Nem toda redação de vestibular é uma dissertação. Nem todo candidato precisa fazer redação. Nem toda prova tem só uma redação. Mas uma coisa é certa: garantir uma boa nota em competência escrita coloca o estudante em larga vantagem em qualquer processo seletivo.

Para ajudar os vestibulandos, o Estadão.edu traçou o perfil das provas de redação de seis universidades que realizam suas seleções de inverno nas próximas semanas: Unesp, Mackenzie, PUC-SP, Insper, ESPM e a Escola de Administração da FGV. O levantamento indica o gênero textual cobrado por cada banca e traz ainda pequenas análises dos temas abordados nas últimas edições do exame de meio de ano, feitas por professores do Colégio Albert Sabin e dos cursinhos CPV, Oficina do Estudante, Hexag e Cursinho da Poli.

A Unesp mantém a tradição de pedir um texto dissertativo-argumentativo e oferecer em troca um rico material de apoio (a chamada coletânea). No Mackenzie o candidato precisa escrever sobre os aspectos comuns entre os textos e imagens de suporte. A PUC, por sua vez, costuma exigir uma carta ou até mesmo uma narração.

A FGV destaca-se pelo nível de profundidade que a banca demanda do estudante. No Insper, a partir deste ano, o candidato deverá fazer duas redações. E a ESPM dá duas opções de tema para o aluno escolher sobre o qual irá argumentar.

“É preciso estudar redação com o mesmo afinco da preparação para outras matérias”, diz a professora do CPV Daniela Aizenstein. “Para isso, o candidato deve manter-se informado e escrever pelo menos uma redação por semana.”

UNESP
Só faz a redação da Unesp quem passa para a 2ª fase do vestibular. A banca pede um texto dissertativo sobre assuntos atuais e conectados à vida dos alunos. Outro ponto interessante: o tema da redação é abordado ao longo das questões da prova de Linguagens e Códigos, o que confere unidade à avaliação. “A Unesp quer gente pronta para discutir as questões da atualidade”, afirma André Valente (Cursinho da Poli)

– Twitter e Chico
Em 2009, a banca aproveitou o sucesso do Twitter para pedir redação sobre tecnologia e invasão de privacidade. Texto de apoio falava de foto de Chico Buarque com uma mulher casada tirada por um paparazzo

– Filosofia
Pesquisa mostra que brasileiros atribuem situação do País em áreas como educação e violência à falta de valores morais. Em 2010, Unesp cobra redação sobre importância dos valores para a sociedade

– Papel ou digital
Em meio à febre dos tablets, Unesp perguntou em 2011 qual o futuro do livro. “O candidato poderia ser alarmista ou defensor da coexistência entre mídia digital e impressa”, diz Bruna Atalla (Hexag)

MACKENZIE
A banca não costuma dizer claramente o assunto da redação: pede ao candidato uma dissertação sobre aspectos comuns ao material de apoio. “Para melhor entender e trabalhar o tema, o aluno deve antes fazer um resumo ponto a ponto dos argumentos de cada texto ou figura”, recomenda Ivan Perina (Oficina do Estudante). O tamanho do texto também não é informado, embora o limite seja de 40 linhas

– A eterna busca
Quatro textos, quatro jeitos de encarar a procura pela felicidade. A redação de 2009 era para lá de subjetiva. “O aluno deveria associar ideias dos textos ao seu repertório cultural”, diz Bruna Atalla (Hexag)

– Tá com sede?
Em 2010 os textos de apoio falavam sobre escassez e desperdício de água. “O assunto sempre está em evidência e a coletânea fornecia bons elementos para discussão”, diz Ângela Maria Souza (Albert Sabin)

– Poluição
O gerenciamento do lixo urbano foi o tema comum ao material da coletânea de 2011. A banca quis mostrar a importância de Estado e cidadãos assumirem postura mais proativa no combate ao problema

PUC-SP
A prova é temática: todas as disciplinas, mesmo a redação, são baseadas em um mesmo assunto. Primeira dica dos professores: faça antes a parte objetiva, para extrair dados pertinentes para seu texto. Além disso, o próprio material de apoio é rico em informações e imagens. Outra característica básica é que a PUC cobra gêneros textuais diferentes. Pode cair dissertação, narração ou carta argumentativa

