(Leandro Karnal)
No áudio, ele destaca a fala reflexiva de Hamlet. O personagem tem longos monólogos e muitos versos que antecedem as suas ações. Karnal o considera um “anti-facebook”, já que busca a essência e a honestidade de seus atos, o que é muito diferente da rede social em que se busca curtidas “para a vida que não se tem” – relacionando o Facebook a uma construção de aparências.
O historiador chama a atenção para a importância de trazer os clássicos para a sala de aula e para o papel do professor como mediador dessas leituras. Elas não são fáceis como os best sellers, mas são leituras desafiadoras que provocam a reflexão e nos tornam pessoas melhores. Karnal teve contato com a obra de William Shakespeare, ainda no ensino médio, por recomendação de um professor de história, e voltou a ela várias vezes: “há seis anos morreu meu pai e eu vivi a experiência de ser um órfão, exatamente como Hamlet, e finalmente a peça adquiriu um sentido totalmente novo, porque agora eu estava numa situação similar da dor de perder a identidade paterna”.
Também, Karnal considera o domínio dos clássicos como Macbeth, Rei Lear ou Ricardo III fundamentais à formação dos professores, já que permitem a reflexão e a ampliação de sua visão de mundo. E a partir disso será possível abordá-las com os alunos de hoje, que vivem imersos num cotidiano de muita informação e pouca reflexão. “Saber dosar literatura e conhecimento para os alunos é essencial”, completa ele.
Hamlet (Crédito: reprodução)
LINKS:
– Assista a uma palestra completa de Leandro Karnal sobre Hamlet
– A versão da obra, em domínio público, pode ser acessada aqui
Créditos: as músicas utilizadas no áudio, por ordem de entrada, são “Fala” (João Ricardo / Luli), com Secos e Molhados, “Mente”, com Zabomba e Ney Matogrosso, e “Livros” (Caetano Veloso).