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O trabalho de conclusão de curso “Um estudo inicial do uso de HQs na aula de matemática” foi desenvolvida pelo professor Davison Renan Abreu de Sousa para a Faculdade de Matemática da Universidade Federal do Pará (UFPA) e propões a criação de três histórias em quadrinhos para ensinar a disciplina em sala de aula.

Orientado pelo mestre em matemática João Batista do Nascimento, o trabalho do docente propõe uma atividade interdisciplinar para o desenvolvimento de histórias em quadrinhos com finalidade didática.

“Se você quer aplicar essa nossa proposta na escola, você vai desenvolver o conteúdo de matemática junto com o professor de linguagem e o professor de arte, portanto os alunos vão produzir ‘um’ HQ – história em quadrinhos – baseado no seu conteúdo dessas aulas e buscando relacionar com fatos da cultura”, explica.

Matemática e cultura local

Os quadrinhos criados por Sousa abordam conceitos da matemática presentes no dia a dia da escola: sistema de numeração; análise combinatória e teorema de Pitágoras.

“Para criação das HQs, a gente tentou utilizar algum exemplo cultural da nossa região. Então a gente procurou situações culturais na nossa região e tentou encontrar o melhor conteúdo possível que se encaixasse com essas histórias”, explica o professor.

Para o orientador do estudo, as histórias em quadrinhos criadas podem servir como inspiração para docentes incentivarem seus alunos a desenvolverem novas revistinhas que associem a cultura e costumes da comunidade com a matemática.

“O quadrinho precisa de uma história de fundo, ter uma construção textual para envolver na história, não é só a matemática. Com um problema que envolve a comunidade, a escola, o HQ faz essa junção das coisas: o conhecimento matemático ajudando ou intervindo naquele problema”, argumenta Nascimento.

No podcast, Sousa apresenta as três HQs criadas para a pesquisa, materiais que os professores podem baixar para utilização em sala de aula: “Pajé e Curupira”, “Caranguejo” e “Visagem” e suas respectivas orientações.

Clique no botão acima e ouça a entrevista. 

Crédito da imagem: “Um estudo inicial do uso de HQs na aula de matemática” – Davison Renan Abreu de Sousa

Transcrição do Áudio

Música instrumental de Reynaldo Bessa fica de fundo

Davison Sousa:

Os HQs você consegue utilizar na maioria das disciplinas ou dos conteúdos. A gente vai ter muitos exemplos e muitos trabalhos nas áreas de história e geografia, onde são conteúdos mais textuais, a gente consegue trabalhar diversas formas.

E aí quando a gente fala em história em quadrinhos em matemática, as pessoas [falam] assim: “Mas realmente têm história em quadrinhos em matemática?” Tem! Então é algo que está no nosso cotidiano e a gente muitas das vezes nem percebe.

Eu me chamo Davison Sousa, graduando de setor em matemática da UFPA, Universidade Federal do Estado do Pará, e estamos aqui hoje para conversar um pouco sobre as HQs e o ensino de matemática.

Vinheta: Instituto Claro – Educação

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:

O trabalho de conclusão de curso “Um estudo inicial do uso de HQs na aula de matemática” foi desenvolvido por Davison Sousa para obter o título de licenciatura em matemática. O professor criou três revistinhas.

Neste episódio, você vai conhecer esse material e acompanhar algumas possibilidades do uso de HQs em aulas de matemática. Davison conta de onde veio o interesse na criação de histórias em quadrinhos para ensinar.

Davison Sousa:

Os HQs da minha infância foram bastante relevantes em questão de leitura, isso que ficou presente na minha fase de ensino. Porque ela ajuda o aluno no processo cognitivo, né, na criatividade, na autonomia.

A gente pode pegar desde HQs ou quadrinhos já prontos e fazer um recorte por cima ou, por exemplo, Turma da Mônica tem alguns exemplares envolvendo matemática. Então o professor pode sim utilizar esses conteúdos ou criar novos, né?

Marcelo Abud:

Mestre em matemática, João Batista do Nascimento orientou o trabalho de Davison. Em palestra no curso de capacitação digital da Universidade Federal de Santa Maria, do Rio Grande do Sul, o professor falou sobre a proposta para o uso de HQs em aulas de matemática.

João Batista do Nascimento:

Se você quer aplicar essa nossa proposta na escola, você vai desenvolver o conteúdo de matemática junto com o professor de linguagem e o professor de arte, portanto os alunos vão produzir um HQ – história em quadrinhos – baseado no seu conteúdo dessas aulas e buscando relacionar com fatos da cultura. Porque o quadrinho precisa de uma história de fundo, ter uma construção textual, certo, pra envolver na história, não é só a matemática.