– Brasília, 50 anos
Em 2010 a PUC cobrou dos alunos uma dissertação sobre a imagem que o brasileiro tem hoje da capital federal. “Quem fez leitura eficiente da prova teve argumentos de sobra”, diz Bruna Atalla (Hexag)

– Transporte
A cidade onde você mora será incluída no trajeto do trem-bala. Escreva uma carta para o jornal local analisando as vantagens e desvantagens que o projeto trará ao município. Este foi o tema da redação de 2011

FGV
Os professores de redação são unânimes em elogiar a qualidade da prova da Escola de Administração da FGV. Entre os motivos estão a interdisciplinaridade, a conexão dos temas com a futura área de atuação do aluno e o nível de reflexão exigido dos candidatos. Os vestibulandos precisam escrever de 20 a 30 linhas sobre assuntos que envolvem áreas como geografia, história, economia e política. “A banca privilegia quem tem bagagem cultural diferenciada e é capaz de
elaborar reflexões mais amadurecidas”, afirma Daniela Aizenstein (CPV). Atenção: o manual diz que “eventualmente” a coletânea poderá trazer um texto de apoio em inglês, para análise e interpretação dos estudantes

– Janela demográfica
Em 2009 os candidatos tiveram de escrever sobre fatores sociais, culturais e econômicos que explicam a tendência de queda da taxa de natalidade e as mudanças na pirâmide etária brasileira. “O aluno poderia abordar o que os especialistas chamam de janela de oportunidade demográfica”, diz Daniela Aizenstein (CPV)

– Meritocracia
A redação de 2010 se baseava em um trecho de A Ralé Brasileira, livro do sociólogo Jessé Souza. O candidato precisava definir meritocracia e apontar como ela se manifesta no País. “A coletânea era breve, mas a banca instruiu o aluno sobre o que deveria ser abordado”, diz Ivan Perina (Oficina do Estudante)

– Encruzilhada
“Barbárie e humanismo na Europa contemporânea” foi o tema de 2011. A redação tinha dois textos de apoio e pedia ao aluno que escrevesse sobre discriminação racial e a crise do pensamento humanista no continente. “Cabia discutir xenofobia e a resistência a uma sociedade multicultural”, diz Ângela Maria Souza
(Albert Sabin)

INSPER
Atenção, candidato: pela primeira vez o Insper vai pedir duas redações no vestibular. Os textos, em formato dissertativo, deverão ter entre 10 e 30 linhas. O objetivo da mudança é avaliar com mais cuidado a capacidade de expressão escrita dos estudantes. Os temas costumam servir como títulos das provas. “A banca oferece textos curtos ou só o tema, sem coletânea”, avisa Bruna Atalla (Hexag)

– Crítica à TV
Baseada numa tirinha de Calvin, a redação de 2009 cobrava uma reflexão sobre o papel da TV como o “atual ópio do povo”. Na figura, Calvin e Haroldo são hipnotizados pelo aparelho

– Dois lados da solidão
Em 2010 a banca utilizou uma charge e trechos de A Hora da Estrela e Dom Casmurro para ajudar o candidato a escrever sobre “Solidão: perdas ou ganhos”

– Pá-pum
No último exame a banca só deu o tema da redação, “O papel da mídia digital nas sociedades”. “O candidato teve de usar seu conhecimento prévio”, diz Ângela Maria (Albert Sabin)

ESPM
O candidato pode escolher o tema de sua redação entre duas opções. Nos últimos anos, uma das propostas sempre versava sobre aspectos socioeconômicos e as outras alternativas, mais focadas em comportamento, buscavam aproximar o exame do universo jovem. Para Ivan Perina (Oficina do Estudante), o candidato deve escolher um tema com o qual tem familiaridade, sente-se à vontade para abordar. “E o título deve ser criativo”, diz

– Web e China
Em 2010, o primeiro tema era sobre o senso crítico necessário para achar informações confiáveis na web. O segundo tópico abordou a China (sociedade, economia e ambiente)

– Bono e Brasil
Baseado num texto sobre Bono, o primeiro tema falava do apoio do artista a causas sociais e ambientais. Se preferisse, o aluno poderia escrever sobre o Brasil na economia mundial

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