Ouça também em: Ouvir no Claro Música Ouvir no Spotify Ouvir no Google Podcasts Assina RSS de Podcasts

“A habilidade que nossos filhos têm com a tecnologia
é inversamente proporcional à maturidade, discernimento
e experiência de vida que nós temos para oferecer.”

(Alessandra Borelli, especialista em educação digital) 



Alessandra, do Instituto DimiCuida, fala aos pais na palestra “Educação e Cidadania Digital:
Somos todos responsáveis, ora vítimas, ora infratores” (Crédito: divulgação)

 

Os vídeos de desafios vêm ganhando a internet. Beber dois litros de refrigerante, ingerir uma colher de pimenta ou de canela, provar misturas esquisitas são comuns e têm uma legião de fãs, que curtem os vídeos e propõem provas mais complexas e, infelizmente, perigosas.

Não é de hoje que práticas que podem ser fatais ou deixar sequelas fazem parte do dia a dia de adolescentes e jovens em escolas e pátios de condomínios. Porém, com a disseminação de vídeos pela internet, o alcance e o perigo crescem de maneira vertiginosa. Atualmente, crianças têm acesso a esses vídeos, às vezes sem conhecimento de nenhum adulto.

Em busca de aceitação no grupo, expressa pelas curtidas nas redes sociais, alguns youtubers se arriscam ao ingerir produtos tóxicos, corrosivos e que podem, inclusive, provocar asfixia. Também, os conhecidos como “shocking games”, os jogos de asfixia são moda nos Estados Unidos. Por aqui, começaram a se disseminar, por meio da internet, há cerca de dois anos.

De acordo com a advogada e educadora digital Alessandra Borelli, “se de um lado tem uma criança ou adolescente promovendo um vídeo que possa colocar em risco a integridade física, a saúde, a vida de outra pessoa, a gente está falando também de alguém que permitiu que aquele vídeo fosse publicado, alguém que deixou de orientar dentro de casa".  A  especialista acrescenta que todos somos responsáveis quando se trata de menores de idade e isso inclui a responsabilidade do YouTube, que muitas vezes monetariza, ao pagar pelo número de visualizações dos vídeos, o que estimula o youtuber a desafios mais complexos e perigosos. 

Foi um desafio que levou à morte, em 2014, Dimitri Jereissati, um garoto cearense, de 16 anos. Para evitar que histórias como a de seu filho se repitam, o empresário Demétrio Jereissati criou o Instituto DimiCuida, que realiza palestras e produz materiais voltados para a educação e para o esclarecimento de jovens, seus pais e educadores acerca da educação digital.  

O esforço de orientar e proteger crianças e jovens dos perigos dos desafios passa necessariamente pelo diálogo. Conhecer o que os filhos consomem pela internet, assistir aos seus canais favoritos e conversar sobre o que estão vendo é mais eficaz do que proibir o uso das redes sociais. “Dizer para seu filho que ele pode ficar com sequelas pode soar como algo tão ou mais assustador quanto morrer”, afirma Borelli.


Juddy Rogg perdeu o filho de 12 anos, em 2010, em um jogo de asfixia. Para tentar evitar
que outras famílias vivam a tragédia que conheceu, criou o Erik’s Cause, parceiro do
brasileiro Instituto DimiCuida (Crédito: arquivo pessoal)


LINKS
– No site da Nethics – educação digital, há uma série de materiais que podem ser impressos e utilizados com fins pedagógicos
– O Instituto DimiCuida traz mais informações sobre “brincadeiras perigosas” e formas de prevenção

Créditos: no áudio, as músicas utilizadas, por ordem de entrada, são: “Não tenho medo da morte” (Gil), com Gilberto Gil, “Marvin” (Ronald Dunbar/N. Johnson), versão Nando Reis com Titãs, “O mundo é um moinho” (Cartola), com Cazuza.

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Receba NossasNovidades

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.