Conteúdos

Este plano de aula de educação física aborda os aspectos conceituais a respeito da lógica interna dos esportes de campo e taco, relacionando conhecimentos acerca dos esportes a conceitos e procedimentos específicos.

  • Aspectos conceituais a respeito da lógica interna dos esportes de campo e taco.

Objetivos

Ao final desta aula, espera-se que os e as estudantes compreendam o que são esportes de campo e taco, relacionando os conceitos e procedimentos específicos desses tipos de esportes, com base no diálogo e na leitura intersubjetiva do conceito, bem como na dimensão procedimental, por meio da vivência do jogo base 4.

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Classificação dos esportes

Esportes técnico-combinatórios: da ginástica ao skate

Palavras-chave:

Esportes de campo e taco. Esporte escolar.

Previsão para aplicação:

2 aulas (50 min./aula).
Aplicação presencial.

Materiais necessários:

– Uma bola que possa ser chutada, e que não seja muito pesada e nem muito leve. Ex.: uma bola de vôlei mais velha.
– Fita para demarcar as bases.
– Coletes para dividir as equipes.
– Pranchetas e folhas sulfite.

Proposta de trabalho:

Serão apresentados conhecimentos básicos a respeito dos esportes de campo e taco, podendo ser aplicados com estudantes do Ensino Fundamental II, mas também com estudantes de outras idades, considerando ser esta proposta uma introdução ao universo dos esportes de campo e taco. É uma proposta adequada para quando se está ensinando a classificação generalizada dos esportes, ou para o início do trabalho com esportes de campo e taco. A sequência deste plano pode ser dada por meio do aprofundamento em modalidades específicas (beisebol e softbol, por exemplo). Será proposta a vivência de um jogo desportivo que tem como estrutura a lógica interna equivalente aos esportes de campo e taco. Esperamos que este plano colabore com sua prática docente.

1ª Etapa: Roda de diálogo - apresentação da lógica interna dos esportes de campo e taco

– Apresente o conteúdo abaixo aos/às estudantes, de forma expositiva e dialogada. Pode-se imprimir o texto, para que façam uma leitura subjetiva (cada pessoa lê seu texto, destacando partes que chamam a atenção). Na sequência, façam uma leitura intersubjetiva, pedindo aos/às estudantes que apresentem os destaques ou comentários sobre o texto, explicando o motivo de tê-los destacado. De preferência, a leitura individual deve ser feita em casa, mas, se não for possível, dê de cinco a dez minutos para que cada um/a faça sua leitura. É importante oportunizar o espaço de fala a todas as pessoas, dando prioridade àqueles/as que falam menos. Para isso acontecer, muitas vezes as pessoas precisam tomar coragem para falar publicamente, então procure deixar intervalos de silêncio antes de encerrar as inscrições de fala. Você poderá levar elementos e conduzir a discussão por meio de sugestões como:

▪ Gostaria de ouvir o que vocês entenderam sobre o que é lógica interna e como ela funciona nos esportes de campo e taco;
▪ Gostaria de ouvir se vocês reconhecem esses esportes em atividades que vocês já praticaram ou se já acompanharam de perto algum esporte específico com essa mesma lógica;
▪ Por meio da leitura deste texto, como vocês acham que um esporte como esse é jogado?

A classificação dos esportes , segundo alguns autores (GONZÁLEZ; BRACHT, 2012), nos fornece elementos sobre a lógica interna das modalidades, a fim de agrupá-las de forma que facilite a aprendizagem. A lógica interna dos esportes “trata-se dos aspectos peculiares de uma modalidade que exigem aos jogadores atuarem de um jeito específico (desde o ponto de vista do movimento realizado) durante sua prática” (GONZÁLEZ; BRACHT, 2012, p. 18). Em outras palavras, a lógica interna de um esporte é a soma de todas as informações que precisamos ter para conseguir praticá-lo. Quando falamos de modalidades que possuem a mesma lógica interna, isso significa que é possível que o que aprendemos em uma modalidade seja transferível para a outra da mesma classificação.

As informações anteriores dizem respeito a um conhecimento básico para quando queremos aprender sobre os esportes, que busca englobar todas as modalidades existentes, tal como vimos no plano de aula de esportes técnicos-combinatórios e nos outros planos de classificação geral dispostos na plataforma (invasão, rede divisória e de combate).

Nesse sentido, os esportes de campo e taco correspondem a modalidades com interação entre adversários, ou seja, as ações de um/a adversário/a interferem diretamente sobre as ações do/a outro/a jogador/a (como no futebol, por exemplo).

