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 “No conto breve, o autor é capaz de realizar a plenitude de sua intenção,
seja ela qual for. Durante a hora da leitura atenta, a alma do leitor está sob controle do escritor.”

(Edgar Alan Poe, “A filosofia da composição”)

 


Conceição e Carol durante a entrega do 57º
Prêmio Jabuti (Crédito: divulgação)

 

No último mês de dezembro, a equipe do NET Educação foi ao Auditório Ibirapuera em São Paulo (SP) e conferiu livros e autores que fizeram história em 2015 e, por isso, receberam o prêmio Jabuti. Duas vencedoras na categoria “Contos e Crônicas” são entrevistadas para esta edição do podcast, sessão Livro Aberto.

 

Veja também:
– Plano de aula: Contos – autores brasileiros, diversas épocas
– Livros de crônicas: veja 10 opções para relaxar nas férias

 

Conceição Evaristo, segunda colocada na categoria, conquistou o prêmio pelo livro “Olhos d’Água”, em que mantém o foco na condição social da população afro-brasileira, vítima da pobreza e da violência urbana. Para ela, a visibilidade de autores negros no Brasil é ainda muito recente e o Jabuti é uma forma de dirimir preconceitos. Prestes a completar 70 anos e reconhecida internacionalmente, Conceição precisou virar muitas páginas para escrever sua história.

 

Nascida em uma favela de Belo Horizonte (MG), trabalhou desde cedo e concluiu tardiamente seus estudos regulares. Formou-se, então, mestre em Literatura e doutora em Literatura Comparada. Ela ressalta que tudo que escreve é marcado por sua condição: “tanto a escolha temática do texto não-literário como aquilo que eu elejo pra fazer literatura é marcado pela minha experiência, pela minha subjetividade de mulher negra na sociedade brasileira”. A autora, que estreou em 1990 com obras publicadas na série Cadernos Negros, do coletivo Quilombhoje, mostra-se feliz ao perceber que seus textos conseguem “ultrapassar a questão da pele, a questão social e a própria questão de gênero”. 

 

Já a jovem Carol Rodrigues venceu o prêmio com seu livro de estreia “Sem Vista para o Mar – Contos de Fuga”. Ela concorda com Conceição ao ver o conto como um gênero que pode provocar mudança no jeito de pensar e de agir da sociedade. Defende que o estilo, marcado pela concisão, deveria ser mais valorizado em nosso país. Carol acredita, ainda, que o conto latino-americano, com representantes do quilate do argentino Julio Cortázar e do uruguaio Horacio Quiroga, assim como da nossa Clarice Lispector, reúne exemplos de textos intensos e transformadores, que podem ser um potente instrumento político.

 

Na entrevista, a escritora aponta a sonoridade do texto como uma marca que persegue a sua produção e conta que só tomou coragem de escrever um livro quando desafiada em uma oficina literária coordenada pelo escritor Marcelino Freire. A autora elege a estranheza do mundo como o tema que perpassa os contos que escreve.

 

Conceição Evaristo e Carol Rodrigues fazem do conto uma arma de reflexão pessoal, política e social. 

 

LINKS:
– Acompanhe a leitura de Juliana Pereira para o conto Olhos d’Água, de Conceição Evaristo
– Ouça também o episódio com os vencedores da categoria “Adaptação”: Eloar Guazzelli e Klévisson Viana 
– Em outro áudio da seção Livro Aberto, você acompanha como a história do Brasil é retratada por jornalistas vencedores do prêmio Jabuti 

Créditos: as músicas utilizadas no áudio, por ordem de entrada, são “Morena dos Olhos D’água” (Chico Buarque), com MPB4 e Boca Livre, “Linhas Tortas” (Gabriel o Pensador e André Gomes), com Gabriel o Pensador, “Traduzir-se” (Fagner/Ferreira Gullar), com Chico Buarque, “Triunfo” (Emicida) e “Quanto" (Projota).

 
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