Os ambientes virtuais, tecnologias e games estão proporcionando uma mudança de paradigmas na aprendizagem e modificando espaços para uma educação aberta e em rede. Esses foram alguns dos apontamentos feitos pelo professor do Departamento de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, Aguinaldo de Souza. O professor é um dos autores do artigo “Inovação e Formação na Sociedade Digital”, recentemente publicado em um livro da Universidade Aberta de Portugal.
Em entrevista exclusiva para o NET Educação, ele e a professora Daniela Barros, da Universidade Aberta de Portugal, explicam o impacto dos ambientes virtuais na educação e na relação professor-aluno. Confira abaixo!
NET Educação – Qual a importância dos ambientes virtuais, tecnologias e games no futuro da educação?
Aguinaldo Robinson de Souza – Vão facilitar novas estratégias para aprender e ensinar tanto em contexto presencial como a distância. O que irá acontecer no futuro em relação aos ambientes virtuais tem a sua origem, ou semente, no presente. Decidimos hoje qual será a importância dos ambientes virtuais na aprendizagem por meio do estabelecimento de políticas públicas e privadas na área. Sem a participação ativa da sociedade: estudantes, professores e comunidade em geral, temo que a promessa de que as escolas proporcionem ambientes virtuais siga o mesmo caminho que tiveram os laboratórios didáticos de ciências nas escolas: o esquecimento e desaparecimento.
NET Educação – Vocês afirmam que estamos vivendo uma mudança para uma educação aberta e em rede. O que isso significa?
Daniela Barros – Novas formas de pensar e agir para o processo de ensino e aprendizagem. Ou seja, existem outros cenários de aprendizagem independente da instituição escolar e as tecnologias proporcionam isso. A mudança refere-se às atitudes que temos frente às inovações tecnológicas como, por exemplo, a presença das redes sociais no auxílio à tomada de decisões. Estamos no início de um processo de transformação de atitudes tanto por parte dos docentes como dos estudantes e da maneira como o conhecimento é transmitido em sala de aula. Mas ainda prevalece a presença do giz, do quadro negro e do discurso docente.
NET Educação – Qual o impacto de uma educação aberta e em rede?
Souza – Na forma de aprender, nos objetivos de aprendizagem e nas competências para ensinar. A educação aberta e em rede amplia as relações e as conexões entre conteúdos, cenários e metodologias de aprendizagem no online. O impacto maior é na interação entre professores e estudantes.
NET Educação – O que uma educação aberta e em rede exige?
Daniela – Exige flexibilidade docente, para os processos pedagógicos de ensino e aprendizagem com tecnologias. Uma mudança nos formatos institucionais e inovação com tecnologias. Do ponto de vista tecnológico, exige que tenhamos uma estabilidade de conexão à rede internet e bons ambientes de interação (software) entre professores e estudantes.
NET Educação – O que fazer diante desse novo cenário?
Souza – Inovar e criar sempre, já que é um cenário dinâmico, com movimento próprio, que exige adaptação e flexibilidade. Por exemplo, recentemente uma aluna de doutorado defendeu uma tese sobre a aplicação de um jogo digital sobre o tema “Cinética Química” para alunos de uma escola no Paraná. O que constatamos foi o movimento dos estudantes em buscar outros mecanismos para elaborar as suas respostas sobre conceitos presentes no nosso dia a dia. No entanto, não nos damos conta que podemos buscar novas abordagens em outras áreas do conhecimento, como a química.
NET Educação – Qual o papel dos educadores e dos alunos nesse novo cenário?
Daniela Barros – Interagir, participar e ser autônomo. A palavra-chave neste novo cenário é a participação motivadora e com responsabilidade que deve existir na interação entre educadores e estudantes.