker:
É um livro clássico de história para crianças. E eu queria muito que ele fosse um livro normal de ilustrações, digo, com começo, um bom meio, e um final impactante. Mas um final feliz, que pode até não ser realista, mas como é para crianças, eu queria transmitir uma mensagem de coragem e esperança. Quando eu estava escrevendo a história eu mantive os amigos e os filhos em mente. Muitos deles são de famílias muito jovens. E eu pensei em fazer um livro acessível.

A ilustradora, Zoe Persico, fez um trabalho maravilhoso que abre muito o diálogo com o meu texto. O leitor se envolve muito com as imagens. Elas convidam as famílias para ter uma conversa mais próxima. Eu queria que o livro fosse realmente instigante, inspirador. Eu acredito que todas as crianças e suas respectivas famílias vão gostar da história por conta da informação no final de como fazer a diferença e ajudar a si e aos outros. Foi muito animador ouvir de pessoas ao redor do mundo que encontraram o livro e gostaram da mensagem que ele oferece.

Som de página de livro sendo virada

Zoë Tucker:
Há três temas principais no livro: o primeiro e mais óbvio é o clima. Na história, os gigantes estão destruindo a floresta. Eles não param até que a floresta esteja quase devastada. Os animais da floresta se unem e pedem ajuda à Greta. Os gigantes simbolizam algumas pessoas, empresas que estão usando de forma irresponsável os recursos do planeta.

Música: “Help” (Lennon-McCartney), versão do grupo Beatles para Crianças
“Help, I need somebody / Help, not just anybody / Help, you know I need someone, help! / When I was younger, so much younger than today / I never needed anybody’s help in any way”

Zoë Tucker:
O segundo tema é a bravura, a coragem. Todo mundo, de um jeito ou de outro, já sentiu vontade de levantar-se e dizer algo que acredita, mas teve medo de parecer bobo, medo do confronto, isso acaba o impedindo de fazer. Às vezes, é preciso esse momento único de coragem para fazer a diferença. É muito importante dar voz às outras pessoas e ao planeta.

Música: “Tudo por Amor” (Lennon–McCartney), versão de Rita Lee para “ Can’t Buy Me Love”, dos Beatles
“Compre o mundo inteiro / Meu bem! / Se isso lhe deixa feliz /Vá morar no estrangeiro /Meu bem! /Torrar os dólares do seu país /Você faz tudo por dinheiro / Eu faço tudo por amor”

Zoë Tucker:
E o terceiro tema é o sentimento de coletividade. E eu tenho muita paixão por isso. Levantar-se e falar sozinho pode ser assustador, mas quando estamos juntos somos mais fortes. Estamos muito isolados, não estamos trabalhando como um time, e nós precisamos nos ver mais, conversar um com o outro, compartilhar histórias, ideias. Basta você participar de uma manifestação sobre o clima para sentir essa força.

A mensagem central do livro, o cerne dele, é realmente lutar pelo que você quer ter. Precisamos definitivamente defender os recursos do planeta, parar de destruir as florestas e parar de bagunçar o nosso lindo planeta.

Som de página de livro sendo virada

Zoë Tucker:
Eu vou ler um trecho do livro pra você:

“Você vai nos ajudar? – perguntou o lobo;
Greta olhou ao redor. Os animais pareciam cansados e tristes.
Como?
Então Greta teve uma ideia: na manhã seguinte, Greta foi para o meio da floresta e esperou que os gigantes viessem.
Ela estava sozinha segurando uma grande placa onde estava escrito: PAREM!
Ela esperou. E esperou…
No primeiro dia, os gigantes não a viram, no segundo e terceiro também não.
Então, algo estranho aconteceu: um garotinho que também viu Greta fez uma placa igualzinha e ficou ao seu lado.
Ele não falou nada, mas Greta sabia que ele se sentia como ela.
Logo outras pessoas e animais viram o que eles estavam fazendo e se uniram a eles.
Em pouco tempo uma grande multidão preencheu toda a floresta até as fronteiras da cidade.
Ficaram juntos e esperaram.
A multidão era tão grande que os Gigantes ficaram paralisados.

Música instrumental, de Reynaldo Bessa, de fundo

Marcelo Abud:
“Greta e os Gigantes” apresenta ainda aos jovens leitores algumas sugestões para ajudá-los a combater as mudanças climáticas.

Este podcast contou com tradução de Milena Carmona e Reynaldo Bessa. Locução de Walkíria Britt e produção de Daniel Grecco.

E sou Marcelo Abud, para o Livro Aberto do Instituto Claro.

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