Livro conta memória de criança sobre a ditadura militar
A personagem do livro confunde-se com a própria vivência da autora Elinete Miller
AutorMarcelo Abud
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Publicado em1 de abril de 2014
A autora Elinete Miller no lançamento do livro,
em São Paulo (Crédito: Divulgação)
Elinete Miller é a entrevistada desta edição do Livro Aberto. A equipe do NET Educação foi ao lançamento de “A Menina que Desenhava com Amoras”, em São Paulo (SP), e conversou com a escritora sobre o romance que narra o sofrimento, a brutalidade, o medo e as dores gerados pela ditadura militar no Brasil, pelo ponto de vista de uma criança.
A personagem do livro, em muitos aspectos, confunde-se com a própria vivência da autora. O pai de Elinete foi ativista político e sofreu com a repressão na época do Governo Vargas. Já quando o golpe de 64 se deu, a escritora era uma jovem que morava e estudava em Brasília (DF). Naquele período, ela trabalhava com educação e era líder da igreja da qual fazia parte, fatores que a tornaram alvo fácil dos militares e a levaram a fugir da cidade, sem ter tempo sequer de avisar a família de seu paradeiro.
“A Menina que Desenhava com Amoras” é resultado de um intenso trabalho de pesquisa, que teve início ainda na década de 70, logo após Elinete ter tido contato com a mãe do desaparecido político João Honestino. Por medo, a obra foi interrompida várias vezes, até que em 2012 a autora retoma o livro e consegue concluí-lo.
Na entrevista, Elinete fala das influências para se tornar escritora, conta detalhes do livro e revela o processo de criação da obra, além de ler um trecho que nos deixa a par da brutalidade à qual algumas crianças foram submetidas durante o regime militar, entre 1964 e 1985.
Links:
– Ouça reportagem da Rádio Estadão sobre a infância de crianças que cresceram com pais perseguidos pela ditadura
Créditos: as músicas utilizadas no áudio, por ordem de entrada, são “April”, de Frederic François Chopin, “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil (com Chico e Milton Nascimento), “Que as Crianças Cantem Livres”, de Taiguara, e “Canção do Novo Mundo”, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, com Milton Nascimento.