Esportes de campo e taco – são aquelas modalidades que têm como objetivo rebater a bola o mais longe possível para tentar percorrer o maior número de vezes as bases (ou a maior distância entre as bases) e, assim, somar pontos. No Brasil, em geral, esses esportes são pouco conhecidos, entretanto tem um jogo muito popular derivado de um deles: o bets, tacobol, ou simplesmente jogo de taco, que nos ajuda a entender como essas modalidades funcionam (GONZÁLEZ; BRACHT, 2012, p. 25).

Nesse tipo de esporte, as equipes atacam e defendem alternadamente, ou seja, cada equipe tem a sua vez de atacar e defender. Um ataque sempre começa quando um rebatedor consegue bater com um taco (ou outro instrumento) na bola arremessada pelo jogador adversário, tentando mandá-la o mais longe possível dentro do campo de jogo para atrasar a devolução da bola por parte da defesa e, então, percorrer a distância necessária para marcar pontos. Em várias dessas modalidades (não é o caso do críquete), se o rebatedor não conseguir completar o percurso na mesma jogada, ele para em lugares intermediários (bases) e um novo rebatedor entra na partida. O rebatedor anterior se transforma num corredor e segue tentando completar o percurso entre todas as bases. Uma das diferenças dos esportes de campo e taco para os outros tipos de esportes é que a equipe de defesa sempre começa a partida com a posse da bola. Antes de começar, os defensores se distribuem no campo de jogo tentando cobrir os espaços onde a bola pode cair depois de ser rebatida pelo adversário. Quando a bola está em jogo, os defensores tentam, por meio de passes, demorar o menor tempo possível para levar a bola até setores do campo que impedem os adversários de marcar ou continuar marcando pontos (ou em setores que levem à eliminação dos corredores). Entre outras modalidades deste tipo de esportes, podemos destacar o beisebol, brännboll, críquete, lapta, pesapallo, rounders, softbol (GONZÁLEZ; BRACHT, 2012, p. 25).

– Passados dez minutos de debate, reúna com os/as estudantes as informações centrais sobre a lógica interna, para que possam levar essa compreensão para a prática que virá a seguir.
• Elementos centrais a serem enumerados junto com os/as estudantes – forneça elementos para que cheguem juntos a essas conclusões, mas evite dar a resposta diretamente:
▪ Como a partida começa: os/as jogadores/as da equipe que começam defendendo devem, considerando uma estratégia já combinada, se espalhar pelo campo de jogo. Arremessador/a se posiciona à frente do/a primeiro/a rebatedor/a.
▪ Equipes defendem e atacam de forma alternada.
▪ Ações do ataque: rebater um objeto o mais longe possível, para depois percorrer as bases.
▪ Ações da defesa: se movimenta por todo o campo para buscar o objeto após a rebatida, a fim de evitar a progressão do ataque. Aquele/a que recuperar o objeto deve lançar, ou correr até conseguir parar a ação do/a atacante ou eliminá-lo/a.
▪ Como ganhar a partida: durante o ataque, os/as jogadores/as da equipe deverão percorrer todo o trajeto delimitado pelas bases para marcar pontos, que serão somados ao final da partida. Quem fizer mais pontos, vence a partida.

2ª Etapa: Vivência do "base 4"

Esse jogo é estruturado na lógica dos esportes de campo e taco, porém de forma mais simplificada do que, por exemplo, o beisebol, e mais complexa do que o jogo de bets. Sendo assim, corresponde a um nível intermediário, que não exige experiência anterior com qualquer modalidade, mas que também é desafiador para o grupo que joga junto, tendo que bolar uma boa estratégia de defesa e ataque.

Preparação: a quadra deverá ser dividida, formando um losango que representará o campo do jogo. Em cada extremidade desse losango haverá um quadrado no chão, marcado com fita, formando as bases – não é preciso demarcar as linhas do losango, apenas as bases. Há também uma base demarcada no centro do losango, de frente para a primeira base, em uma distância que seja adequada para rebater a bola – essa distância pode variar de acordo com o tamanho da quadra, o tipo de bola ou a facilidade dos/as estudantes para realizar a rebatida. Procure deixar uma distância que não seja muito fácil e nem muito difícil para lançar e rebater.
Monte o campo de jogo como mostra o desenho abaixo:

Como jogar:

