Até os anos 90, a publicidade infantil era conhecida por não ter limites. Na programação voltada às crianças na TV aberta e nos meios impressos a presença de mídia era massiva, com suas mensagens direcionadas a esse público, o que criou uma geração de consumidores mirins. Este cenário mudou e a legislação se tornou mais dura perante a publicidade infantil. Mas o que era mais fácil controlar nos meios offline, agora está muito mais disperso na internet. Como barrar o contato de crianças e adolescentes com a publicidade online?

Este é o tema da edição de abril do Panorama Setorial da Internet, publicação do CETIC.br que explora temas relacionados ao acesso e uso das tecnologias em diferentes setores da sociedade. Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2013, também produzida pelo CETIC, 75% dos indivíduos de 10 a 15 anos estão conectados, um número 24% maior do que o resto da população, o que aumenta a preocupação com o que circula na rede.

Especialistas ouvidos pela publicação defendem que crianças de até 12 anos não têm o olhar crítico de um adulto sobre a publicidade e podem acabar facilmente influenciadas. Dos usuários de internet entre 9 e 17 anos, 79% possuem perfis em redes sociais, meios onde a publicidade é altamente divulgada, o que torna difícil bloquear a chegada desses conteúdos nos jovens.

Segundo a publicação, a influência de todo esse bombardeio midíatico já pode ser sentida. Em 2013, 29% dos usuários de internet entre 9 e 17 anos que tiveram contato com uma propaganda chegaram a pedir o produto a seus pais. Renato Godoy, jornalista, sociólogo e pesquisador do Instituto Alana, diz, no artigo, que “são inúmeros impactos [da publicidade infantil] que vão desde o aumento do consumismo, a formação de valores materialistas, de uma primazia do ter sobre o ser, passando até por consequências fisiológicas como, por exemplo, a obesidade infantil”.

Em março de 2014, o assunto ganhou atenção com a aprovação da Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que define como abusiva toda a comunicação mercadológica que procura persuadir esses jovens ao consumo por meio de trilhas sonoras infantis, personagens e pessoas ou celebridades do meio infantil. Mesmo assim, quando se trata da abrangência da internet, este público não está livre da publicidade.

Mas como fazer com que crianças e adolescentes sofram o mínimo impacto?

A publicidade está na rede e não é possível barrar seu alcance aos jovens, mas pais e professores têm um papel fundamental no dia-a-dia de crianças e adolescentes para que os impactos da mídia nesse público sejam os menores possíveis.

Para os professores, uma das principais maneiras de tentar minimizar este impacto é incluindo em suas aulas conversas sobre a publicidade e sua função na sociedade. A ideia é que se incentive o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos perante os conteúdos. Uma opção é separar campanhas publicitárias bem conhecidas e fazer com que os alunos as analisem criticamente, como a linguagem e o público alvo.

Já os pais podem fazer a sua parte participando ativamente da vida dos filhos online. Não é necessária uma intervenção nas atividades que os jovens fazem na rede e nem a proibição do seu uso, mas uma conversa sobre os conteúdos que lá estão é importante. Além disso, caso a criança comente sobre um produto visto em uma publicidade, é importante entender onde essa propaganda foi vista e, se o pai sentir que o conteúdo está infringindo a lei, é possível denunciá-lo nas próprias redes sociais.

Quer saber mais? Leia a publicação, na íntegra, aqui!

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