A sétima edição do Fórum Globo News teve como tema central a educação. De acordo com a mediadora Mônica Waldvogel, a iniciativa surgiu a partir da repercussão da série Educação Sob Medida, apresentada pelo canal, que traçou, em quatro capítulos, o panorama da educação brasileira, mostrando seus principais problemas e exemplos de projetos bem sucedidos. A discussão foi promovida com o apoio de seis especialistas convidados, unânimes ao reconhecer a importância da figura do professor no processo de ensino aprendizagem.
Questionamentos como “Como conseguimos atrair, manter e estimular os professores já atuantes na rede?” estiveram presentes na fala de Ricardo Paes de Barros, economista e subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República. Barros falou sobre o desafio a longo prazo de atrair cerca de 2 milhões de jovens para a carreira de professor e apontou a importância de ser ter meritocracia em meio à classe. “Os professores precisam ser reconhecidos não só pela questão salarial, mas com investimento em formações, que qualifiquem ainda mais o trabalho em sala de aula”, defendeu.
Para o sociólogo e cientista político Simon Schwartzman, a discussão sobre educação esbarra também no sistema de ensino oferecido. O especialista lançou a indagação: “Por que não se altera o Ensino Médio?”. Schwartzman falou sobre o modelo único de aprendizado oferecido no Brasil, “em que os alunos são obrigados a estudar tudo e não têm a opção de se aproximar das áreas com as quais se identificam, sejam elas humanas, exatas ou biológicas”, declarou. O especialista acredita que o regime “engessado” oferecido no Brasil é um potencializador no distanciamento observado entre os jovens e a escola.
A pedagoga Paula Louzano defende a questão da equidade em meio à educação, e acredita ser este o grande desafio das democracias modernas. “Precisamos garantir a presença de um bom professor em cada sala de aula deste País”, defende a profissional. Para tanto, Louzano acredita ser fundamental que haja o reconhecimento social do professor. “Ser professor não é fácil, nem somente uma questão de vocação. Precisamos valorizar os saberes específicos que a área demanda e investir em formações de qualidade”. A profissional ressaltou que o primeiro contato de um aluno de pedagogia com a escola, por exemplo, acontece somente em seu primeiro dia de trabalho. “Os colocam diante de uma escola real, com alunos reais, sem este profissional sequer ter compartilhado conhecimento com seus colegas de profissão”, criticou Louzano.
O psicólogo e especialista em educação João Batista de Araújo Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, defendeu a criação de uma política pública de valorização ao professor, ao que acrescentou: “enquanto investirmos em políticas educacionais políticas elaboradas por corporações, ligadas às academias e aos sindicatos, ficaremos no mais do mesmo”, finalizou.
Também estiveram presentes os professores Luciano Pessanha, da Escola Municipal Tasso da Oliveira, Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, instituição que sofreu o ataque de um ex aluno em abril deste ano; e o professor Ivan José Nunes Francisco, há 12 anos diretor da Escola Estadual Tomé Francisco da Silva, como exemplo de boa gestão no interior do Pernambuco.