“Vidas Secas” está inserido no segundo período do Modernismo, quando, nos anos 1930, o romance regionalista nordestino se destaca.26

O período é definido pelo crítico Tristão de Athayde como a fase da literatura brasileira em que “um grupo de escritores norte-nordestinos mobilizou-se para tornar os problemas da região como pano de fundo de sua experiência”.

Caracterizado como um romance-depoimento, “Vidas Secas” traz a vivência no enfrentamento da seca. Sobretudo na adolescência, o autor Graciliano Ramos vê a vida na fazenda Pintadinho (Pernambuco), em que seu pai criava gado, se tornar insustentável, por causa de um longo período de estiagem.

Uma frase do próprio autor define bem como ele pensava a literatura: “o artista deve procurar dizer a verdade, naturalmente. Pequenas verdades, essas que são nossas conhecidas”.

É o que faz no romance lançado pela primeira vez em 1937. A experiência de jornalista, agrega um estilo peculiar de narrar. A obra adota uma linguagem cáustica para traduzir a subvida do homem sertanejo, que se vê diante de um embrutecimento e é reduzido à condição de bicho.

No final, a sensação que se tem – diante da vida levada por Fabiano, a esposa Sinha Vitória, o menino mais novo, o menino mais velho e a cadela Baleia – é a de que andar é preciso, mas não faz a menor diferença, já que a caminhada não permite nenhum tipo de mobilidade social. Ao atravessar a caatinga, são atormentados por sede, fome e cansaço.

“Vidas Secas” é considerada a contribuição mais valiosa do Neo-Realismo na literatura brasileira. Boa parte dessa importância está na preocupação de Graciliano em privilegiar a visão do homem quase primitivo da zona mais afastada do sertão. Sua obra retrata o pensamento desse ser rude diante do meio físico hostil e da injustiça humana.

Links:
Site em homenagem a Graciliano Ramos
Letra da música Seca, de Djavan, lançada em 1996, no CD Malásia
Notícia atual sobre a seca na região Nordeste – O Globo