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O livro “Caminhos cruzados”, de Erico Verissimo, pode ser considerado inovador para a época. Segundo a mestra em literatura e crítica literária pela PUC-SP, Beatriz Badim de Campos, entrevistada neste podcast, o autor tocou em assuntos difíceis para a época em que a publicação foi lançada: 1935. “Caminhos Cruzados é o primeiro livro de um autor brasileiro que trata de relacionamento de duas pessoas do mesmo sexo, por exemplo”.

Para Campos, que escreveu “Caminhos cruzados e um lugar ao sol: O projeto literário de Erico Verissimo”, em que discorre sobre a posição do escritor no contexto do neorrealismo dos anos 30, o autor não se encaixa de forma própria em nenhuma escola literária. “Ele fica meio à margem. Alguns críticos o consideram como regional, outros como um escritor que faz realismo social”, aponta.

Beatriz entrou em contato com a obra de Erico Verissimo na graduação em letras (crédito: Marcelo Abud)

 

Segundo a mestra, a publicação, que integra a lista do vestibular da Unicamp, tem três aspectos que costumam ser solicitados nos exames: “O primeiro é entender como era a construção das metrópoles dos anos 1930, o segundo são os temas que eram caros à época, e são até hoje, e o terceiro é a criação, que difere dos livros do período”.

Na entrevista, a mestra destaca ainda que é comum os vestibulares solicitarem relações dos temas da obra com discussões atuais, como a situação das minorias e a questão de gênero. “Esse é o grande engajamento do Erico Verissimo. É com o humano, com os assuntos do cotidiano”, conclui.

Verissimo se autointitulava contador de histórias. Com linguagem acessível, em “Caminhos cruzados”, ele apresenta personagens que se aproximam de figuras humanas comuns em qualquer cidade. No romance, o convívio se dá em Porto Alegre, cenário da crise social que envolve desde a ingenuidade dos novos ricos até o drama dos desempregados. “Ele aborda a miséria social nas grandes metrópoles, as mazelas burguesas, a corrupção da engrenagem social, a falência dos valores morais e éticos em detrimento de benesses políticas, por exemplo, de uma forma a não propor soluções ou defender um único ponto de vista, mas de refletir esses temas no espaço democrático do romance”, afirma Campos.

Créditos:
As músicas utilizadas na edição do áudio, por ordem de entrada são: “Carnaval de Veneza” (Niccolò Paganini), interpretada por Salvatore Accardo, e as composições de Noel Rosa: “O orvalho vem caindo” (parceria com Kid Pepe), “Com que roupa?” “São coisas nossas”, “Mulato Bamba”, “Não tem tradução”.

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