Vou fixar um pouco mais aqui. Você vai tratar um tema, como matemática. Depois, esse conhecimento vai ter que ser, de alguma forma, tratado com um problema que envolve a comunidade, a escola, para agora então o HQ fazer essa junção das coisas: o conhecimento matemático ajudando ou intervindo naquele problema.

Davison Sousa:

A proposta que a gente tentou fazer no TCC foi criar três HQs e, dentro dessas historinhas, a gente tenta abordar alguns temas de matemática: sistema de numeração em uma das HQs; na outra HQ, análise combinatória; e, na outra, teorema de Pitágoras.

Pra criação das HQs, a gente tentou utilizar algum exemplo cultural da nossa região. Então a gente procurou situações culturais na nossa região e tentou encontrar o melhor conteúdo possível que se encaixasse com essas histórias. E aí a gente tentou depois só reproduzir nos quadrinhos.

Marcelo Abud:

As três histórias em quadrinhos criadas por Davison Sousa estão disponíveis no texto que acompanha este áudio, no site do Instituto Claro. Os professores podem acessá-las e utilizar esse material como inspiração para criar novas HQs envolvendo a cultura e os costumes da comunidade. Como exemplo, Davison conta como relacionou conteúdos da matemática com a cultura do Pará.

Davison Sousa:

Uma das HQs que a gente intitulou como “Curupira e Pajé”, a gente baseou a história dela em uma peça do teatro do grupo que tem aqui na cidade, chamado Embuste. E nessa história, ele vai abordando a questão do curupira e do caçador. O curupira ali que, vamos dizer, amaldiçoa, entre aspas, o caçador e, pra ele se livrar desse curupira, ele encontra um pajé, e ele ensina ele a dar nós em uma corda.

E aí, quando a gente observa essa historinha, a gente consegue trabalhar o conteúdo do sistema de numeração. Nós temos ali as casas das unidades, as casas das dezenas, das centenas. Porque, de acordo com a história, a cada nó que você vai dando na corda, uma corda vale um, o segundo nó na corda vai valer dez, o terceiro nó na corda vai valer 100, e assim por diante.

Marcelo Abud:

A segunda HQ tem o título de “Visagem” e utiliza uma das lendas urbanas de Belém do Pará: a da “Moça do táxi”.

Davison Sousa:

É uma moça que faleceu, e toda vez, no dia do seu aniversário, ela pegava um táxi em frente ao cemitério no qual ela foi enterrada e dava uma viagem pelos principais pontos turísticos da cidade, visto que ela gostava de fazer essas viagens na época em que ela era viva.

No final da viagem, o motorista cobrava, ela pedia para ele cobrar lá no endereço tal. E quando o motorista chegava lá, não conseguiam entender quem era, até que ele vê uma foto de alguém na parede e falava que era aquela pessoa.

E aí retornavam falando que era impossível, porque aquela pessoa estava morta. E aí, com esse tema, a gente faz um pouco de análise em questão de combinatória, de possíveis caminhos que ela pode fazer durante a viagem. Então a gente tenta, nas HQs, combinar, né, as histórias e as lendas urbanas de nossa região e procurar o melhor conteúdo que a gente possa abordar nela.

Marcelo Abud:

O teorema de Pitágoras é o pano de fundo da terceira HQ pensada para ensinar um conceito matemático a partir de uma situação típica da região em que Davison mora.

Davison Sousa:

E a gente trabalhou um problema que ocorre aqui em uma das nossas cidades do estado, que é Abaetetuba, no qual a gente tem aquela questão da travessia de caranguejos de um lado da cidade para o outro, né, porque foi construída uma pista justamente na parte que eles fazem travessia, né, de um mangue para o outro; muitos caranguejos são atropelados. Então a gente acaba utilizando o teorema de Pitágoras para exemplificar esse assunto.

Só que a gente também quis trabalhar a questão de sempre fazer uma travessia que seria transversal, então a gente tenta com essa HQ também educar a questão de travessias de rua, né?

A gente faz um desenho do triângulo na HQ, explica a menor distância entre dois pontos, que seria uma reta, mas, em algumas situações, a gente também pode mudar esse caminho. E aí a gente consegue fazer que o aluno calcule os três lados do triângulo utilizando o teorema de Pitágoras.

Música de Reynaldo Bessa, instrumental, fica de fundo

Marcelo Abud:

As histórias em quadrinhos criadas por Davison Sousa servem de apoio para fixar importantes conteúdos de matemática ou para inspirar a criação de outras histórias a partir da matéria que estiver sendo estudada pela turma.

Marcelo Abud para o podcast de educação do Instituto Claro.

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