  • Divida as equipes e decida quem começará defendendo e quem começará atacando;
  • Dê um tempo (10 minutos) para as equipes decidirem a estratégia de jogo. Ofereça a cada equipe uma prancheta com folhas sulfite, para que anotem as estratégias decididas em conjunto. Por exemplo: como a defesa vai se posicionar em campo, qual a ordem de rebatedores/as do ataque etc.
  • Peça às pessoas que se posicionem conforme planejado dentro das equipes e diga aos/as estudantes que a rebatida será feita com os pés e o arremesso pode ser rolando ou quicando a bola no chão. Delimite um espaço fora do campo de jogo, para que os/as atacantes fiquem no aguardo para rebater (ex.: pontinhos vermelhos da figura que estão enfileirados).
  • Com todas as pessoas posicionadas e ao dar início à partida, o/a arremessador/a deve lançar a bola rasteira ou quicando na direção da base 1, de tal maneira que o lançamento, para ser válido, não seja mais alto que a altura do quadril de quem for rebater e nem mais longe do que pouco mais de um metro para os lados da base. Tudo isso é conferido pelo árbitro/a da partida, podendo ser o/a professor/a ou algum/a estudante voluntário/a. Essas condições servem para estabelecer um parâmetro de arremesso que seja possível de ser rebatido. O arremesso deverá ser repetido caso alguma tentativa seja feita fora desses parâmetros, dificultando de forma inadequada a rebatida. O/a arremessador/a ainda pode dificultar a rebatida, imprimindo ou retirando velocidade do arremesso ou, ainda, adicionando algum efeito de curva na bola etc.
  • A função de arbitragem e de arremessador/a podem ser trocadas durante a partida. Procure combinar de antemão essas trocas.
  • O/a rebatedor/a deve rebater a bola com um dos pés e tentar percorrer todas as bases do campo antes que o outro time apanhe a bola e a encoste em seu corpo, ou chegue primeiro à base que o/a rebatedor/a corre para alcançar. Ambas as ações eliminam o/a atacante.
  • Contabiliza-se um ponto para cada atacante que passar por todas as bases e voltar à primeira delas. Essa pessoa aguarda do lado de fora a vez dos/as colegas de equipe. Sugira às pessoas que sigam pensando as estratégias de jogo, pois ainda há tempo para alterações e ainda haverá outra chance para todo mundo correr novamente.
  • A defesa, a fim de parar o/a atacante corredor/a, deverá então pegar a bola para queimá-lo/a – combine com eles/as se na regra vale encostar ou pode arremessar de longe a bola, como se fosse queimar o/a corredor/a – ou levar a bola até a base cujo atacante está correndo para alcançar –, com a bola em mãos, o/a defensor/a deve chegar primeiro que o/a atacante, para valer a eliminação. Não há eliminação quando a bola não encosta no/a corredor/a, quando um/a defensor/a chega com a bola em uma base que não seja aquela que o/a corredor está claramente buscando alcançar ao percorrê-las e quando realizam alguma das ações de eliminação, mas o/a atacante está com ao menos um dos pés dentro de uma das bases ficando, assim, protegido/a de qualquer ação eliminatória da equipe adversária.
  • O/a rebatedor/a tem três tentativas para realizar uma rebatida válida, que dá a possibilidade de correr para as bases. Ao ser rebatida, a bola não pode ir para trás da linha imaginária que delimita o campo de jogo (linhas azuis no desenho), configurando uma rebatida inválida. Não é considerado rebatida inválida se a bola for arremessada nos parâmetros válidos descritos acima e passar pelo/a rebatedor sem que ele/a se movimente ou demonstre intenção de rebater, porém, caso seja arremessada adequadamente e o/a rebatedor ameaçar rebater ou tentar rebater e não conseguir lançar para dentro do campo de jogo, soma-se uma chance perdida. Se, após três tentativas, não for obtido sucesso, o/a rebatedor/a perde a vez de percorrer as bases.
  • Ao rebater a bola, o/a jogador/a deverá correr até a primeira base, evitando ser eliminado/a. Ele/a poderá passar pela 1 e seguir até a 2 e, se tiver tempo, até mesmo percorrer todo o trajeto de uma única vez – desde que pise pelo menos com um dos pés em cada uma das bases. Porém, se não der tempo de percorrer mais de uma base, o/a jogador/a fica parado em uma delas e, quando o/a próximo jogador/a rebater, todos/as os/as atacantes paradas/os em alguma base deverão buscar avançar para a base seguinte, até voltar à base inicial (1), marcando, assim, um ponto.
  • Em caso de rebatida bem-sucedida, ao avançar para uma das bases o/a rebatedor/a não pode voltar para a base pela qual já passou tendo, obrigatoriamente, que ir em frente. Quando estiver dentro da base, não poderá ser queimado ou eliminado de forma alguma. Duas pessoas não podem ocupar a mesma base, por isso, ao ver um/a companheiro/a de time vindo em sua direção, o/a atacante deverá correr para alcançar uma próxima base ou marcar um ponto.
  • Quando todos os/as integrantes do time de ataque passarem pelo arremesso, troca-se a função dos times: quem defende passa a atacar para finalizar uma rodada. Dê, novamente, dois ou três minutos para os times se reorganizarem e recomece o jogo. Idealmente, a partida deverá durar duas rodadas, de forma que cada equipe tenha a oportunidade de atacar e defender por duas vezes cada. Após todas as rodadas, somam-se os pontos para anunciar a equipe vencedora.
  • Situações especiais: home run – situação na qual a bola é rebatida de forma indefensável e o/a corredor/a consegue percorrer todas as bases tranquilamente, assim como os/as companheiros/as de equipe parados em alguma das bases intermediárias. Eliminação direta: caso a bola seja rebatida ao alto e algum/a defensor/a consiga segurá-la diretamente, sem que ela toque no chão, o/a rebatedor/a é eliminado imediatamente.

