No livro “Lições do Velho Professor”, lançado em 2013, está escrito que “um jovem educador pode nos ensinar muitas coisas, mas o velho professor é aquele que oferece as iguarias”. É esse “conhecimento com sabor, sabedoria temperada com experiência de vida, humor e uma pitada de livre pensar” que oferecemos em um banquete para quem se dedica à educação. O “olhar crepuscular” para a trajetória vivida mostra Rubem Alves terno e amoroso, no áudio do Em Pauta NET Educação.Educador, psicanalista, escritor e professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rubem nasceu em Boa Esperança, sul de Minas Gerais, em 1933. O pai fora muito rico, mas perdeu tudo e o menino foi, então, morar numa velha fazenda onde conviveu com cavalos, vacas, galinhas e criava os próprios brinquedos.
No entanto, como “ostra feliz não faz pérola”, aos 12 anos de idade, Rubem vai morar no Rio de Janeiro. Lá estuda em um dos melhores colégios, mas vive a rejeição dos amigos, que zombam de seu sotaque carregado. Ali ele aprende o que é a chacota e a tristeza. É do isolamento e da tristeza que nasce a percepção do que é o sofrimento de uma criança e faz brotar a semente do futuro educador.
Nesse áudio especial, Rubem Alves fala da importância da afetividade no despertar da inteligência da criança e defende o “professor de espantos”, aquele que acorda o estudante para a curiosidade, já que é esta “coceira que dá nas ideias” o que fascina e desperta a vontade de aprender. Para o educador, o professor não é o que dá as respostas, mas aquele que faz as perguntas e estimula os alunos a procurarem as respostas.
Na sequência, o “velho professor” defende a escutatória, termo que criou para lembrar que é preciso exercitar melhor nossos ouvidos; lembra ainda a importância da música e do prazer de ler. Segundo ele, a musicalidade é capaz de despertar o amor pela leitura. Ainda no áudio, o escritor aponta a diferença entre escolas que são gaiolas e aquelas que são asas.
A conversa com Rubem Alves aconteceu em Campinas (SP), no recém-inaugurado instituto que leva o seu nome, criado para divulgar e preservar o pensamento e a obra do autor e educador.
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Créditos: as músicas utilizadas nessa reportagem, por ordem de entrada no áudio, são: “Fala” (João Ricardo / Luli), com Secos e Molhados, “Quem sabe isso quer dizer amor” (Lô Borges / Márcio Borges), com Lô Borges, “Coração Civil” (Fernando Brant / Milton Nascimento), com Milton Nascimento. Os textos utilizados foram extraídos do livro “Do Amor à Beleza”.