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Em outubro próximo, a morte da poeta e tradutora Ana Cristina Cesar (ou Ana C.) completa 35 anos. A escritora é considerada uma das principais estrelas da geração mimeógrafo da década de 1970, que levou intelectuais e artistas a buscarem meios alternativos de difusão cultural.

Junto a obras como “Sobrevivendo no inferno”, de Racionais Mc’s, “A teus pés”, de Ana Cristina Cesar, é considerada uma novidade audaciosa pelo professor de letras da PUC de São Paulo Carlos Eduardo Siqueira, entrevistado neste Livro Aberto. “Me chamou muito a atenção, achei incrível, ousado. É bom que os alunos do ensino médio tenham a possibilidade de entrar em contato com esses textos mais contemporâneos”, ressalta.

“A teus pés”, de 1982, é o último livro de Ana Cristina César, publicado cerca de um ano antes da poeta se suicidar. A obra reúne os três livros anteriores de edição independente: Luvas de Pelica, Correspondência Completa e Cenas de Abril. Na coletânea, dor e elegância, realidade e ficção se misturam nas vivências urbanas de Ana C.

O seu nome está ligado à poesia marginal, apesar de sua obra se distinguir das de outros poetas de seu tempo. A autora atualiza dois gêneros usualmente considerados literatura menor: a carta e o diário. Em “A teus pés”, destaca-se o coloquialismo da linguagem e uma interação entre o sujeito lírico e seu leitor.

Vestibular

Na entrevista concedida ao Instituto Claro, Siqueira arrisca um aspecto que pode ser foco da prova do vestibular da Unicamp, a intertextualidade. “Há presença de textos de outros autores, às vezes estrofes inteiras ou alusões a outras obras. No entanto, muitas vezes, ela faz isso sem indicação. Você acha que está lendo um texto totalmente escrito por ela, mas na verdade, tem outra pessoa ali falando”. Esta intertextualidade explica como a poética de Ana C. consegue, simultaneamente, valer-se de diários e cartas para representar uma pluralidade de vozes, mantendo uma linha tênue entre texto e contexto, ficção e realidade, autor e leitor.

Créditos:
As músicas utilizadas na edição do áudio, por ordem de entrada, são: “Here comes the sun” (George Harrison), na voz de Nina Simone; “Lá vem o sol” (versão de Lulu Santos), “Pais e filhos” (Marcelo Bonfá / Dado Villa-Lobos / Renato Russo), “Minha casa” (Zeca Baleiro), “Um som pra você” (versão de Cecilia Spyer e Dadi para a música “I’ll write a song for you”) e “O novo” (Reynaldo Bessa).

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