Essas são as regras do base 4. Porém, como este não é um esporte, e sim um jogo desportivo com a estrutura interna dos esportes de campo e taco, é possível que ele seja jogado de diferentes formas, dependendo da região e/ou da experiência prévia das pessoas. As regras podem tranquilamente ser modificadas, e sugerimos que faça alterações no sentido de deixar a prática desafiadora para os/as estudantes, mas que não chegue a gerar frustrações por conta de se tornar uma tarefa muito difícil.

Todo mundo joga junto: na condição de professor/a, é importante que você cuide da organização, do conteúdo e das adaptações necessárias para que a aula aconteça. Entretanto, o apoio dos/as estudantes e o que eles/as têm a dizer é extremamente relevante para que todas as pessoas possam aprender e vivenciar o jogo. Fique atento/a às situações em que algum/a estudante domine os espaços, o tempo e as ações. Dê atenção e feedbacks positivos às pessoas solidárias, respeitosas e que protegem os/as colegas, retirando, assim, o protagonismo de quem agride/ofende ou apresenta uma prática egoísta. Distribua de forma igualitária as funções e as equipes, fazendo com que sejam tão heterogêneas quanto possível. Se houver dificuldades com o andamento do jogo, altere regras. Incentive a solidariedade entre os/as estudantes, para que aqueles/as que têm mais facilidade colaborem com quem precisa de mais apoio. Dê oportunidades para que discutam estratégias de jogo, evitando dar as soluções, mas ajude nos processos de tomada de decisão, visando sempre a qualidade da prática, da convivência e a segurança de todas e todos em primeiro lugar. O valor da vitória deve ser menor do que o do aprendizado e o da qualidade das relações estabelecidas.

3ª Etapa: Diálogo - finalizando a aula

Após o término do jogo, peça às pessoas que se organizem em roda. Deixe que bebam água e baixem as energias aos poucos, pois provavelmente conversarão sobre o que aconteceu no jogo. Proponha que conversem todos e todas juntos/as. Faça a moderação da conversa, como no início, de forma que as pessoas devem se inscrever e, uma a uma, serão chamadas para falar. Vá anotando os nomes, para não esquecer de ninguém. Não chame pela ordem de inscrição apenas, priorize quem falou menos, passando essa pessoa na frente de quem já falou durante a discussão, mas nunca deixe uma fala sem espaço. Se necessário, determine que só serão aceitas mais uma ou duas inscrições, mas não deixe uma pessoa inscrita sem o espaço da fala.

Além dos elementos trazidos espontaneamente pelos/as estudantes, converse sobre o que aprenderam no jogo, sobre como as equipes pensaram as estratégias (peça para que alguém apresente as estratégias escolhidas), sobre o respeito às regras e à arbitragem (especialmente se algum/a estudante ocupou essa função) e dê um feedback positivo sobre as ações e pessoas que foram solidárias, rechaçando publicamente as atitudes violentas, desonestas e desrespeitosas, porém evitando fazer menção a quem as exerceu. Se houver algum conflito, não coloque as partes para falar diretamente. Proteja quem foi vítima, dando a essa pessoa a maior atenção, a escuta e todo o tempo que lhe for necessário para ficar bem.

REFERÊNCIAS
GONZÁLEZ, F. J.; BRACHT, V. Metodologia do ensino dos esportes coletivos. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2012.

Plano de aula elaborado pela professora Milena de Bem Zavanella Freitas
Coordenação Pedagógica: prof.ª Dr.ª Aline Monge

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