Tadeu Jungle durante filmagem do documentário
Rio de Lama (Crédito: arquivo pessoal)
Viver uma experiência de imersão total em um ambiente. Essa é a promessa da realidade virtual, tecnologia utilizada no filme Rio de Lama, para contar a história de Bento Rodrigues, a vila que foi engolida pela lama que vazou da barragem da Samarco.
Quem já assistiu ao filme diz que a vivência é impressionante. Usando óculos especiais, o espectador é transportado para o cenário da tragédia e tem uma visão em 360 graus do local. Ali relatos dos moradores se contrapõem às imagens da terra arrasada pela lama. “Você vê as memórias que as pessoas tinham daquele local confrontadas com o nada”, conta Jungle.
Para o diretor, a realidade virtual nos permite estar no lugar do outro. Ele cita o cineasta Chris Milk, para quem o “Cinema é um mecanismo de empatia e isso permite sentir compaixão por pessoas que são muito diferentes de nós em mundos que estão muito distantes do nosso. Realidade virtual leva essa ideia a um nível inteiramente novo.”
A imersão que a tecnologia proporciona tem para Jungle um grande potencial de aprendizagem. Ele acredita que as cenas e os relatos reunidos nos nove minutos de documentário possam despertar o questionamento e o debate acerca das questões fundamentais das barragens no Brasil: necessidade, riscos, papel do poder público, impacto da atividade mineradora e da geração de energia.
Confiante neste poder mobilizador da realidade virtual, o diretor prepara o lançamento de outro documentário nos mesmos moldes de “Rio de Lama”. Intitulado “Fogo na floresta”, foi filmado no Alto Xingu e mostra o cotidiano da tribo Waurá, que vive a ameaça dos incêndios na floresta em que habita.

filmagens em realidade virtual (Crédito: arquivo pessoal)